12 de junho de 2022 -Solenidade da Santíssima Trindade

Na Solenidade deste dia, o Senhor não nos convida a compreender este mistério insondável de Um só Deus verdadeira em Três Pessoas distintas. Esperamos na misericórdia de Deus contemplá-lo em toda a esplendorosa beleza na eternidade.

Manifesta-nos duas verdades consoladoras: Deus não é um Ser distante, isolado e incomunicável, mas uma comunhão de Três Pessoas na Verdade e no Amor.

Ao mesmo tempo, revela-nos o prémio que nos aguarda no Céu: Viveremos em comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo para sempre, participando da Sua mesma felicidade.

Antes de recomeçarmos esta caminhada a que a Liturgia chama tempo comum, mostra-nos o prémio, para nos animar a sermos generosos.

 

1. Um só Deus em Três Pessoas

A revelação do mistério da Santíssima foi reservada pela Sabedoria infinita do Senhor Altíssimo para os templos de plenitude do Novo Testamento.

Vivia o Povo de Deus da Antigo Aliança rodeado de povos idolatras que adoravam muitos e falsos deuses. Na Sua infinita pedagogia, achou mais conveniente reservar a revelação desta maravilha para depois a vinda do Filho de Deus Incarnado ao mundo.

Mas este mistério foi sendo insinuado ao longo do Antigo Testamento. Quando Deus, como que em deliberação conjunta decide «Façamos o homem à Nossa Imagem e semelhança» (Gen); quando os homens planeiam construir a Torre de Babel, encontramos uma afirmação semelhante: «Vamos descer até lá para lhes confundir a linguagem, de modo que não entendam a fala uns dos outros»

Mas a revelação plena aparece apenas no Novo Testamento. Na primeira leitura há uma alusão velada à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade,

A Sabedoria de que nos fala o texto da. Sagrada Escritura é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Verbo.

Três Pessoas e um só Deus. «Eis o que diz a Sabedoria de Deus: «O Senhor me criou como primícias da sua actividade, antes das suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui formada, desde o princípio, antes das origens da terra. Antes de existirem os abismos e de brotarem as fontes das águas, já eu tinha sido concebida

Deus revela-Se-nos, não com um Ser incomunicável, indiferente e alheio a tudo o que se passa entre nós — como acontece muitas vezes com aqueles a quem chamamos grandes deste mundo —, mas como uma comunhão de Pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

E como se não bastasse esta maravilha, Ele quer fazer-nos participar nesta comunhão de Vida divina, de Verdade, de Felicidade e de Amor, já na vida da terra — a começar no Baptismo — e a continuar eternamente com a Santíssima Virgem, com os Anjos e os Santos do Céu.

Ele não é um pai que alimenta um desejo vago de que os filhos sejam felizes à sua maneira, mas longe dele. A Santíssima Trindade quer ver-nos sentados à volta da Sua mesa, a comungar da Sua própria felicidade.

E enquanto houver uma cadeira vazia — falando de modo humano — Ele procura com divina impaciência que o filho seja encontrado e a cadeira ocupada.

Para isto se tornar realidade, o Filho não hesitou em dar a Sua vida por nós na Cruz e procura-nos, impaciente, como Bom Pastor.

Com que e delicada generosidade correspondemos a esta “impaciência” divina?

A Um Deus Uno e Trino que nos abre os braços carinhosamente para nos acolher, devemos corresponder com agradecida solicitude.

 

2. A Santíssima Trindade em nós

Deus habita em nós. «Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora.»

Deus está em toda a parte, porque Ele é Imenso. Os Céus e a terra não podem contê-l’O. Que sentido tem então dizer que Deus — o Pai e o Filho e o Espírito Santo — habitam em nós como num Templo?

Uma pessoa pode estar presente numa casa por motivos muito diversos. Pode tratar-se de uma simples visita, sem qualquer relação de amizade, como um funcionário de uma empresa vem fazer uma entrega de uma encomenda; 

Pode tratar-se de uma pessoa amiga que passou por ali e resolveu saudar-nos, para logo se afastar;

Pode dar-se o caso de alguém que, por amizade, veio ali passar uma temporada de férias e depois se retirou para sua casa.

Há a presença de uma pessoa de família que vive ali, com profundos laços de intimidade e que vive numa perfeita comunhão connosco, vivendo a nossa própria vida, com as suas tristezas e alegrias.

Da nossa parte, podemos corresponder com mais amizade, frieza ou indiferença em relação a ela, envolvê-la nos nossos problemas de cada dia ou mantê-la afastada a alheia a eles.

Este último modo pode ajudar-nos a fazer uma aproximação do que significa a habitação de Deus em nós.

Da nossa parte, a comunhão da Santíssima Trindade com os nossos problemas pode ser muito diversa.

Segundo os planos de Deus, a Santíssima Trindade fez de nós a Sua habitação, desde o Baptismo, para começar e fazer crescer a comunhão eterna de Amor em que vamos viver no Céu. Deus quer que a nossa felicidade comece aqui na terra.

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