Celebração de abertura do Ano Missionário na Diocese do Algarve apelou ao empenho de todos

A Diocese do Algarve reuniu-se ontem para assinalar “festiva e alegremente o início do Ano Missionário”, na data em que a Igreja celebrava precisamente o Dia Mundial das Missões.

Na celebração de abertura do Ano Missionário, o bispo do Algarve lembrou que ele surgiu como resposta dos bispos portugueses à intenção do papa Francisco de “estimular a Igreja toda para esta dimensão missionária”. “Aquilo que levou o papa a instituir um mês missionário foi a passagem de cem anos de um documento do papa Bento XV [Carta Apostólica Maximum Illud], logo no ano a seguir à conclusão da Primeira Guerra Mundial”, lembrou D. Manuel Quintas, explicando que “os bispos em Portugal, não só acolheram com alegria esta decisão do papa Francisco, como decidiram que este mês missionário fosse celebrado como culminar de um Ano Missionário com início já neste outubro de 2018”.

“O objetivo principal desta decisão é despertar em toda a Igreja, e em particular em cada batizado, uma maior consciência da missão que Cristo confia à Igreja e dar um novo impulso missionário à vida e ao testemunho pessoal, bem como à transformação da própria ação pastoral”, prosseguiu, considerando que não basta “aumentar ainda mais” o “fervor missionário”, mas passa pela reestruturação da própria Igreja. “Todos os grupos e movimentos devem interrogar-se sobre o modo como [poderão] ser verdadeiramente missionários”, advertiu na celebração que teve lugar na igreja matriz de Albufeira por ser a terra natal do beato Vicente de Santo António, o missionário algarvio de maior expressão que foi martirizado em Nagasaki, Japão, em 1632.

O prelado lembrou, por isso, que “a Igreja existe para evangelizar”. “A Igreja somos nós. Este Ano Missionário é para cada um de nós”, observou, lembrando que a iniciativa “não é para alguns apenas”. “Os enviados, hoje, somos nós. E somos enviados a ensinar o evangelho, ou seja, ensinar quem é a pessoa de Cristo, de modo a proporcionar o encontro pessoal com Ele”, afirmou, advertindo que “sem este encontro pessoal não há missão”.

“Assim, também nós, Igreja do Algarve, queremos acolher e celebrar este ano como uma oportunidade para assumirmos pessoal e individualmente este dever, para dar maior vigor missionário às nossas paróquias, às nossas comunidades, aos nossos grupos eclesiais, abrangendo todos sem exceção”, continuou, apelando a “que ninguém se considere dispensado deste dever baptismal”.

O bispo do Algarve rejeitou que hoje seja “mais difícil anunciar o evangelho do que no passado”. “São as dificuldades de todos os tempos aquelas que temos hoje. Temos é que transmitir o evangelho de um modo diferente”, considerou, apelando à resistência ao “pessimismo agoniento e comodista”. “Às vezes, parece que ficamos também assim, com muito pessimismo, como se tudo dependesse de nós. Nós somos apenas instrumento. É o Espírito que converte”, alertou, garantindo que este atua “através” e “apesar” da “fragilidade” e do “pecado” dos membros da Igreja.

D. Manuel Quintas pediu então que cada membro da Igreja comece por si mesmo. “Antes de pensarmos naqueles aos quais somos enviados, criemos as condições exteriores e interiores para nos deixarmos reevangelizar. O Ano Missionário é, antes de mais, para nós. Há muito a fazer neste Ano Missionário sobre nós mesmos”, afirmou, desafiando cada cristão a “criar espaço e tempo para uma escuta mais disponível da palavra de Deus, tempos de silêncio, de oração, de interioridade”.

O bispo diocesano desafiou ainda cada um a “cultivar o sentido de pertença afetiva à própria comunidade paroquial” para que possa “ser Igreja em saída para as periferias urbanas e geográficas”, indo “ao encontro dos doentes, dos privados de liberdade que se encontram nas prisões, hospitais”.

D. Manuel Quintas rejeitou também que os agentes sejam poucos. “Não digamos que somos poucos, digamos antes que somos menos”, pediu, exortando à aprendizagem com os santos. Neste sentido, lembrou o beato Vicente, e “tantos e tantas” que ao longo da história, testemunharam “a sua paixão por Cristo e pelo evangelho, independentemente da língua, cultura ou localização geográfica onde realizavam a sua ação missionária”. “O seu testemunho missionário ecoa ainda hoje, de modo muito forte, no nosso coração e no coração da Igreja”, afirmou, evocando o testemunho do beato algarvio “presente na alegria, no entusiasmo, na coragem e no modo incansável de levar o evangelho a todos, traduzido numa vida totalmente dedicada aos outros e que em muitos, como ele, culminou com o próprio martírio”.

Após a eucaristia, iniciada com o rito de aspersão, concelebrada por um número significativo de sacerdotes de toda a diocese e composta por momentos significativos como o do ofertório expressivamente de cariz missionário, seguiu-se um outro momento celebrativo junto da estátua do beato Vicente de Santo António. “É ainda significativo que, como Igreja Diocesana, tivéssemos querido inaugurar o Ano Missionário neste lugar onde evocamos a ação de Deus na vida de Vicente, mártir missionário, nascido nesta terra e cristão da nossa diocese”, afirmou D. Manuel Quintas, antes da oração missionária que ali foi proferida.

Fonte: https://folhadodomingo.pt

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