29 de setembro de 2016 – Arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael

Vivemos imersos num mundo invisível, sem nos lembrarmos desta maravilha. Além das pessoas humanas, Deus criou uma multidão de Anjos, com uma hierarquia entre eles.

O Senhor quis manifestar-nos na Sagrada Escritura o nome de três Arcanjos que tiveram uma intervenção valiosa na história do Povo de Deus: S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael. Eles continuam a actuar em favor da Igreja.

A Liturgia celebra hoje a festa dos três, irmanados no mesmo desejo de servir ao Senhor, ajudando a Igreja militante.

  1. A vida é um combate

Para cada um de nós, a vida na terra, segundo os planos de Deus, é uma preparação para a eternidade feliz.

  1. a) Servimos e amamos ao Senhor Vivemos agora um tempo de prova, nesta breve passagem pela vida presente. E como seria fatal deixar-se adormecer durante uma batalha, pelo perigo que isso encerraria, de modo análogo não nos podemos distrair, ao mesmo tempo que usamos a liberdade e a responsabilidade.

Os Anjos foram postos à prova, enquanto eram livres e responsáveis. «Houve um combate no céu: Miguel e os seus Anjos tiveram de lutar contra o Dragão. O Dragão e os seus Anjos lutaram também, mas não levaram a melhor

A luta entre os amigos de Deus e os que se opõem à Sua realeza continua agora neste mundo, porque Satanás consegue envolver muitas pessoas e chamá-las para o seu lado. Como prémio, promete-lhes uma eternidade infeliz, no ódio e desamor.

Deus conta com a nossa fidelidade, não só para nos tornar felizes, mas para que ajudemos os outros a sê-lo.

  1. b) Tempo de prova. «Enquanto eu estava a olhar, foram colocados uns tronos, e o Ancião divino foi sentar-Se.» É, pois, um tempo de provação o que estamos a viver na terra.

O texto em que se conta a visão de Daniel está escrito numa linguagem cheia de simbolismo.

Trata-se da descrição de um juízo divino. Há uma alusão à eternidade de Deus nas vestes e cabelos brancos e os livros significam que Deus tem presentes todas as nossas boas e más acções. Com estes dados, o julgamento será realizado com justiça, e não de forma arbitrária.

Na vida presente está ao nosso alcance a misericórdia divina. Somente depois de finalizado o combate para cada um de nós, pela morte temporal, seremos confrontados com a sentença final.

  1. c) Um chamamento ao optimismo. O Livro do Apocalipse (12, 1-12) descreve-nos também um combate com o desfecho final. Uma terça parte dos Anjos rebeldes foi precipitada do céu.

Isto significa que a guerra em que estamos envolvidos na vida presente tem, do nosso lado, todas as garantias de êxito.

Usamos as armas do Amor de Deus, e não o ódio – que só destrói e nada edifica – encontramos com a Sua ajuda. A força do Amor é a única eficaz.

Por isso mesmo, bem contra a sua vontade, Satanás acaba sempre por trabalhar para a construção do Reino de Deus. No intento de destruir a Igreja, promove as perseguições. Mas, além da santidade que o martírio manifesta, o sangue de mártires é semente de cristãos, e toda a obra marcada pela Cruz de Cristo está marcada pelo selo do êxito.

Mesmo numericamente, se uma terça parte dos anjos foi precipitada, quer dizer que por cada anjo infiel – demónio – temos dois anjos fiéis, nesta luta heroica.

  1. d) Liberdade e responsabilidade. «O tribunal entrou em sessão e os livros foram aberto»

Também nós, como os anjos, fomos criados livres. A liberdade e a responsabilidade são como as duas faces da mesma moeda. Não as podemos separar. Ou aceitamos as duas, ou simplesmente as rejeitamos. Sem estas duas condições não poderia haver merecimento.

Para os anjos não houve uma segunda oportunidade. Para cada um de nós, pela misericórdia de Deus, há. Enquanto nos encontramos nesta vida estamos sempre em condições de recomeçar.

Mas é inadiável fazer esforço por vencer a última batalha. E como não sabemos qual é, torna-se indispensável ir vencendo cada uma delas, para chegarmos à vitória final.

Vencer cada batalha significa procurar fazer a vontade de Deus em cada um dos desafios que se nos apresentam. Quando houver falhas, é preciso colmatar rapidamente a brecha na nossa muralha interior, pedindo perdão e recomeçando.

  1. A missão dos Arcanjos

O nome e cada um deles não nos indica a sua natureza, mas a missão que lhes foi confiada.

O Senhor confiou-nos ao cuidado destes bons Amigos, de natureza muito superior à nossa, e já confirmado para sempre na amizade de Deus.

  1. a) Miguel: «Quem como Deus»? Esta interrogação é significada por este nome. Lembra o grito de S. Miguel, perante a rebelião de Lúcifer, ao assumir a chefia dos anjos fiéis ao Senhor.

Deparamos na vida com muitas rebeliões dos homens que se fazem instrumentos e porta-vozes do Inimigo, difundindo o ódio, a guerra, a impureza, a injustiça, o apego desordenado aos bens materiais, ao prazer e à afirmação pessoal.

Temos necessidade de permanecer atentos, para não nos deixarmos arrastar pelos maus exemplos e saber usar dos nossos recursos para que se estabeleçam leis que atentem contra a Lei de Deus.

Falta a muitos cristãos a unidade de vida entre o que acreditam e a acção concreta. Aceitam os Mandamentos, mas votam a morte e outras aberrações.

  1. Miguel convida-nos a viver esta audácia, sabendo levantar a voz, nos momentos críticos: «Quem como Deus?»
  2. b) Gabriel, Mensageiro do Altíssimo. Foi escolhido pelo Altíssimo para ser o Seu mensageiro. Anunciou a Zacarias que o Senhor lhe iria conceder um filho, apesar de Isabel já ter ultrapassado a idade fértil.

Foi, depois, enviado por Deus a Nazaré para entregar a Nossa Senhora o convite de Deus: Ela foi a escolhida para ser a Mãe do Redentor. Com toda a delicadeza, esclarece aquilo que Ele não compreende, e recebe o seu fiat, para o apresentar ao Senhor.

Por tudo isto, parece que encontramos aqui uma sugestão para lhe confiar todos os problemas da família.

Ela é hoje um alvo especial do Inimigo de Deus e de quantos a ele se entregam. São muitos os problemas que a afligem: conflitos entre pais e filhos, limitação brutal e criminosa da natalidade, aborto, corrupção, divórcio, etc.

Precisamos de invocar a intercessão deste glorioso Arcanjo, sem nos esquecermos de seguir as suas indicações, mantendo-nos atentos ao que o Senhor quer de cada um de nós e respondendo com generosidade aos Seus planos de Amor.

  1. c) Rafael, Medicina de Deus. Quando Tobias procurava um companheiro para o seu filho, que se preparava para cumprir uma missão de que o pai o incumbira, Rafael, que o esperava em frente à sua casa, embora o jovem não soubesse quem era, apresentou-se na figura de um jovem disponível para o acompanhar.

Guiou-o para uma terra desconhecida; defendeu-o do ataque mortal de um peixe; arranjou-lhe uma esposa, libertando-a da possessão diabólica; e sugeriu a este jovem um medicamento com o qual acabou com a cegueira do pai.

Somente revelou o seu nome quando Tobias, o pai agradecido, se disponibilizava para o recompensar por tão preciosa ajuda. Disse-lhes: «Eu sou Rafael, um dos sete anjos que estão na presença do Senhor e têm acesso à Sua majestade.» (Tobias, 12, 15).

Os jovens devem fomentar uma especial devoção a este Arcanjo e todos nós devemos confiar-lhe a juventude, para que se deixem conduzir por seus pais e lhes obedeçam com todo o carinho; os guie nos caminhos desta vida; os ajude a descobrir e seguir com fidelidade a própria vocação; e os defenda dos ataques do demónio.

Quando a Igreja nos propõe a celebração da festa destes três grandes Amigos, fá-lo para que saibamos aproveitar a sua ajuda preciosa que será sempre actual e necessária.

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