25 de outubro de 2015 – 30º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Quando recebe o Batismo, toda a pessoa é iluminada porque encontra o próprio Senhor. É aí que se lhe abrem os seus olhos para a luz e que compreende o que significa seguir a Cristo.

Tal iluminação, todavia, não é dada de uma maneira definitiva, mas deve continuamente ser ampliada ao longo da vida. Por vezes obscurece-se e até se apaga essa luz no coração do discípulo. Então, é necessário percorrer o caminho espiritual necessário para a reencontrar.

É esse caminho que vamos recordar nas leituras que escutaremos na liturgia da Palavra deste domingo.

O significado de seguir a Cristo

No Evangelho deste domingo é-nos apresentada a cura do cego Bartimeu. Este representa todas as pessoas que pretendem seguir a Jesus, mas que o fazem como cegos, quando não compreendem o significado de tal seguimento. Seguir a Cristo significa condividir a opção de se sacrificar pelos irmãos e não sonhar com lucros, louvores ou partilhar os primeiros lugares.

Todos aqueles que ainda não deixaram penetrar no seu coração a luz do Evangelho, estão dramaticamente sentados, pois não projetam nada de novo. Repetem sempre os mesmos gestos, os mesmos erros, fazem tudo de maneira estereotipada; pedem esmola, isto é, não conseguem ser auto-suficientes, pois mendigam tudo, inclusive os afectos, estão dependentes dos outros, das coisas e dos acontecimentos.

O primeiro passo para a cura da cegueira, é tomar consciência da própria situação e decidir sair dela. Bartimeu não se afeiçoa à doença que o leva à apatia preguiçosa de receber esmolas e reage à passagem de Jesus e ao contacto com Ele.

De igual modo, a cura da cegueira espiritual começa deste modo. A dependência de certos hábitos, de certos comportamentos cada vez mais destruidores leva a formas de escravidão comparáveis à dos israelitas de que nos fala a primeira leitura. Também eles são cegos, coxos, incapazes de caminhar para a liberdade, esperando passivamente a ajuda do Senhor.

A experiência de Bartimeu é repetida por todos os que, insatisfeitos com o rumo que está a levar a sua vida, procuram desesperadamente a luz. Tal caminho que conduz a Cristo começa sempre por esta inquietação interior que leva a uma procura de propostas alternativas, que despertam para novas formas de linguagem, para novos modelos de vida, diferentes dos que todos seguem.

O caminho em direção à luz

O encontro com aqueles que seguem o Mestre é o primeiro passo para a luz. Antes de chegar a Cristo, encontram-se os discípulos, tendo depois de se superar algumas dificuldades. Aqueles que resolvem encontrar-se com Cristo geralmente são, de imediato, contrariados pelos que o rodeiam. Normalmente os vizinhos, os amigos, os colegas, até os familiares, que o desaconselham afirmando que tais preocupações são características de crianças, de mulheres ou de velhos.

Mas aqueles que conduzem até Jesus também podem ser motivo de obstrução. Estes são todos os que frequentamos as nossas comunidades. Fazemos muito barulho à volta de Jesus e estamos convencidos que possuímos a luz, mas na verdade somos cegos, ao comportarmo-nos como os discípulos e a multidão que acompanhavam Jesus aquando da cura do cego. Somos cegos quando queremos fazer calar os pobres que gritam; quando não queremos compreender as situações, a fim de as resolvermos; que não toleramos que ninguém interrompa o regular andamento dos nossos triunfais cortejos, das nossas ultrapassadas e piedosas devoções, dos nossos comodismos, tradicionalismos e legalismos.

Os que ouvem o grito de Bartimeu e o conduzem a Cristo são, nos dias de hoje, os cristãos sensíveis aos gritos de quem procura a luz e se dedicam à escuta dos problemas dos irmãos em dificuldade tendo sempre palavras de estímulo e de esperança.

E, como Bartimeu, aqueles que estão sentados, depois de encontrarem Jesus, sabem que têm de se levantar e pôr a caminho de encontro à vida que, como a de Jesus, não é nada fácil, cómoda ou privilegiada. Tal caminho é muito espinhoso, pois obriga a rever velhos costumes, põe em causa o modo de viver a vida, o tempo de que dispomos e os próprios bens que possuímos.

Como os que naquele dia seguiam Jesus, o que devemos fazer para ter a certeza de que não nos estamos a enganar neste seguimento?

Verificando a nossa sensibilidade relativamente aos pobres, aos «cegos» que gritam ao longo do caminho pedindo a nossa ajuda. Se nos incomodam e nós preferimos ignorá-los, se os mandamos calar, se alimentamos projetos mais espirituais, que julgamos mais elevados e se achamos que aquilo que estamos a fazer é muito mais importante do que parar para escutar, compreender e comunicar a alegria e a paz de Cristo, então, ainda somos cegos.

Jesus, companheiro de viagem

A grande consolação para os que, depois de terem sido iluminados por Cristo, seguem o Mestre ao longo do caminho é que Ele é o companheiro de viagem que sabe compreender todas as fraquezas. É Ele que nos conduz, mesmo quando nos sentimos como os israelitas apontados na primeira leitura: coxos, incapazes de nos movermos e cegos, porque não conseguimos ver o caminho do Senhor.

A libertação da nossa fraqueza não depende apenas de nós. Se tivéssemos de contar apenas com as nossas forças, poderíamos ter razão para desanimar. Mas, e é o profeta que nos recorda, Deus cuida sobretudo dos que não conseguem caminhar sozinhos.

Recordemo-nos que o caminho iniciado no batismo é empenhativo, mas fundamento de muitas alegrias. Procuremos ser otimistas, olhemos também para o regozijo e sucessos, e não apenas para as dificuldades e erros que cometemos. Saibamos ter Jesus como companheiro de viagem e sigámo-l’O em lealdade e com toda a confiança e assim conseguiremos sair da cegueira em que, possivelmente, estejamos embrenhados.

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