3 de agosto de 2021 –terça-feira da 18ª Semana do Tempo Comum- Jesus caminha sobre a água, e Pedro com ele.

Três níveis de leitura. O episódio de hoje, Jesus caminhando sobre as águas encrespadas, dissipando os temores e suscitando a fé dos seus discípulos, vem imediatamente a seguir à multiplicação dos pães, que vimos ontem. Também é relatado por Marcos e João; mas é Mateus que apresenta uma maior elaboração narrativa e uma intenção teológica mais evidente. Para entender a cena em todo o seu alcance convém fazer estes três níveis de leitura: 1º, O ato em si, com o seu valor fáctico extraordinário, 2º, A teofania ou manifestação divina, subjacente no mesmo; e 3º, O significado eclesial que contém.

A linha narrativa do ato é simples: Depois da multiplicação dos pães, Jesus obrigou os seus discípulos a embarcar para a outra margem do lago Tiberíades, enquanto ele se retirava para o monte para orar. Bem entrada já a noite, o barco ia já longe de terra, agitado por ventos de tempestade. Subitamente se lhes apresenta Jesus caminhando sobre as ondas, o que suscita o medo dos discípulos, pensando que era um fantasma. Mas Jesus diz-lhes: ânimo, sou eu, não temais!

Então o apóstolo Pedro replica-lhe: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas. Assim o fez, mas ao sentir a força do vento, ficou com medo e começou a afundar-se, enquanto gritava: Senhor, salva-me. Jesus estendeu a mão, agarrou-o e disse-lhe: Que pouca fé! Porque duvidaste? Assim que subiram para o barco amainou o vento; e os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus dizendo: Realmente és Filho de Deus.

A cena evangélica ganha profundidade se se vê na linha das teofanias ou manifestações bíblicas de Deus ao revelar-se ao homem. É o segundo nível de leitura. Se na multiplicações dos pães Cristo apareceu perante o povo como o messias esperado, hoje, caminhando sobre o mar e dominando o vento, manifesta-se aos seus discípulos como Deus, conforme eles o reconhecem na versão de Mateus. A Bíblia vê a soberania de Deus no seu domínio sobre os elementos, tal como o demonstra hoje Jesus, que, além disso, pronuncia a fórmula vetero-testamentária de revelação de Javé Deus: Sou eu, não temais.

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