Igreja do Algarve em festa pela ordenação de novo diácono rumo ao sacerdócio

A Diocese do Algarve viveu ontem mais um dia particularmente significativo com a ordenação de um novo diácono, de 32 anos, em caminhada para o sacerdócio.

“A celebração de uma ordenação, mesmo no grau do diaconado, constitui sempre um dia feliz para toda a nossa Igreja diocesana, um dia em que damos graças a Deus por este dom que nos concede e que, por esta celebração, torna presente na pessoa do António”, começou por referir D. Manuel Quintas no início da eucaristia de ordenação do diácono António Moitinho de Almeida, a que presidiu ontem à tarde na igreja de Santa Maria de Tavira, a sua paróquia de origem.

“Estamos, por isso, gratos a Deus, caríssimo António, pelo chamamento que o Senhor te fez, pelo acolhimento que este convite encontrou no teu coração e na tua vida, pelo testemunho favorável do povo cristão e dos responsáveis que te apresentam a mim e à nossa Igreja diocesana, por te dispores a acolher hoje, com total liberdade e disponibilidade, o dom que Ele te vai conferir pela imposição das minhas mãos e a oração desta assembleia”, prosseguiu o bispo diocesano.

O prelado lembrou que “o diácono recorda constantemente à Igreja, ou seja, a cada um dos seus membros, a caraterística específica e determinante da identidade que Cristo lhe deixou” e que se consubstancia no serviço.

D. Manuel Quintas destacou que “a palavra de Deus salientou ainda as qualidades que devem caraterizar o diácono: prudência, sobriedade, hospitalidade, caridade intensa, exercício do ministério como um mandato recebido de Deus e não como um direito”. O bispo do Algarve lembrou ainda que deve o diácono “ao falar servir-se das palavras de Deus”, para que “que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo”. “Aliás, a oração de coleta desta ordenação sintetizava muito bem com três afirmações todas estas qualidades: diligente no trabalho, humilde no ministério e perseverante na oração”, acrescentou.

D. Manuel Quintas enfatizou sobretudo a dimensão do serviço ligada ao ministério do diaconado. “Os diáconos configuram-se com Cristo-servo a quem representam. A natureza sacramental do ministério eclesial faz com que a eles esteja intrinsecamente ligado o carácter do serviço”, afirmou.

“O modelo por excelência é Jesus Cristo que assumiu livremente por nós a condição de servo que qualificou expressamente a sua ação como a diaconia, que recomendou aos seus discípulos para fazerem o mesmo. Esta característica, se bem que assume a maior relevância na vida e no ministério dos diáconos, constitui o distintivo de toda a igreja, recordada constantemente pelos diáconos, devendo por isso mesmo estar presente em cada um dos seus membros”, prosseguiu, exortando os muitos cristãos que encheram a igreja a, “agradecidos por este dom”, levarem em conta também o mesmo apelo a progredirem no “caminho do serviço e da dedicação aos outros”.

E tendo presente o quanto propõe o ritual da ordenação que se dirige concretamente àquele que vai ser ordenado, pediu: “E tu, caríssimo António, que vais entrar na ordem dos diáconos, vê o exemplo que o Senhor te deixou para que, como Ele procedeu, assim procedas tu também na tua condição de diácono, de ministro de Cristo-servo. Procura de todo o coração fazer com amor a vontade de Deus e, servindo ao Senhor, serve também aos homens com alegria. E como sabes que ninguém pode servir a dois senhores considera toda a impureza e o apego aos bens como servidão e idolatria”.

“No momento em que te aproximas livremente da ordem do diaconado, à semelhança daqueles que outrora foram escolhidos pelos apóstolos para o ministério da caridade, deves ser homem de bom testemunho no espírito santo e cheio de sabedoria. Exercerás o ministério constituído em celibato. Este é ao mesmo tempo um sinal e estímulo da caridade pastoral e fonte de fecundidade no mundo. Impelido por sincero amor para com Cristo e vivendo em perfeita consagração neste estado, unir-te-ás mais facilmente ao senhor de coração indiviso, entregar-te-ás com maior generosidade ao serviço de Deus e dos homens e mais livre servirás a obra da regeneração sobrenatural”, pediu ainda o prelado ao novo diácono.

D. Manuel Quintas pediu-lhe ainda que, “enraizado e firme na fé”, se apresente “irrepreensível e puro diante de Deus e dos homens como convém a ministros de Cristo e dispensadores dos mistérios de Deus”. “Não te apartes da esperança do evangelho, do qual deves ser ministro e não apenas ouvinte. Guarda o mistério da fé numa consciência pura. Mostra em tuas obras a palavra de Deus que pregas com os lábios para que o povo cristão, vivificado pelo Espírito, se torne oblação pura, agradável a Deus”, apelou.

“Meu caro António, consagramos e consagra tu próprio o teu ministério a Maria e ela te acompanhará com a sua proteção materna. Acolhe-a, por isso, como Mãe e escuta-a como mestra e modelo do teu serviço à Igreja no seguimento e identificação do Cristo que veio não para ser servido mas para servir e dar a vida”, pediu-lhe também.

O bispo do Algarve considerou ainda que aquela ordenação se deveu também à oração que tem sido recomendada “insistentemente em toda a diocese”. “Vamos continuar a rezar nesta etapa que o conduzirá ao sacerdócio, mas também para que aqueles que o Senhor continua a chamar encontrem no seu coração a disponibilidade e a disposição para responder aos seus apelos”, complementou, considerando aquela celebração uma “oportunidade” de continuar a pedir “vocações de consagração missionária, religiosa e também sacerdotal”.

Aproveitando a presença de vários jovens, alguns dos quais disse questionarem-se sobre o chamamento à vida consagrada, pediu-lhes que “não se sentissem sozinhos”, assegurando-lhes que “têm toda a Igreja diocesana com eles, que reza com eles e por eles, para que prossigam o seu discernimento”. Pediu-lhes ainda que “peçam ao Espírito Santo o dom da fortaleza para responderem com alegria e generosidade a esse chamamento de Deus”.

Após a homilia, a celebração prosseguiu com o rito da ordenação, constituído por alguns gestos significativos, mas que teve como momento mais importante o da ordenação propriamente dita com a imposição das mãos do bispo diocesano sobre o ordinando.

Outro dos gestos significativos foi a colocação das mãos do ordinando nas mãos do bispo, um gesto de comunhão e de unidade, prometendo-lhe obediência e reverência enquanto sucessor dos apóstolos, sinal e garante da unidade da Igreja e desta com a Igreja de Roma. Um outro aconteceu já depois das ordenações com o recém-ordenado a ser revestido com as vestes diaconais, recordando que, antes de mais, se deve continuar a “revestir de Cristo”.

Ao diácono foi entregue o livro dos evangelhos que agora, de modo particular, tem a missão de anunciar, mas sobretudo de “amar e viver”.

Igualmente significativo foi o abraço aos restantes diáconos presentes, para além dos muitos sacerdotes do Algarve e de fora da diocese, e o serviço ao altar prestado pelo novo diácono.

Fonte: https://folhadodomingo.pt

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