10 de julho de 2016 – 15º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Muitas pessoas dizem-nos hoje que são católicos praticantes quando, afinal, a sua vida não está de acordo com os Mandamentos do Senhor.

Ser cristão é aceitar Cristo como Salvador, mas é também viver de acordo com a Aliança batismal.

Talvez por detrás desta separação entre a fé e a vida esteja a oposição irredutível que estabelecem entre os Mandamentos e a liberdade pessoal, como se tivéssemos de optar por uma ou por outra. O Senhor ensina-nos que os Mandamentos não só não se opõem à verdadeira liberdade, mas são o caminho único para ela.

Cumprir os Mandamentos do Senhor

O Batismo infunde-nos uma vida nova – a vida dos filhos de Deus – e esta realidade exige que vivamos de acordo com ela.

Cada ser deve viver de acordo com o que é. Ninguém considera uma imperfeição o cavalo não viver a mesma vida que o homem. Um é o estilo de vida dum adulto e outro, muito diferente, o da criança.

Para que o homem não se enganasse no caminho a seguir, o Senhor iluminou-o com os Mandamentos. São regras de vida que correspondem às exigências da sua natureza e não caprichos arbitrários e provisórios que podem mudar com o tempo.

Mandamentos e personalidade. A Lei Natural, que os Mandamentos explicitam e concretizam, corresponde às exigências da nossa natureza, de tal modo que, quando a seguimos, a nossa personalidade desenvolve-se; quando, pelo contrário, a desprezamos, deformamo-nos.

E assim, a mentira, o roubo, a insensibilidade perante as coisas de Deus, a falta de respeito pela vida e pela sexualidade humana deformam gradualmente as pessoas, à medida que se entregam a esses desmandos. É uma realidade que constatamos todos os dias. Pelo contrário, ninguém há mais perfeito humanamente do que o santo.

Liberdade pessoal e Lei. «O suposto conflito entre liberdade e lei afirma-se hoje com especial intensidade no caso da lei natural» (João Paulo II, Carta Encíclica O Esplendor da Verdade, n.º 46). O drama das pessoas é que deixaram de entender o que é a natureza humana, com as suas exigências e entendem-na como o impulso das paixões desordenadas.

Quando as coisas são encaradas deste modo, surge um conflito artificial entre a lei e a liberdade, como se aquela fosse um estorvo desta.

A maior afirmação da liberdade é seguir – vencendo os obstáculos – aquilo que a consciência bem formada lhe diz que é bem.

Os Mandamentos resumem-se no Amor

Deus convida-nos a que voltemos para Ele. Conscientes de que nada podemos sem a Sua ajuda, pedimos-Lhe que Se volte para nós.

Jesus Cristo nosso modelo na fidelidade à Lei. Pelo mistério da Encarnação, Jesus Cristo foi constituído Cabeça da família humana, novo Adão, mediador da Nova Aliança.

Toda a Sua vida se resume, desde o primeiro instante até ao último suspiro na Cruz, em fazer a vontade do Pai

A santidade pessoal concretiza-se em viver, momento a momento, como se Ele estivesse em nosso lugar.

O mais importante. Os hebreus, querendo ajudar a resolver os casos concretos que a vida apresenta, acabaram por multiplicar os preceitos do Decálogo, chegando a atingir o elevado número de 613. Não era fácil fazer uma síntese de um código tão extenso.

É neste contexto de confusão que se deve entender a pergunta do jovem que se dirigiu a Jesus.

Ele compreende que, para entrar na Vida Eterna que Jesus anuncia, é necessário cumprir a Lei de Deus.

Jesus ajuda-o a responder ele mesmo à pergunta que tinha formulado e aprova a sua resposta: «Amarás ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma e com todas as tuas forças e com todo o teu ser. E ao próximo como a ti mesmo». Tudo se resume em amar.

Deus quer ser amado por cada um de nós em duas modalidades:

-Diretamente.

– Misteriosamente oculto em nosso próximo.

O meu próximo. Também a resposta à segunda pergunta formulada por este homem a Jesus não é fácil.

Embora no Antigo Testamento se preceituasse o bom acolhimento dos estrangeiros, o círculo de amizades foi estreitando até ficar reduzido aos da própria nação.

Para alargar as fronteiras do nosso coração até às dimensões do mundo, Jesus explica-nos quem é o nosso próximo, contando-nos a parábola do bom samaritano.

– Para cumprir a lei dos homens, evitando uma possível impureza legal, ao tomar contacto com um não israelita. Também nós inventamos pretextos para não termos de passar um mau bocado, com os toxicodependentes, os seropositivos, a gente mergulhada na lama da prostituição e, de um modo geral, toda a gente marginal.

– Um samaritano – considerado pelos ouvintes de Jesus como um infiel à Aliança – coloca em primeiro lugar a lei do Amor e ajuda este pobre homem que, em ele, teria morrido.

Que Maria nos ajude a cumprir este mandato de Amor!

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