19 de março de 2015- Solenidade de São José, Esposo da Virgem Santa Maria

Celebramos hoje a festa de S. José, esposo da Virgem Santa Maria. Não poderemos deixar de recordar as suas inúmeras qualidades de homem bom, prudente, ponderado, recto, discreto e fiel à vocação a que foi chamado por Deus.

Saibamos durante esta eucaristia pensar nestas suas capacidades e roguemos ao Senhor a graça de o conseguirmos imitar.

 

A fé de S. José

Nas leituras desta solenidade, aproximamo-nos de dois homens verdadeiramente crentes, Abraão e José, e, por tal motivo, considerados patriarcas, isto é, chefes de grandes famílias, segundo o entendimento dos povos antigos.

Não foi pela lei, mas pela fé, que Abraão estabeleceu a Antiga Aliança com Deus, acreditando na Palavra do Senhor, contra toda a esperança, segundo o entendimento dos homens.

José, por seu lado, perante as realidades que lhe eram apresentadas, sente-se numa solidão profunda e numa encruzilhada, permanecendo em grande escuridão e incerteza.

Era homem justo, como Abraão. Profundamente cumpridor da lei, não queria acreditar naquilo que os seus olhos viam. Todavia, não pretendia acusar ou difamar injustamente aquela que ele tanto amava no íntimo do seu coração. Pondera conscientemente o melhor modo de lhe dar o libelo de repúdio, sem a expor às circunstâncias legais em uso no seu país.

Prudente, paciente e discreto, procura a melhor solução para o seu problema. Deus, até então silencioso, como muitas vezes nos acontece nas grandes vicissitudes da nossa vida, manifesta-Se-lhe por intermédio dum anjo. José, homem com uma fé profunda, não hesita, como outrora Abraão, em cumprir o que lhe era pedido por parte do Senhor.

Garante da descendência de David

Como acontecera com Abraão e também com Maria sua esposa, acede à vontade do Senhor, recebendo-a, com toda a alegria e total compreensão, muito embora talvez não tenha compreendido muito bem os desígnios do Altíssimo.

Com esta atitude torna-se o garante da promessa feita a David por intermédio do profeta Natã: não seria David a construir um templo para Deus, mas seria o próprio Deus a erguer-lhe uma casa, a sua descendência, para permanecer eternamente através do nascimento do Messias, legalmente filho do pobre carpinteiro de Nazaré que, com o seu assentimento, dava cumprimento ao plano de Deus sobre toda a humanidade.

Fiel e prudente

«Este é o servo fiel e prudente que o Senhor constituiu chefe da Sua família», lê-se na antífona de entrada desta celebração.

A prudência deste santo varão e a sua fidelidade, possibilitaram o cumprimento da promessa de Deus à humanidade, a fim de que «a sua descendência permaneça para sempre», como se cantou no salmo de meditação.

Assistimos à atitude de um santo homem que não sentiu desejos de vingança perante a situação de que se apercebera; não julgou precipitadamente; soube calar, prudentemente, no íntimo do seu coração dilacerado a dor que o invadia. Não querendo contar a ninguém o terror que o dominava, passa pela dor mais aguda que se possa imaginar, num silêncio doloroso que lhe inundava a alma.

Mas, à voz do anjo do Senhor, a sua fidelidade vocacional e a sua fé sem limites, sobrepõem-se a tudo o resto. Então, calmamente, recebe Maria e volta ao seu humilde trabalho e ao diálogo sincero e discreto com sua esposa, pois ambos se sentiam fiéis depositários dos segredos do próprio Deus, num compromisso comum e com um destino completamente mudado.

Como a Palavra de Deus é de sempre, a que hoje ouvimos e nos foi confiada leva-nos a reflectir:

Eu, homem casado, chefe de família, como estou a proceder em relação aos meus familiares? Tenho atitudes desabridas, irritáveis, violentas, de incompreensão, perante determinadas atitudes que, sem eu considerar bem, podem ser completamente desnecessárias e até desajustadas? Sei calar-me para ponderar em silêncio, a fim de tomar a atitude mais conveniente? Tento, em minha casa, dar lugar ao diálogo calmo e paciente com todos os que a habitam? Consigo escutar o que têm para me dizer a minha mulher, os meus filhos, os meus parentes e amigos?

Eu, mãe de família, sei ser prudente, recta, fiel e paciente perante tantas e tantas ocasiões que me desconcertam, desanimam e me levam muitas vezes a falar mais do que aquilo que devo? Não julgo apressadamente algumas atitudes, tirando conclusões precipitadas? Deixo espaço para ouvir e conviver com aqueles com quem privo?

Eu, filho, parente, amigo, sacerdote, religioso ou religiosa, sei compreender as atitudes dos outros, apreciá-las devidamente e adoptar a decisão mais apropriada e conveniente?

Que o Senhor nos ajude a todos nós, para que à semelhança de S. José, sejamos prudentes, ponderados, rectos, pacientes, discretos, trabalhadores, pacíficos e fiéis à vocação para que fomos chamados.

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