Quase 1.800 celebraram em Faro o dia do fundador do escutismo

Os escuteiros de todos os agrupamentos do Algarve do Corpo Nacional de Escutas (CNE) rumaram no passado sábado a Faro para celebrar o Dia de Baden-Powell (BP), fundador mundial do escutismo, que foi realizado na passagem do seu 160º aniversário natalício, ocorrido no passado dia 22 de fevereiro.

O dia, sob o lema “Ancorados em Maria”, foi, uma vez mais, promovido pela Junta Regional do Algarve do CNE, este ano em colaboração com os agrupamentos da cidade capital algarvia – 98 de Faro, 1172 de São Luís e 1324 da Sé –, e contou com a participação de 1727 elementos (478 Lobitos, 515 Exploradores/Moços, 358 Pioneiros/Marinheiros, 129 Caminheiros/Companheiros e 247 dirigentes) de todos os agrupamentos algarvios.

Este ano, o imaginário da atividade foi o “milagre” atribuído a Santa Maria no século XIII e cantado na célebre cantiga do rei Afonso X de Castela, segundo a qual a imagem de Nossa Senhora teria sido atirada à Ria Formosa pelos árabes que dominavam a cidade, passando a partir daí, a não haver mais sucesso na pesca até ser resgatada das águas.

O Dia de BP acabaria por ficar marcado pelo tempo chuvoso que se verificou no sábado de manhã, durante a qual foi também realizada uma reunião dos sacerdotes, assistentes dos diversos agrupamentos, e as atividades programadas para se realizarem na rua tiveram de ser adaptadas a espaços interiores.

Por outro lado, a estrutura da jornada também foi um pouco diferente do habitual, uma vez que as atividades não foram organizadas (por faixas etárias) segundo as quatro secções – Lobitos (escuteiros entre os 6 e os 10 anos), Exploradores/Moços (escuteiros entre os 10 e os 14 anos), Pioneiros/Marinheiros (escuteiros dos 14 aos 18 anos) e Caminheiros/Companheiros (escuteiros dos 18 aos 22 anos). “Como já realizamos os dias das secções que são vividos assim, e como o Dia de BP é para ser de convívio entre toda a região, optámos por criar equipas verticais”, justificou ao Folha do Domingo a chefe regional-adjunta, Margareta Silva, explicando que as equipas verticais de cada agrupamento participante foram compostas, de forma mista, com elementos das quatro secções.

Assim sendo, foram criados oito jogos, possíveis de ser realizados pelas equipas com elementos dos 6 aos 22 anos, que decorreram no Seminário de São José, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, na Escola Secundária Tomás Cabreira e no salão paroquial de São Luís.

Após terem «recuperado» a «imagem de Santa Maria de Faaron» no Largo da Sé, os escuteiros, «transformados» em «pescadores», constituíram-se em «tripulações» para se fazerem à «faina» a que foram convidados para «ajudar» os habitantes de Faaron a minimizar a fome por que estavam a passar. Sempre que conseguia realizar o jogo proposto, cada «tripulação», identificada por um nome e um símbolo que escolhera, era premiada com «peixes». Ao se cruzarem, as diferentes «tripulações» tinham também de trocar os respetivos símbolos, colando-os no «diário de bordo» de cada uma.

Após o almoço, na mata em torno da Escola Secundária João de Deus, seguiu-se o desfile até à igreja de São Luís para onde a celebração da eucaristia, prevista inicialmente para a Sé, acabou por ser transferida. Pelo caminho, a cidade acabou por ser interpelada, com os moradores e transeuntes a não passarem indiferentes à manifestação pública de quase dois mil escuteiros.

Na eucaristia, presidida pelo bispo do Algarve, a igreja tornou-se pequena para acolher a todos. D. Manuel Quintas, que manifestou a sua “alegria e sentido de gratidão” por aquele movimento católico, destacou que o CNE constitui um “dom”, não apenas para a Igreja diocesana, mas para o Algarve, para além do o ser também para os seus membros e para as suas famílias.

O prelado deixou então um desafio aos escuteiros. “Vamos ser «luz» em todo o Algarve. Vamos «iluminar» o Algarve. Vamos ser esta «luz» forte, através dos gestos de amor, de perdão, de serviço dedicado e gratuito aos outros que é mesmo o vosso distintivo. Se assim fizermos, a «luz» que nós somos «brilhará» e «iluminará» tudo à nossa volta”, exortou, acrescentando também um apelo vocacional. “Se alguém se sentir chamado, não tenhais medo de O seguir porque não seguimos um estranho, mas alguém que nos conhece e que nós também conhecemos”, afirmou.

O chefe nacional do CNE, presente a convite da Junta Regional do Algarve, lembrou aos escuteiros que a sua promessa é vitalícia. “Praticai a boa ação, mas lembrai-vos que a promessa escutista que um dia fizestes é para toda a vida”, afirmou Ivo Faria no final da eucaristia, que acrescentou, em declarações ao Folha do Domingo, importar que os membros do CNE sejam “cada vez, mais amigos de Jesus e uns dos outros” e também que queiram “aderir livremente aos valores e à lei dos escuteiros”. Aquele dirigente justificou ainda a sua primeira vinda ao Algarve como chefe nacional. “Estamos a começar o nosso mandato e temos uma aposta muito clara em estar junto dos escuteiros, das atividades e agrupamentos e nas regiões onde o escutismo verdadeiramente acontece”, explicou.

O chefe regional destacou que o escutismo se assume com “a missão de contribuir para a educação dos jovens”. “O escutismo não existe isoladamente. É parte da comunidade e, como tal, tem de desenvolver o seu trabalho em parceria com outras organizações e instituições, complementando valências e ofertas que possam contribuir para a missão de ajudar os jovens a crescer, atuando desta forma na sua formação como instituição de educação não formal e extraescolar”, afirmou José Cercas Vicente, que apelou ao “desenvolvimento de um CNE mais forte, consciente e conhecedor da sua missão e dos seus valores”.

Aquele dirigente agradeceu ainda ao bispo diocesano “por quanto amado e apoiado o CNE” e a disponibilidade para estar presente, bem como aos sacerdotes presentes, assistentes dos diversos agrupamentos, e de forma particular ao padre António da Rocha pela cedência da igreja para a eucaristia que contou igualmente com a presença da diretora regional da Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves. O chefe Cercas Vicente agradeceu ainda à Câmara de Faro pelo apoio para a realização daquela iniciativa e aos agrupamentos da cidade que a organizaram com a Junta Regional.

Atualmente, o maior movimento escutista em Portugal está presente nas 20 dioceses territoriais e regista um efetivo de 73 mil associados – 59 mil crianças e jovens e 14 mil adultos. O CNE, fundado no dia 27 de maio de 1923 por ação de D. Manuel Vieira de Matos, arcebispo de Braga, conta no Algarve com cerca de 2.410 elementos (cerca de 600 Lobitos, 600 Exploradores/Moços, 500 Pioneiros/Marinheiros, 250 Caminheiros/Companheiros e 397 dirigentes) de 34 agrupamentos (32 mais dois em formação).

 

 

Fonte:https://diocese-algarve.pt/

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