13 de maio de 2016 – Festa de Nossa Senhora de Fátima

Na aparição de treze de Maio, Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos, assume o diálogo com Nossa Senhora. Depois de lhe ter perguntado de onde era, dirige-lhe uma segunda pergunta: «E que é que Vossemecê me quer?»

Na sua rudeza de linguagem serrana, Lúcia ajuda-nos a procurar o essencial desta celebração: conhecer e viver a mensagem de Fátima. Que é que Nossa Senhora quer de cada um de nós?

Com desejo de conhecer esta verdade, apresentemo-nos diante do Senhor, para celebrar o grande acontecimento de 13 de Maio de 1917, na Cova da Iria.

Na última aparição, em 13 de Outubro, Nossa Senhora termina o encontro com uma recomendação que é dirigida a cada um de nós: «Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido.»

Mãe fidelíssima

A vinda de Nossa Senhora à Cova da Iria, de Maio a Outubro encontra a sua razão de ser na sua maternidade. Ao ser Mãe de Jesus, Maria é Mãe de todos nós. Esta visita inesperada, com uma Mensagem de Amor e Verdade, é uma manifestação do seu cuidado maternal em relação a cada um de nós.

Mãe de Jesus e nossa Mãe. «A sua descendência será famosa entre as nações». A glória das mães são os seus filhos. Por isso, Maria é a mais gloriosa de todas, porque é Mãe do Redentor.

Mas, ao tornar-se Mãe de Jesus, Maria é também nossa Mãe, Mãe da Igreja, Mãe de todo o Corpo Místico do qual Jesus é a Cabeça e o Espírito Santo a Alma.

Na Cruz, momentos antes de cerrar os olhos a esta vida mortal, Jesus proclamou a maternidade universal de Maria. «Jesus, vendo a Sua Mãe, e, junto d’Ela, o discípulo que amava, disse a Sua Mãe: ‘Mulher, eis o teu filho.’ Depois, disse ao discípulo: ‘Eis a tua Mãe‘.»

Todas as pessoas que vêm a este mundo são vocacionadas para serem suas filhas, porque Jesus, momentos antes de Se elevar ao Céu, convocou todos os povos a fazer parte da Igreja: «Foi-Me dado todo o poder no Céu e na terra. Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei

Foram os cuidados maternais de Nossa Senhora que trouxeram a Fátima, chamando a nossa atenção para as verdades do Evangelho.

Causa da nossa alegria. «Exulto de alegria no Senhor e a minha alma se alegra no meu Deus.» Maria é causa e caminho seguro da verdadeira alegria. Abriu o seu Coração materno à entrada de Deus no mundo, e Ele trouxe-nos a salvação. Foi ao ritmo do seu Coração enamorado que se deu o encontro do Verbo – a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade – com a natureza humana.

O Filho que a força do Altíssimo, ao descer sobre Ela, formou virginalmente no seu ventre, é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e assumiu d’Ela tudo o que tem de humano: a Sua Carne e Sangue, o Coração divino que nos amam, os Seus olhos que nos sorriem e movem, como qualquer filho em relação à sua mãe. É grato para nós recordar que toda a hereditariedade humana de Jesus foi recebida de Maria porque, segundo a natureza humana, como Homem, não houve a intervenção de um pai para que começasse a existir.

Ela é a Arca da Nova Aliança onde se deu o encontro entre o Céu e a terra, entre Deus e os homens, onde Ele se uniu para sempre à nossa humanidade, de tal modo que, como Deus, as Suas acções têm merecimento divino, infinito; e como pertence à família humana, pode representar-nos diante do Pai, apresentar-Se em nosso nome, para saldar a dívida infinita que havíamos contraído pelo pecado original e pelos pecados pessoais.

Mãe da divina graça. «porque me revestiu com as vestes da salvação.» Por Ele nos veio o maior dos dons: o próprio Deus feito Homem, trazendo-nos a filiação divina, como primeiro fruto da graça santificante.

Fomos intrinsecamente transformados, tornados novas criaturas, de tal modo que podemos exclamar com S. Paulo: «Vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20). Maria veio a Fátima ajudar-nos a redescobrir a riqueza do nosso Baptismo e a meta dos nossos passos, nesta caminhada terrena: «Eu sou do Céu!» «Sim, tu vais para o Céu… e a Jacinta, e o Francisco.»

Porta do Céu e apelo constante à santidade. «envolveu-me num manto de justiça» (de santidade, na linguagem bíblica).

Ela nos alcançará de Deus a vitória sobre os nossos defeitos, tentações e pecados. É o caminho mais fácil e mais seguro para Deus.

É da nossa experiência de cada dia que tudo se torna mais fácil e agradável na vida interior quando recorremos a Maria e percorremos o caminho guiados pela sua mão maternal.

Se caminharmos com Ela, por uma devoção filial, sentir-nos-emos também envolvidos por este manto de justiça.

«Como a terra faz brotar os germes e o jardim as sementes, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor diante das nações

Maria é um apelo constante à intimidade com Deus. Ninguém que se aproxime d’Ela pode permanecer longe de Deus.

Por isso, a Mensagem de Fátima, que atrai tantas pessoas a uma renovação e vida, é um fermento de santidade, um apelo constante à conversão. Maria, como a melhor das mães, ajuda a preparar o terreno do nosso coração para acolher esta semente divina.

Só na eternidade teremos a alegria de saber quantas pessoas reencontraram ali o caminho do Céu.

Mensageira de Deus

As aclamações em honra de Maria. Quatro vezes encontramos no Evangelho aclamações em honra da Mãe de Deus.

– A primeira vem o Arcanjo S. Gabriel – de Deus, em última análise – quando lhe anuncia que Deus A escolheu para Mãe do Redentor do mundo: «Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo… achaste graça diante de Deus

– Maria é aclamada em casa de sua parente Isabel. «Aconteceu que, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo; e exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre: Donde me vem a dita que a Mãe do meu Senhor venha ter comigo?’»

– Enquanto Jesus falava ao povo, «uma mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: ‘ Feliz Aquela que te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito.’» Com esta frase emocionada, esta mulher anónima quer aclamar Maria: Bendita seja a Tua Mãe!

Nós repetimos todas estas aclamações quando rezamos o Terço. É mais uma chamada do Senhor para que procuremos rezar com atenção e devotamente.

– Finalmente, encontramos a aclamação do próprio Jesus. Não custa imaginar que Ele deve ter ficado profundamente emocionado com o elogio feito à Sua e nossa Mãe. Quer, porém, aproveitar o momento propício, para nos dar uma lição e elogiar também Maria.

Mãe de Deus há só uma, em toda a história da humanidade. Nisto, portanto, não podemos imitá-la. Há, porém, uma coisa em que podemos imitá-l’A: a fidelidade ao Senhor: «Mas Jesus respondeu: ‘Mais felizes são os que ouvem a palavra e Deus e a põem em prática.’» Nisto, sim, podemos e devemos imitá-l’A.

Acolhimento à Palavra de Deus. É a primeira atitude de Maria para a qual Jesus chama a atenção.

De facto, duas vezes nos diz S. Lucas esta verdade. Quando os pastores visitaram a gruta em que Jesus nascera, contaram o que o Anjo lhes tinha dito. «Maria conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração» (Lc 2, 19). Quando o menino ficou em Jerusalém, aos doze anos, e Seus pais foram encontrá-l’O dialogando com os doutores, a mesma verdade se repete: «Sua Mãe conservava todas estas coisas no seu coração» (Lc 2, 51).

Não se limitava a ouvir as palavras e a contemplar os acontecimentos. Fazia oração, procurando descobrir a mensagem que Deus lhe transmitia por estes meios.

Voltamos, com isto, à pergunta e Lúcia, na Cova da Iria: «E que é que Vossemecê me quer?» Com toda a simplicidade, devemos perguntar ao Senhor o que quer de nós quando nos dirige a Sua Palavra ou nos fala pelos acontecimentos.

Ouvir a Palavra de Deus com fé. Para que isto aconteça, é precisa uma disposição interior de humildade para que, sentindo-nos pobres, acolhamos, agradecidos, a mensagem do Senhor.

Jesus fala, numa das Suas parábolas, da semente lançada à terra. Que espécie de terreno temos sido para a semente da Palavra que Deus lança generosamente em nosso coração?

Para o conseguirmos, temos de cultivar uma constante preocupação e conhecer o que Deus quer de nós, lendo e meditando a Sagrada Escritura, especialmente o Novo Testamento; os documentos dos Concílios, especialmente do último; os escritos dos Papas e dos Padres da Igreja.

As manifestações de religiosidade em honra de Nossa Senhora são belas, mas devem levar-nos a compromissos de vida, depois de aprofundadas numa formação doutrinal. De contrário, ficam sem qualquer significado e influência na vida.

O mesmo se pode dizer das promessas. Uma graça que pedimos, por intercessão de Maria deve levar-nos ao compromisso interior duma procura sincera da vontade de Deus.

Pôr em prática a vontade de Deus. Maria recomendou aos serventes das Bodas de Caná da Galileia: «Fazei tudo o que Ele vos disser.» Nós não «pagamos promessas» Agradecemos os favores recebidos com humildade e carinho filial. E a melhor forma de agradecer é procurar a emenda de vida, uma maior intimidade com o Senhor.

«É preciso que se emendem! Que deixem de ofender mais a Nosso Senhor», recomendou Nossa Senhora em Fátima.

Ela vem recordar-nos que é preciso dar a Deus o lugar a que Ele tem direito na nossa vida: o lugar do melhor dos pais que desce até ao nosso nível.

A Mensagem de Fátima começa – nas aparições do Anjo da Guarda de Portugal – por um forte apelo à fé, reverência e amor à Santíssima Eucaristia.

Renovemos a nossa vida nesta doação generosa que o Senhor faz de si mesmo a cada uma de nós, no Sacrifício do Calvário, renovado em nossos altares.

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