Mensagem Quaresmal 2022 do Bispo do Algarve – D. Manuel Neto Quintas

Felizes os construtores da paz (Mt 5,9)

  1. Iniciamos a Quaresma, este ano marcada pela guerra que o governo da Rússia moveu contra a Ucrânia. Uma guerra que viola os princípios mais elementares reguladores das relações internacionais de povos e nações e de defesa da dignidade da pessoa humana. Uma guerra que provoca em todos nós sentimentos de perplexidade, consternação e desconforto. Perplexidade pelo fato de acontecer no continente europeu, em pleno século XXI; consternação pelo sofrimento

e morte infringidos aos povos envolvidos, particularmente ao povo ucraniano agredido; desconforto pela incapacidade, daqueles que se lhe opõem, em silenciar as armas e impor o seu fim imediato. Uma guerra que confirma a “loucura” e a “insensatez” de todas as guerras e que constitui um verdadeiro retrocesso civilizacional pela destruição e morte que provoca, com consequências, neste momento, ainda imprevisíveis.

 

  1. A Quaresma que estamos a iniciar, com o convite habitual à conversão pessoal e comunitária, rumo à celebração da Páscoa de Cristo, surge como uma oportunidade para revermos o modo como nos situamos, face a todas as formas de agressividade e violência e, simultaneamente, como um incentivo a nos assumirmos como construtores da paz através de um compromisso pessoal permanente. A paz é efetivamente um bem inestimável, a aspiração mais profunda da pessoa, condição essencial para o progresso e o bem-estar, fonte de segurança e de esperança no futuro. Nunca é demais recordar os quatro pilares indicados pelo Papa S. João XXXIII, na sempre atual encíclica Pacen in terris, como condição concreta e essencial para construir a paz e um oportuno instrumento de revisão de vida em tempo quaresmal: a verdade, a justiça, o amor e a liberdade. A palavra paz permanecerá uma sos suficientes mesmo para a vida ordinária e quotidiana, pedindo “uma parte da nossa renúncia quaresmal”. O fato de acolhermos seminaristas desta Diocese no nosso Seminário no ano propedêutico, está a permitir-nos estabelecer laços fraternos mais profundos que, inclusive, podem conduzir a acolher um dos seus sacerdotes na nossa Diocese, já num futuro próximo.

– A Diocese de Baucau também solicitou o nosso apoio para a formação do seu clero…

– A Cáritas diocesana, a par duma campanha lançada pela Cáritas Portuguesa – Cáritas ajuda Ucrânia – dispõe-se a apoiar as famílias ucranianas no Algarve, que acolham familiares em suas casas, participando nas despesas de bens de primeira necessidade, tais como medicamentos, água, luz, gás… Tenhamos presente este ano o nosso apoio à Cáritas diocesana, sobretudo na semana que lhe é dedicada (14 a 21 março), como expressão da nossa proximidade e solidariedade com o

povo ucraniano. Possa este tempo quaresmal unir-nos no caminho da conversão pessoal, presente no compromisso quotidiano da construção duma paz duradoira, através do jejum, da oração e de gestos de misericórdia e de caridade para com todos. Como nos pede o Papa Francisco na sua

Mensagem quaresmal: Não nos cansemos de rezar. Não nos cansemos de extirpar o mal da nossa vida. Não nos cansemos de fazer o bem, através duma operosa caridade para com o próximo. Enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos (cf. Gal 6, 9-10a).

Que o Espírito Santo, dom de Cristo ressuscitado, nos ilumine e fortaleça neste caminho, tornando-nos mensageiros do amor e da misericórdia do Pai. E que Maria, Rainha da paz, obtenha do seu Filho Jesus, o dom da paz para os povos da Rússia e da Ucrânia e para toda a humanidade.

 

Manuel Quintas, Bispo do Algarve

28.02.2022

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