Ad Limina

Os bispos de Portugal vão estar com o Papa e com os responsáveis dos vários organismos do Vaticano que dinamizam a presença Católica nos diferentes setores da pastoral e da sociedade, entre os dias 7 e 11 de setembro. Trata-se da visita “ad limina”, uma designação que faz referência à histórica caminhada de peregrinos até aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, “colunas” da Igreja, e sobretudo significa a relação estreita que cada bispo, como sucessor dos apóstolos, é chamado a afirmar e a promover, deslocando-se periodicamente junto do Papa, o que está no lugar de Pedro, o dos vários “sucessores” de Paulo, que promovem o anúncio da proposta cristã a todas as gentes.

A deslocação do episcopado português ao Vaticano acontece numa ocasião em que a voz do Papa tem alcance global, impacto mediático e aceitação generalizada pela maioria da opinião pública e eclesial. Assim, se as mensagens dirigidas aos bispos portugueses nas anteriores visitas ad Limina, tanto por Bento XVI, em 2007, como por João Paulo II, em 1999, mereceram atenção detalhada por parte da comunidade crente e marcaram o debate mediático, tal acontecerá com os desafios que o Papa Francisco deixar ao episcopado de Portugal.

A análise à situação do catolicismo em todo o mundo é normalmente feita a partir das propostas desafiantes, por vezes inovadoras, que o Papa argentino dirige consecutivamente a todos os setores da Igreja Católica e da sociedade. Por outro lado, a situação do catolicismo em diferentes partes do mundo acentua, por vezes, aspetos negativos, os problemas existentes, desvalorizando o entusiasmo que é necessário colocar na procura de soluções. E quando se começava a ouvir que algumas situações eclesiais não tinham “saída”, o Papa Francisco chega para dizer que é na “saída” que está a solução.

No livro “Saudades de Deus”, o padre Joaquim Carreira das Neves dedica um longo capítulo ao Papa e, na tentativa de descobrir o Deus que se procura e gera saudade, afirma que Francisco mostra-nos a “nova face de Deus que procuramos entre as nuvens da história”. E sugere que é nas raízes bíblicas, no encontro com os apóstolos da Igreja, Pedro e Paulo, que essa proposta de renovação está a acontecer, com dinamismos e tensões semelhantes aos primeiros séculos do cristianismo.

Para o padre Carreira das Neves, o Papa Francisco “está a prolongar a decisão dos apóstolos no Concílio de Jerusalém e, com oito cardeais que escolheu para o assessorar, está a inaugurar uma ‘saída’, repetindo: «pareceu-nos bem, ao Espírito Santo e a nós, refundar a Igreja de Cristo para o novo tempo da globalização da Humanidade»”.

O encontro dos bispos de Portugal com o Papa é uma participação neste propósito e uma afirmação da vontade comum de encontrar “saídas” para a proposta cristã na sociedade atual, onde se vislumbra a urgência de lhe dar mais voz do que às disposições políticas e económicas globais. Os fluxos migratórios e de refugiados confirmam essa necessidade e mostram também uma participação em curso na renovação proposta pelo Papa Francisco. Prova-o o facto, por exemplo, de ver incluída institucionalmente a Conferência Episcopal Portuguesa na Plataforma de Apoio aos Refugiados. Uma “saída” entre as muitas que se procuram…

Paulo Rocha,

Agência ECCLESIA

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