Sexta-feira da 12ª semana do Tempo Comum (25 de junho de 2021) Se queres, podes limpar-me.

OS MILAGRES DA FÉ

  1. Um diálogo de fé. O evangelista Mateus, depois de apresentar Jesus como doutor e novo legislador no discurso da montanha, mostra-o como curador numa série narrativa de dez milagres, agrupados por tríades que se concluem com uma passagem doutrinal. Assim completa a imagem de Cristo, profeta e homem de Deus, poderoso em obras e palavras.

O evangelho de hoje relata o primeiro milagre da primeira tríade: cura de um leproso. A cena tem lugar “ao descer Jesus da montanha”. Aproximou-se dele o leproso e disse-lhe: Senhor, se queres podes purificar-me. Jesus estendeu a mão e tocou-o, dizendo: Quero, fica purificado! E imediatamente ficou curado da lepra.

Importa destacar que a cura é precedida de um breve diálogo que expressa a fé do agraciado. O leproso, de joelhos diante de Jesus, chama-o “Senhor”, título que a primitiva comunidade cristã deu a Cristo ressuscitado. A fé pascal transvasou-se para a redação evangélica, posterior aos factos narrados. Mas a fé do doente é evidente: Se queres, podes limpar-me. Isto demonstra-nos, uma vez mais, que a fé era condição indispensável para os milagres de Jesus, sobre os quais refletimos noutra ocasião sob a perspetiva libertadora de Deus.

 

  1. Condição prévia. Os milagres, mais que apoiar a fé em Cristo, brotavam da fé prévia nele. Era a fé dos que lhe suplicavam e confiavam no poder de um homem de Deus que suscitava a intervenção extraordinária da energia divina que residia na pessoa, palavra e gestos de Jesus de Nazaré. Contudo, também é certo que, num segundo momento, o milagre vinha confirmar e afiançar essa fé inicial, como anota o evangelista João depois de relatar a conversão da água em vinho nas bodas de Caná: “Jesus manifestou a sua glória e cresceu a fé dos discípulos nele”.

A tal ponto a fé era pressuposto essencial e condição indispensável para os milagres, que onde Jesus não encontrava fé, como sucedeu com os seus conterrâneos de Nazaré, “não podia” fazer nenhum milagre. Uma e outra vez Cristo repete às pessoas agraciadas por ele com um favor prodigioso: A tua fé te curou, a tua fé te salvou. O apóstolo Pedro foi capaz de caminhar sobre as ondas encrespadas do mar da Galileia enquanto durou a fé; quando duvidou, começou a afundar-se. Em certa ocasião em que os discípulos tentaram curar um endemoninhado do epilético sem o conseguirem, Jesus atribui-o à sua falta de fé, que se tivesse sido como um grão de mostarda teria bastado.

A fé que Cristo requeria como premissa para os seus milagres era uma fé, pelo menos inicial, na sua pessoa como messias enviado por Deus; definitivamente, fé no poder salvador de Deus. Pois os milagres estavam em relação direta com a salvação proclamada pela boa nova do reino de Deus, presente na pessoa e no anúncio de Jesus. Daí a necessidade da fé nele.

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