5 de agosto de 2021 –quinta-feira da 18ª Semana do Tempo Comum- Primado e comunhão eclesial

  1. O primado, pedra de tropeço? A passagem da profissão de fé e do primado de Pedro, juntamente com os anúncios do messias sofredor, as condições do seguimento de Cristo e a sua transfiguração, constituem o prólogo ao discurso eclesial. No Evangelho de hoje, partindo das perguntas de Jesus aos seus discípulos, distinguimos estas quatro partes: 1ª, Identificação de Jesus pela multidão. 2ª, Profissão de fé de Pedro. 3ª, Primado eclesial do apóstolo. 4ª, Reação deste perante o anúncio por Jesus do messias sofredor.

A confissão de Pedro no texto de Mateus não se limita à messianidade de Jesus, como em Marcos e Lucas, mas chega atá à sua divindade: “Tu és o messias, o Filho de Deus vivo”. Afirmação cristológica que supõe a revelação do Pai, como lhe diz Jesus. Aqui se adianta já a fé pascal dos apóstolos e da comunidade cristã depois da ressurreição do Senhor. A quarta parte, a reação negativa de Pedro, demonstra que a sua fé messiânica e cristológica – assim como a dos seus companheiros – era menos lúcida do que sugeriam as suas palavras.

A terceira parte, o primado eclesial de Pedro, é exclusiva de Mateus. Sendo importante, não é mencionado na passagem paralela dos outros dois sinópticos. Se nestes dois evangelistas o protagonismo absoluto da cena é Cristo, ficando Pedro em lugar secundário como interlocutor oponente, em Mateus, ao contrário, dá-se muito relevo à pessoa de Pedro.

Não podemos ignorar que o texto do primado tem sido polémico na história eclesial e no campo da exegese bíblica e da teologia. Polémica que alcança o seu auge nestas palavras de Jesus: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. O texto tem enorme importância para a fundamentação bíblica e teológica da cátedra de Pedro, o seu primado eclesial e a sua relação com o colégio apostólico dos bispos, assim como as Igrejas dos irmãos separados.

  1. A comunhão eclesial. A pedra angular e o alicerce da Igreja é o próprio Cristo, como diz São Paulo repetidas vezes: por isso não a vencerá o poder do inferno, ou “portas de Hades” segundo o original grego, como personificação aqui da morte e do mal. Não obstante, por disposição de Jesus, o alicerce visível da permanência e comunhão eclesiais é a cátedra de Pedro, o seu vigário, na colegialidade com os bispos, sucessores dos apóstolos.

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