3 de maio de 2015 – 5º Domingo da Páscoa Ano B

No clima pascal que estamos a viver, Jesus Cristo faz-nos esta belíssima declaração de amor: «Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto» (Evangelho). Mas Jesus quis declarar-se noutros moldes não menos ternos: «Sem Mim nada podeis fazer» (Evangelho).

A comparação do povo escolhido com uma vinha tinha sido utilizada no Antigo Testamento. No Salmo 80 fala-se da ruína e restauração da vinha arrancada do Egipto e plantada noutra terra; e no cântico de Isaías (5, 1-7), Deus queixa-Se de que a Sua vinha, apesar de todos os cuidados, tenha produzido agraços em lugar de uvas.

Jesus utiliza estas imagens na parábola dos vinhateiros homicidas (Mt 21, 33-43), para significar a Sua rejeição da parte dos judeus e o chamamento dos gentios. Aqui, Cristo apresenta-se como verdadeira vide e, à velha vinha, ao antigo povo escolhido, sucedeu o novo, a Igreja, cuja cabeça é Cristo (1 Cor 3,9).

Permanecer em Cristo

Pode permanecer-se em algumas organizações por vínculos externos. Permanecer em Cristo é algo muito diferente. Não se trata, também, de pertencer apenas à Igreja, à comunidade, mas de participar na vida de Cristo, a vida da graça, que é a seiva vivificante que anima o cristão baptizado e o capacita para dar frutos de vida eterna. Só permanece em Cristo quem mergulha, de algum modo, na própria vida divina, ficando divinizado, participando da natureza divina. Cada um de nós é como um pedaço de ferro que mergulha no fogo e se torna fogo, sem deixar de ser ferro. Só quando permanecemos em Cristo – nestes moldes – somos verdadeiramente filhos de Deus, herdeiros do Céu, templos do Espírito Santo, santos e agradáveis a Deus. Permanecer é conviver: na oração, na escuta da Palavra e sua meditação, na Eucaristia – sacrifício e comunhão. Permanecer em Cristo é fazer como o veraneante que se expõe ao sol. Permanecer em Cristo é abrir-Lhe o coração, é confiar-Lhe todos os problemas, é criar profunda intimidade. Cristo quer que permaneçamos n’Ele porque nos ama. Permanecer em Cristo é uma honra e uma necessidade para o homem. Permanecer em Cristo é: «Viver, mas só viver em Cristo».

Dar fruto

Dar fruto é algo ligado ao permanecer em Cristo. Dar fruto é permanecer em Cristo. Dar fruto não pode ser algo separado do permanecer em Jesus Cristo. Quanto mais permaneço em Cristo mais fruto produzirei. O fruto é proporcional ao permanecer. Damos fruto quando somos bons operários, bons colegas de trabalho, pessoas competentes, serviçais, simpáticos, alegres, desportistas. Tudo isto por amor de Cristo, vivificados pela graça divina.

Dar fruto é essencial a vida do cristão: «A glória de Meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis Meus discípulos» (Evangelho).

A eficácia da nossa oração passa pela nossa permanência em Cristo: «Se permanecerdes em Mim e as Minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido» (Evangelho).

Dar fruto é deixar-se limpar: «Eu sou a verdadeira vide e Meu Pai é o agricultor, Ele (…) limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto» (Evangelho). Fica claro que Cristo não se contenta com uma entrega a meias. Por isso purifica os seus através da contradição, das dificuldades, que é como uma poda, para que se dê mais fruto. «É claro que dói, esse arrancar. Mas depois, que louçania nos frutos, que maturidade nas obras» (S. J. Escrivá, Caminho, n° 701). Cristo purifica dos erros, instruindo. Purifica dos afetos terrenos desordenados, despertando para as realidades celestiais.

 

Amar com obras e verdade

Só ama com obras e verdade, quem cumpre os mandamentos (2.ª leitura).

Só ama com obras e verdade, quem acredita em Jesus Cristo (2.ª Leitura).

Só ama com obras e verdade, quem ama os outros «como Ele nos mandou» ( 2ª leitura).

Amar com obras e verdade é proceder como São Paulo o qual, depois que viu Jesus, pregava com firmeza em nome de Jesus (1.ª leitura). Paulo discutia também com os helenistas, que procuravam dar-lhe a morte (1.ª leitura). Amar com obras e verdade, é proceder como os irmãos que, ao verem Paulo em perigo, o levaram para Cesareia e fizeram-no seguir para Tarso (1.ª leitura).

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