A FORÇA DA ORAÇÃO

Todos já sentimos um certo desânimo, um certo desalento, quando nas nossas orações Deus parece que não nos ouve. Muitas vezes sentimos vontade de desistir, de baixar os braços. Devemos ser perseverantes na oração, rezar sempre, todos os dias, sem desanimar. Devemos fazer uma reflexão sobre a forma como rezamos. Rezamos com humildade, com confiança e fidelidade?

Quando os discípulos pedem a Jesus que os ensine a rezar, Jesus, como sabemos, ensina-lhes o Pai-nosso; mas o seu ensinamento em matéria de oração vai bastante mais longe. Jesus faz-lhes como que uma catequese completa sobre a oração, catequese esta que encontramos dispersa em vários episódios ao longo do Evangelho de S. Lucas. Algumas vezes, o ensinamento de Jesus sobre a oração é feito através de pequenas parábolas. Outras vezes, é através do seu próprio exemplo, que Ele nos mostra como é que devemos rezar, conforme até o local em que nos encontramos.

Assim, algumas vezes, o Evangelho mostra-nos Jesus em oração comunitária, isto é, a rezar com outras pessoas e concretamente na Sinagoga, onde a oração obedecia a determinados rituais; outras vezes, o Evangelho apresenta-nos Jesus a rezar sozinho, em oração pessoal. No entanto, e isto é importante na nossa própria oração, seja em que circunstâncias for, Jesus nunca tenta condicionar ou exigir uma determinada conduta por parte do Pai: recordemos por exemplo a sua oração no Horto das Oliveiras, pouco antes de ser preso para sofrer a sua Paixão e morte: “… se for possível, afasta de Mim este cálice, mas faça-se a Tua vontade e não a Minha…”

Mas o que mais ressalta na oração de Jesus é a sua relação filial de amor com o Pai. O vocábulo com que Jesus se dirige ao Pai e que nós traduzimos apenas por “Pai”, equivale, de facto, ao nosso “Papá” ou “Paizinho” com que as crianças tratam os pais. Assim, quando Jesus reza sozinho, não há sequer um ritual; há uma relação de amor de tal forma intensa que dispensa rituais. Jesus abandona-se com uma confiança absoluta nas mãos do Pai. Quando Jesus diz ao Pai “faça-se a Tua vontade e não a minha” é exatamente isso que Jesus quer dizer, e por isso quando o Pai, nos seus desígnios, entende que não deve livrar Jesus da Paixão e morte na cruz, Jesus aceita a vontade do Pai sem se revoltar.

Infelizmente connosco não é bem assim… Muitas vezes quando rezamos o Pai-nosso, utilizamos realmente as mesmas palavras de Jesus “seja feita a vossa vontade…”; mas de facto, no nosso íntimo, a maior parte das vezes queremos é que Deus faça a nossa vontade e nos conceda aquilo que pedimos… e quando isso não acontece, sentimos um certo desânimo, quando não mesmo uma certa revolta.

E se a vontade de Deus for justamente não nos conceder aquilo que pedimos para que a nossa fé seja posta à prova? E se a vontade de Deus for fazer-nos crescer na fé através do sofrimento e sem que isso signifique menos amor da sua parte?

Santa Teresa de Ávila dizia que a oração deve ser um “falar de amizade com quem sabemos que nos ama”. Pedimos ao senhor que sejamos também nós capazes de transformar a nossa oração numa relação de amor com Deus. Um Deus que nos ama de tal maneira, que nos deu o seu próprio Filho, cujo Corpo e Sangue comungamos.

 

Fonte:

Revista Rosário de Maria

Ano 73| nº 766| fevereiro de 2017

Autor:

Adaptado por Frei José Carlos Vaz Lucas, op

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