O pontificado do exemplo

Desde a primeira hora, vemos Francisco a partir ao encontro de todas pessoas, a deixar o centro rumo a periferias, a preferir o caminho à poltrona, o abraço à norma, a fazer acontecer permanentemente o magistério do exemplo.

Um crente e um não crente numa conversa aberta sobre os dois anos do pontificado de Francisco. Um colóquio sem questões, feito de opiniões, de pontos de vista com referenciais diferentes sobre o percurso de cada pessoa, incluindo ou não a experiência crente no quotidiano. Resultado: a afirmação consecutiva de pontos de encontro em torno de gestos e mensagens que o Papa argentino transmite para todo o mundo a partir do Vaticano. E a certeza de que este é o pontificado do exemplo.

Daniel Oliveira e José Tolentino Mendonça foram os atores de um diálogo sem guião. Partilharam pontos de vista, certezas e dúvidas que as surpresas do pontificado do Papa Bergoglio geram em cada dia. Em todas as pessoas. Porque para todas, sejam crentes ou não, as propostas que faz derivam sempre do próprio exemplo.

O pontificado do Papa argentino não pode ser analisado a partir de relatórios externos ou com o olhar voltado para o Palácio Apostólico à espera de pronunciamentos ou sentenças que de lá possam sair após a devida ratificação. Desde a primeira hora, vemos Francisco a partir ao encontro de todas pessoas, a deixar o centro rumo a periferias, a preferir o caminho à poltrona, o abraço à norma, a fazer acontecer permanentemente o magistério do exemplo.

Quando o cardeal argentino emergiu na Praça de S. Pedro, no segundo dia da reunião dos cardeais em conclave, a imagem vista em muitos ecrãs, mesmo nos que estavam na Praça à esperava do anúncio do eleito, mostravam um homem, de costas, a caminhar rumo ao povo. E esse registo repetiu-se, em todos os palcos. Francisco está sempre a sair. Dirige-se a todos, ao bairro de cada crente, às circunstâncias de cada cidadão. E a comunicação que faz é por palavras, sim, mas sobretudo por esse exemplo.

Desde o dia 13 de março de 2013, o Papa chegou a muitos contextos, contagiou pessoas em locais inesperados e provocou transformações em diferentes ambientes e circunstâncias. O seu jeito de propor hoje o Evangelho é eficaz. Sobretudo porque Francisco inaugurou uma nova categoria de cristãos: o “discípulo missionário”. Porque Para Francisco não é suficiente anunciá-Lo. Urge ser testemunha, pelo exemplo.

Dois anos do pontificado provocam também expectativas quando ao alcance de tantos exemplos. Surgem naturalmente interrogações relativas à mudança efetiva, tanto no ambiente do Vaticano como – e sobretudo, diria – nas estruturas locais da Igreja Católica. E com as interrogações a tentação de substituir o exemplo pela norma, dada a aparente eficácia da lei quando comparada com ondas transformadoras que brotam de convicções profundas. Nestas circunstâncias, o desejo de resultados imediatos não pode ser obstáculo à conquista de renovações consolidadas. E essas apenas acontecem pelo exemplo.

Na conversa entre um crente e um não crente, Daniel Oliveira e José Tolentino Mendonça, essa certeza afirma-se exemplarmente…

Autor:

Paulo Rocha

Fonte:

www.ecclesia.pt

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