17 de fevereiro de 2021-Quarta-feira de Cinzas

«Convertei-vos a mim de todo o coração». Este apelo de Deus entusiasma-nos, neste início de caminhada quaresmal, a viver como discípulos missionários em estado de conversão de coração. Por isso, a imposição das cinzas pode ser uma oportunidade para fazer memória da nossa condição pecadora, que quer ser acolhida pela misericórdia do Pai, e a suplicar com insistência no silêncio do nosso interior: dai-nos um coração puro. Vivamos este momento em ambiente de oração, predispondo o nosso coração para o arrependimento, a mudança e a novidade de vida que Deus estimula na nossa missão.

 

1. Três atitudes

Começamos hoje o tempo santo da Quaresma. Diz-nos a tradição que é um tempo de preparação para as festas da Páscoa. E, de facto, a Quaresma introduz-nos no caminho da Páscoa, ao longo de quarenta dias, número de grande simbologia na tradição bíblica, em que somos convidados a converter-nos a Deus e acreditarmos mais no Evangelho.

Mais do que um tempo de penitência, a quaresma é marcada pela austeridade, ou se quisermos, pela simplicidade. O Evangelho convida-nos ao despojamento dos gestos e das orações. A não sermos complicados, a não termos segundas intenções no que fazemos, a sermos verdadeiros com Deus, connosco próprios e com os outros. Por isso apresenta-nos três atitudes que, nós, cristãos, deveríamos praticar sempre, mas que, neste tempo quaresmal, devemos ter como prioridade no caminho da nossa conversão a Cristo: a oração, o jejum e a esmola. Pela oração, somos convidados à simplicidade na nossa relação com Deus; a não pedirmos muitas coisas, a não nos distrairmos do essencial, mas a termos uma relação filial com Deus. Pelo jejum, somos convidados à simplicidade da nossa vida; a deixar de lado os protagonismos, a nossa autossuficiência e a sermos controlados na ambição e na possessão das coisas. Por fim a esmola, que nos diz que devemos ser simples na nossa relação com os outros: a partilharmos o que temos e somos e a sermos sinceros nas nossas relações com os outros.

 

2. Um caminho de santidade

Essas três atitudes, se as entendemos só como penitências, de pouco nos hão de valer; se as entendermos como meio de conversão ao Evangelho, vemos nelas um bom caminho de santidade.

Dizia há pouco que a Quaresma só se entende tendo como fim a Páscoa. Assim é a nossa vida: uma Quaresma que nos conduz à verdadeira Páscoa que é Cristo. Santo Agostinho faz esta analogia entre a Quaresma da Igreja e a quaresma da vida: “Da mesma maneira que a Quaresma, tempo que precede a festa da Páscoa, é figura dos trabalhos e sofrimentos desta vida mortal, assim os dias de alegria que se seguem depois da Páscoa são símbolo da vida futura, na qual havemos de reinar com o Senhor”.

Que o Senhor leve a bom termo os nossos propósitos quaresmais. Que eles sirvam para descobrirmos o seu grande amor, no qual a cruz é o grande sinal. E que esta Quaresma oriente a nossa vida.

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