Maria não é nada sem a sua “relação” profunda a Jesus Cristo o Salvador.

Fartamo-nos de ouvir e até de rezar este canto de louvor dirigido por Maria ao Senhor, sem nos darmos conta do alcance que ela tem na pessoa de Nossa Senhora e nossa. É conhecido por “Magnificat” de Maria. Talvez não saibais, mas esta palavra “Magnificat” é latina e significa dizer coisas bonitas, simpáticas, elogiosas que alguém sente de outra pessoa e que não consegue deixar abafadas no seu coração.

Ora bem, Maria louva o Senhor por acontecimentos feitos por Ele na sua vida ou que ela percebeu na sua relação a outros. A primeira coisa que ela sente é que é uma pobre criatura, em nada diferente das outras não reconhece em si nada que fizesse com que Deus pudesse olhar para ela. Depois, confessa que a sua vida é uma maravilha, uma felicidade que ela não consegue esconder, não porque ela fosse uma santa, mas porque Deus santo, todo Poderoso se encarregou de a tomar uma mulher de uma existência plenamente conseguida. Mas não se fica por aqui. Ela está consciente de que o amor de Deus não é para privilegiados, para o grupo dos que tudo fazem para aparecer como “bonzinhos”, mas para os homens todos e de todos os tempos. Não se sente um ser à parte, um ser superior aos demais. Sente sim o amor de Deus a invadir e a tomar conta da sua vida. E isso o proclama diante da sua prima Isabel.

Não concentra sobre si a atenção da prima, para que esta fique ali de olhos esbugalhados a olhar para ela, numa atitude de quem está perante uma deusa de carne e osso. Ela tem consciência de que nela aconteceram coisas mais que suficientes para aproveitar em benefício próprio e se pavonear, mas como verdadeira crente não rouba a glória de Deus. Tudo o que de extraordinário nela aconteceu ou está para acontecer, ela o atribui a quem de direito, a Deus, seu Salvador.

É, pois, esta mulher despretensiosa, de coração aberto a Deus, que vai numa atitude de solidariedade ao encontro da prima Isabel. Não procura mais nada que tornar-se próxima, quer partilhar com a sua prima o seu tempo e a sua vida. A sua fé, a sua total adesão ao plano de Deus faz dela uma mulher atenta aos “pobres”. Aos humildes, àqueles que a sociedade não passa cartão. Não são questões políticas, humanitárias ou sociais que a movem, mas sim a atitude de Deus em quem ela põe os seus olhos, que usa igualmente de misericórdia para com todos. É o que ela transmite na segunda parte da sua oração de louvor ou magnificat.

E transmite-o a partir da sua própria experiência pessoal. Deus fê-la feliz, bem-aventurada e ao longo dos tempos será glorificada como  a mais feliz das criaturas humanas, porque não pôs em primeiro lugar a sua segurança ou os seus interesses pessoais, como fazem hoje em dia todos os que vivem voltados exclusivamente para o prestígio, para o carreirismo, para a subida na vida, indiferentes à libertação dos homens e à vida digna a quem têm direito e que então faziam os que ela classifica como os “soberbos de coração”, os “ricos” e os “poderosos”. Esses fecham o seu coração a Deus e aos outros e, por isso, a sua vida é morte, é vazio, é “mãos vazias”. Serão capazes de encher a boca de solidariedade, de promoção humana, de igualdade de oportunidades, mas só pensam neles e fazem as leis ao seu jeito ou dos seus amigos. E para reforçar o seu discurso até serão capazes de caldear tudo isto com a fé, com as suas devoções a Nossa Senhora de Fátima, para não falar noutras.

Atenção! Não desviemos a nossa atenção para os políticos da atualidade, não sacudimos a água do nosso capote, porque o nosso “capote está bem cheio destas atitudes, desta água poluída que em vez de matar a sede aos nossos irmãos faz deles enfermos incapazes de sentir a misericórdia de Deus chegar até às suas vidas. Porque o nosso coração é do “rico”, “poderoso” e não de “pobre”, sensível como o de Maria, Deus não nos faz felizes, nem fazemos felizes os outros, apesar de pensarmos que estamos carregados de fé”.

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