26º Domingo do Tempo Comum – Ano B – 27 de setembro de 2015

Estamos em pleno Tempo Comum. Não se trata de um tempo aborrecido e monótono mas, pelo contrário, de um tempo muito rico.

Somos convidados a saborear a riqueza da Palavra de Deus para a pôr em prática na nossa vida ordinária. A aprofundar e descobrir os Mistérios que professamos no Credo. A viver o nosso dia a dia com o Espírito de Sabedoria.

QUEM DERA QUE TODOS FOSSEM PROFETAS

No deserto, Israel foi testemunha do poder e do amor de Deus em seu favor. No texto que acabamos de ouvir o Senhor mostra-se próximo dos 70 anciões que exerciam a autoridade sobre o povo. Confere-lhes, a eles que haviam de reger o povo, parte do Espírito que tinha concedido a Moisés. Com assombro da multidão, aqueles homens começam a profetizar, a cantar louvores a Deus com uma linguagem arrebatadora.

Perante a inveja e um certo ciúme que a cena provocou, Moisés mostra abertura de espírito e compreensão. Deus é livre de suscitar profetas aonde quiser. É livre de entregar os seus dons a quem entender. E se não acautelarmos o nosso orgulho podemos quase instintivamente pretender que Deus nos peça licença para derramar as suas graças a quem entender. Moisés, pelo contrário, longe de estranhar a proliferação do profetismo, exclama: Quem dera que todos os membros do povo do Senhor fossem profetas.

Este desejo de Moisés há-de realizar-se mais tarde no Pentecostes, o acontecimento dado há dois mil anos mas que continua hoje. É um dia que não tem ocaso. O Pentecostes há-de ser perene. Então, Deus concedeu à comunidade cristã o Seu Espírito, o que levou Pedro a citar o profeta Joel: nesses dias derramarei o Meu Espírito sobre todas as criaturas e hão-de profetizar os vossos filhos e as vossas filhas e os vossos jovens terão visões (Act 2,17).

Todos somos profetas pelo Batismo e pelo Crisma, convidados a dar testemunho pela vida e pela força da palavra do Reino do Pai, na vida quotidiana, familiar e social. Todos havemos de dar a nossa colaboração para a salvação do mundo. O Vaticano II lembra, com insistência e força: a vida e a missão da Igreja repousam sobre a responsabilidade comum dos cristãos.

PECADOS QUE BRADAM AO CÉU

Privaste do salário os trabalhadores. Levastes na terra uma vida regalada e libertina. São Tiago põe o dedo na chaga: o pecado daqueles que acumulam o seu capital à custa de abusos e injustiças. As suas palavras, escritas sobe a inspiração divina, embora duras, são claras e simples, sem fáceis demagogias. Apontam a realidade de quem só pensa em enriquecer desonestamente seja à custa de quem for e do que for, abusando do poder e da situação social atual. Trata-se de um dos pecados que bradam ao Céu, assim chamamos pela malícia que encerram: O Catecismo da Igreja Católica lembra estes pecados: injustiça para com os assalariados, opressões de órfãos e viúvas, fraudes e outras espécies de violências (ct.nn864) e 2409), como seja a exploração e o assédio sexual às vezes no local do trabalho e até com disfarce medicinal; oferecem com uma mão melhores salários, subida de cargo ou outras esperanças disfarçadas, na maior parte das vezes nunca concretizadas, ameaçando, por vezes, com a perda do posto de trabalho, caso não sejam atendidos.

É urgente denunciar estes crimes e tudo fazer para que sejam respeitados os direitos das pessoas, sobretudo das mães indefesas. Aliás a Bíblia mostra sobejamente como Deus é propenso a inclinar-se pelos que sofrem, pelos mais débeis, pelos pobres. E o mesmo sempre tem feito a Igreja através dos tempos. Quem o ignora? Passa por aqui a verdadeira qualidade de vida.

A nossa caminhada no mundo não nos isenta de sofrimentos: provações e reveses que são fruto das nossas infidelidades a Deus; saudosismos de tempos passados, regresso a escravidões mundanas e perigos da perda da liberdade para a prática do bem.

Cada um construa a sua história com exigência e responsabilidade, não conforme com critérios humanos mas seguindo a exigências do Espírito.

É difícil governar e conduzir, sair da massa anónima e despertar para um empenho dinâmico no meio do povo de Deus; a igreja é povo de profetas e pastores, um povo sacerdotal que deve acordar com coragem para a escolha do bem comum.

As comunidades cristãs devem apresentar-se possuídas de um ministério profético.

Jesus Cristo vivo na Sua Igreja, na vida dos cristãos, é-nos apresentado na celebração da Palavra como uma contínua e renovada transmissão de ensinamentos.

O cristão de vida ativa, corajosa, enfrenta os males e injustiças, trata a dignidade humana como o evangelho ensina, não fraqueja na denúncia das explorações.

Crescer à custa dos sacrifícios dos outros, ser privilegiado quando se diminui os direitos alheios, impor ideias através da instrumentalização das comunicações, são rejeições que os cristãos autênticos podem fazer provando que vivem a Palavra de Deus.

Check Also

14 abril de 2024 – 3º Domingo da Páscoa -Ano B

“Testemunhando a fé no nome de Jesus ressuscitado”. Hoje, no terceiro Domingo da Páscoa, encontramos …

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.