7 de agosto de 2016 – 19º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Jesus reúne a Sua Igreja, cada domingo, animando-a a manter-se vigilante na fé e no amor.

Anima-nos a cada um de nós a renovar a nossa luta pela santidade, avivando a nossa esperança do prémio que ultrapassa toda a felicidade que possamos sonhar cá na terra.

Estai vós preparados

No próximo domingo celebramos a festa da Assunção de Nossa Senhora ao Céu. É para nós ocasião de olhar para a meta, de pensarmos no prémio que nos espera, como os ciclistas. E de nos animarmos a chegar lá. Ao contrário dos corredores, todos podemos ganhar. E todos, apesar dos anos, podemos estar em boa forma para vencer.

«Estai preparados – diz-nos hoje o Senhor. – Na hora em que não pensais virá o Filho do Homem» ( Evang.). Temos de viver na graça de Deus. Tendo a lâmpada da fé bem acesa. E os rins cingidos, cuidando a mortificação, fazendo diariamente o nosso treino para estarmos em boa forma. Vale a pena! É isso o único que vale a pena. O futebol, o dinheiro, a saúde não passam de bolas de sabão.

Aproveitemos esta ocasião de avivarmos a nossa esperança e de pormos em dia o negócio mais importante da nossa vida.

A glória do Céu é o desenvolvimento da vida da graça na terra. «Felizes esses servos que o Senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá» (Evang.). O Senhor preparou para nós o banquete da felicidade, quer que nos sentemos à Sua mesa, para partilharmos para sempre a Sua alegria. A veste para entrar é a graça de Deus, que nos reveste da própria natureza divina, participando da Sua beleza infinita cá na terra. Como o ferro metido no fogo se transforma em fogo assim a nossa alma pelo baptismo fica mergulhada em Deus e divinizada.

Trazemos, porém, este tesouro em vasos de barro. Temos de estar vigilantes, lembrando-nos que podemos facilmente cair em pecado e perdê-lo.

Temos de evitar o que pode ofender a Deus e empregar os meios para conservar e desenvolver a graça. E os meios são a confissão e comunhão frequentes. E a oração e a mortificação constantes. É essa a vigilância que o Senhor hoje nos vem lembrar mais uma vez.

Deu muito que falar o caso do navio Titanic, que o cinema deu a conhecer em todo o mundo. Ao fazerem aquele luxuoso transatlântico que podia transportar 5.000 passageiros, os seus construtores gabavam-se de que não podia ir ao fundo e os operários até escreveram nele frases blasfemas contra Deus. Afundou-se na primeira viagem da Inglaterra para a América, em 1912, porque a tripulação não se preveniu contra o perigo dos icebergues. Morreram mais de 1.500 pessoas, porque não havia barcos salva-vidas para acudir aos passageiros. Faltou a vigilância, faltou pôr os meios que tinham à disposição. Assim pode acontecer com a nossa salvação.

«Entre os autores clássicos de espiritualidade muitos comparam o demónio a um cão raivoso, preso por um cadeado. Se não nos aproximarmos não morderá, mesmo que ladre continuamente. Se fomentais em vossas almas a humildade evitareis as ocasiões de pecado, reagireis fugindo com valentia; e acudireis diariamente ao auxílio do Céu, para avançar com garbo por este caminho de enamorados» (S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Amigos de Deus, 180)

Garantia dos bens que se esperam

Com a vida sobrenatural recebemos também as virtudes teologais :a fé, a esperança e a caridade. São dons de Deus que temos de estimar e cuidar. A segunda leitura é um elogio rasgado de Abraão e dos patriarcas de Israel. Abraão é modelo de fé. Fiou-se no que Deus lhe disse, apesar de muito difícil de aceitar pela sua razão e experiência. Como podia ser pai dum grande povo se ele e a mulher estavam velhos e não tinham tido filhos até então? Como podia possuir a terra de Canaan, ocupada por numerosos povos? Abraão fia-se totalmente de Deus. E o Senhor faz que esteja à espera largos anos.

Da sua fé dependeu a sua esperança, esperança de herdar não só a terra de Israel mas de chegar à terra prometida do Céu. «A fé é garantia dos bens que se esperam e certeza das realidades que não se vêem» (2ª leit.).

A sua fé não era só uma atitude intelectual. Manifestava-se na sua vida, no heroísmo em cumprir a vontade de Deus, mesmo quando parecia pedir-lhe o impossível, como era oferecer em sacrifício o seu filho único.

Temos de imitar a fé de Abraão: como ele desprender-nos do que temos de mais querido e pôr em Deus a nossa esperança: «Não temas pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei o que possuís e dai-o em esmola.” (Evang.) Porque pomos em Deus a nossa segurança.

E porque queremos ter no céu um tesouro, que encontraremos um dia. O que tivermos dado de esmola para os pobres e para o apostolado – a esmola mais importante – e para o culto de Deus é o que vamos encontrar quando morrermos.

O resto deixá-lo-emos neste mundo, queiramos ou não.

A verdadeira liberdade encontra-se neste desprendimento. A pobreza lembra Santa Teresa de Ávila alcança–nos um verdadeiro senhorio sobre as coisas deste mundo :Todas elas são do nosso Pai – Deus. «Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo de Deus» (1 Cor 3, 22-23). O espírito de pobreza dá-nos liberdade de movimentos já na terra. Quem vai de viagem não se carrega de malas. Leva o estritamente necessário e deixa ficar o resto. Doutro modo fica preso e incapaz de se mover.

Ofereceu o seu único filho

Deus pede a Abraão que lhe sacrifique o seu filho único que era toda a sua alegria. Põe à prova a sua obediência e o seu amor. E Abraão corresponde heroicamente sabendo que Deus podia até ressuscitar os mortos. O Senhor serviu-se deste gesto do grande patriarca como figura do que iria acontecer 1.800 anos mais tarde, naquele mesmo lugar. Ali seria oferecido em sacrifício o Filho Unigénito de Deus. Deus manifestou o Seu amor infinito pelos homens, deixando sacrificar o Seu Filho Único. «Deus amou de tal modo o mundo – disse o próprio Jesus – que lhe deu o seu próprio Filho» ( Jo 3,16).

Na Santa Missa torna-se presente o sacrifício do Calvário, fonte de toda a graça. É o sacrifício agradável a Deus, em que participamos com Cristo. Que saibamos oferecer a nossa vida de cada dia, o nosso trabalho, as nossas alegrias, as nossas penas, as nossas boas obras. Até ao fim da nossa vida, até que o Senhor venha a dizer-nos : «Muito bem, servo bom e fiel. Entra na alegria do teu Senhor» (Mt 25, 21).

Deus amou-nos primeiro. Ama-nos com um amor que não pode ter retribuição igual. Porque é um amor sem limites. Aprendamos com Abraão a amar até ao sacrifício de tudo o que mais queremos.

Com a Virgem vamos viver essa vida de amor a Deus. Ela nos ajuda se nos agarramos, como os meninos, à Sua mão.

 

Check Also

Tens de vencer o teu orgulho

O orgulho é um erro que faz parte da nossa natureza, sendo que me é …

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.