30 de junho de 2021- quarta-feira da 13ª Semana do Tempo Comum- Cura de dois endemoninhados

O PODER DE UM EXORCISMO

  1. Uma missão com pouco êxito. O evangelho de hoje narra a cura por Jesus de dois endemoninhados em terra de pagãos. Eram loucos tão furiosos, que ninguém de atrevia a passar por aquele caminho, anota o evangelista Mateus, que localiza o relato na região de Gadara, cidade costeira a sudeste do mar da Galileia. O termo “endemoninhado” não significa necessariamente possessão diabólica. Pode referir-se a doentes mentais: esquizofrénicos, epilépticos, etc., pois assim explicavam os judeus os transtornos psíquicos. Jesus conformou-se com a essa crença popular.

o relato de Mateus segue o de Marco, mas com diferenças notáveis. Dentro de um estilo muito mais sóbrio e menos imaginativo, difere em pontos como estes: em primeiro lugar, Mateus fala de dois indivíduos, em vez de um único que Marcos apresenta com mais verosimilhança. Os duplicados é tática de Mateus; por exemplo, os dois cegos de Jericó, e os dois cegos de Betsaida. Segundo a sua mentalidade, a mais judaica dos evangelistas, adere desta maneira à norma mosaica de duas testemunhas para acontecimentos mais importantes.

Em segundo lugar, Mateus suprime a insistência de Marcos em muitos detalhes acessórios e folclóricos a respeito do modo de vida dos dois loucos furiosos. E em terceiro lugar, a diferença mais notável de Mateus acha-se na não menção do desejo de seguir Jesus por parte dos curados e a missão propagandista que, segundo Marcos, Cristo confia ao doente restituído ao seu perfeito juízo.

O resultado global desta missão de Jesus em terra de pagãos é negativa para ele. O povo, ao ver afogada no mar a vara dos porcos em que, com permissão de Jesus, se meteram os demónios expulsos dos possessos, pediu-lhe que se afastasse da sua região. Cristo é rejeitado também pelos gentios, tal como pelos judeus. E Jesus, que acabava de mostrar-se inflexível com o mal, acede ao desejo dos gadarenos, porque o evangelho não é imposição, mas convite.

 

  1. Um poder mais forte que o demónio. Como milagre que é, a cura que nos ocupa é também sinal de que o reino de Deus chegou ao mundo dos homens por meio de Cristo e de que o Reino está operando já a vitória do bem sobre o mal. A lição fundamental do facto se depreende é que os exorcismos de Jesus libertam o homem do medo do poder do diabo e da submissão ao mesmo. Os demónios ficam submetidos instantaneamente com uma só palavra de Jesus, porque o poder de Deus vence qualquer outro poder. E nele deve confiar o crente.

No texto evangélico os demónios protestam porque Jesus os ataca antes do tempo: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste atormentar-nos antes do tempo?”. Segundo a escatologia judaica, no final dos tempos Deus ataria e castigaria os demónios que andam soltos pelo mundo fazendo mal aos humanos. Essa hora chegou com Jesus. Os demónios reconhecem que a duração da sua obra maléfica tem um limite importo por Deus. Com o seu poder sobre os demónios Jesus aniquila o império de Satanás e inaugura o Reino messiânico. O diabo sabe-o, mas os homens parecem não o compreender. Embora a manifestação definitiva de tal vitória de Cristo tenha lugar na escatologia consumada final, chegou já a hora em que é vencido por completo “o príncipe deste mundo” e o “poder das trevas”, como afirmou Cristo nas vésperas da sua paixão e morte.

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