LINGUAGEM DA IGREJA É O EVANGELHO

Há algum tempo, dizia-me alguém que a linguagem da Igreja, por ser muito confusa, ninguém a entendia…

Se isso fosse verdade, seria de lamentar que a única linguagem que a Igreja faz chegar aos homens seja a do Magistério e não a do Magister (=Mestre), que é Jesus Cristo.

De facto, os documentos da Igreja são escritos geralmente em linguagem tão elevada que só os intelectuais, e não o povo simples, que é sobretudo ele que faz a maioria dos cristãos, os podem entender. Mas os intelectuais já a Igreja os perdeu, em grande parte, no século XVIII. Além disso, a Igreja é vista por eles, infelizmente, mais como instância política do que como instituição de salvação.

Pessoalmente, também não me entendo lá muito bem com os documentos do Magistério da Igreja. Entendo-me muito melhor com o «Mestre». Por isso, tenho mais devoção ao Evangelho, por ser mais claro.

A linguagem da Igreja é, antes de mais, o Evangelho. Ora este é claro como a água da fonte. Quando Cristo ensinava, todos O entendiam. Por todos O entenderem, todos tomavam partido: uns, para O seguir; outros, para O perseguir. Ninguém ficava indiferente.

É isto o que, ainda hoje – como sempre – se dá com a Igreja e com os seus pastores. Quando a sua linguagem e sobretudo a sua vida se regem pelo o Evangelho, não há quem lhes fique indiferente: uns, para a seguirem; outros, para a perseguirem.

Cristo foi condenado à morte por mexer com as consciências de todos, até dos que não gostavam de O escutar. Se Cristo, hoje, não mexe com as consciências de ninguém, é porque matámos o Evangelho; ora, sempre que matamos o Evangelho, matamos o seu Autor.

Não é nada bom sinal para a Igreja, quando ela não incomoda ninguém. Quando ela, de facto procura pregar e viver Cristo, todos se incomodam com ela. Os mártires – onde os há – são o melhor testemunho do Evangelho que ele prega. Este é demasiado claro para deixar alguém indiferente!