22 de janeiro de 2017 – 3º Domingo do Tempo Comum – Ano A

O pecado é a corrida desenfreada atrás duma miragem com que o demónio nos acena e o desprezo da felicidade que o Senhor nos oferece.

O combate ao pecado implica uma conversão pessoal, um arrependimento profundo, uma mudança de vida. Reconhecendo humildemente as nossas limitações e os nossos desvarios, peçamos perdão ao Senhor…

«O Senhor é a minha Salvação»

Pelo Batismo somos incorporados em Cristo, integrámo-nos no Povo de Deus. Mantendo, embora, a nossa condição humana, passamos a viver uma outra vida, uma vida nova.

Ora este nascimento para a vida dos filhos de Deus, determinou uma mudança de vida, uma conversão, uma ruptura com o passado, pois que sem um rompimento com o mal, o pecado, não é possível entrar em comunhão com Deus.

No entanto, atenta a nossa fragilidade, visto que continuamos a pecar, é necessário um esforço contínuo de purificação, para conseguirmos viver segundo as exigências do Evangelho.

É por isto que pedimos a Deus, na oração coleta, que nos ajude a viver segundo a Sua vontade, a fim de podermos realizar boas ações, produzir frutos de boas obras.

Como frisávamos na semana passada, as orações do tempo comum, sem estarem ligadas a uma comemoração especial, vão-nos propondo intenções de muita utilidade para o nosso viver de cada dia, pois nos ajudam a aplicar o seu conteúdo ao nosso viver de cada dia.

Acreditar e converter-se

Os israelitas esperavam ansiosamente a vinda do Messias prometido pelos profetas, que lhes restituísse a consolação. Ora, no Evangelho de hoje, S. Marcos, apresenta Jesus como o encarregado de anunciar aos israelitas, e aos homens de todos os tempos, a «boa notícia» da chegada do Reino que acabaria com esse tempo de espera e proporcionaria imensa alegria àqueles que a ouvissem: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

Será que tal já aconteceu?

Olhando à nossa volta constatamos que o mundo vive em contínuo desassossego. Não existe paz, a justiça não se entrevê, o desemprego aumenta, os pobres são em maior número, a fome continua a crescer em todo o planeta e a ambicionada alegria não aparece.

Mas, para se poder fazer a experiência desta alegria são exigidas duas condições propostas por Jesus: arrepender-se e acreditar no Evangelho, nessa «boa notícia» trazida por Ele.

O arrependimento ou conversão, implica uma mudança radical do modo de pensar dos homens. Ao converter-se, a sua lógica, regida pelos próprios interesses, começa a seguir o pensamento de Deus e não se coloca a si mesmo como o centro das atenções, mas sim nas necessidades dos irmãos.

Depois desta conversão, é necessário acreditar. Ter fé não consiste em intelectualizar aquilo que Jesus disse, ou conhecer o que Ele fez, mas exige uma adesão ousada e absoluta à sua proposta de vida.

Vemos grande parte de nós, os cristãos, sairmos tristes das celebrações. O que nos impede de ter essa explosão de alegria que a «boa notícia» de Jesus trouxe? Talvez o facto de ainda não termos conseguido a coragem suficiente para nos convertermos e acreditarmos no Evangelho e no chamamento do Mestre.

Ao chamamento de Jesus

No Evangelho é-nos apresentado o seguimento dos discípulos ao chamamento de Jesus. Tal convocação continua a ser dirigida permanentemente a cada homem para que seja seu discípulo. O nosso baptismo foi o início e sinal desse caminho vocacional, que não se destina apenas a padres e freiras, mas a todos os cristãos. O caminho não se apresenta fácil, pois o Senhor exige que seja constante a disposição do discípulo para amar e sacrificar-se pelos irmãos.

Assim como o chamamento dos primeiros discípulos não foi feito enquanto eles rezavam mas no decurso normal das suas ocupações diárias, também a nossa chamada se verifica nas ocasiões mais banais da vida quotidiana. Tomar consciência desse facto é motivo de agradecimento e louvor por tão grande honra alcançada sem mérito algum de nossa parte, mas por dom gratuito de Deus.

Jesus procura os discípulos e convida-os a ficarem com Ele, não para que aprendam uma lição, mas para experimentarem, em Sua companhia, como se doa a própria vida pelos irmãos.

Para ser cristão não basta conhecer as fórmulas do catecismo e apenas recitar orações. É necessário averiguar-se a capacidade de seguir Cristo em todos os momentos: quando nos é exigida paciência, quando devemos ser humildes, quando nos comprometemos a amar um nosso inimigo, quando nos é ordenado deixar o nosso egoísmo para ajudar os demais nesta vida de tão curta duração no tempo.

Na brevidade desta vida

Pedro, André, Tiago e João responderam logo à chamada, deixando tudo para O seguir. Aos ninivitas, de que nos fala a primeira leitura, foram dados quarenta dias para receberem ou rejeitarem o convite à conversão. Aos seus discípulos, Jesus não concede prazo algum. A resposta tem de ser pronta e materializada em abdicações concretas daquilo que são as realidades terrenas, a que se deve dar o justo valor, como nos adverte S. Paulo na segunda leitura. É por isso que os cristãos devem estar dispostos a aceitar renúncias corajosas por amor dos irmãos, pois esse amor vale mais que todos os bens materiais que são caducos, apenas o amor permanece para sempre.

A todo o discípulo é exigido este desapego total e imediato. Nada o pode impedir de seguir a Cristo. Até os afectos mais sagrados, como o tido pelos familiares, pela profissão, pela garantia económica e social, ou desejo de não perder os amigos devem ser abandonados se estiverem em confronto com a vida a que Jesus chama.

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