29 de junho de 2023 – Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos

Pedro e Paulo representam dois caminhos diferentes, mas complementares de edificação da Igreja.

Crer e conhecer a Jesus é aceitá-lo e confessá-lo como o Salvador enviado por Deus para redimir a humanidade da sua escravidão ao pecado e da descrença, colocando-a no caminho da vida verdadeira pela fé no perdão de Cristo. Pedro e Paulo tinham esta convicção e não se negavam a confessá-la.

Nesta celebração, impelidos pela acção apostólica destas duas grandes colunas da Igreja, sejamos também nós capazes de juntar a tenaz fidelidade de Pedro e a capacidade de Paulo para servir o povo cristão e conduzi-lo pelos caminhos do Senhor.

 

“Levou-o até Jesus que, fixando os olhos nele” (Jo 1, 42)

 

Ser olhado por Jesus, como o foi Simão Pedro, é a maior de todas as glórias. Imaginemos um rei encantado olhando para um de seus súbditos, um homem apaixonado olhando para uma mulher, uma mãe cheia de carinho olhando para seu filho. Pode haver algo de melhor e mais exaltante? O olhar de uma pessoa apaixonada acorda na pessoa amada uma sensação de felicidade e segurança. Ela passa a sentir-se querida e privilegiada. Isto deve ter acontecido com Pedro quando Jesus fixou nele o olhar.

E, além de olhá-lo, Jesus muda o seu nome, preanunciando uma missão que seria, mais tarde, reconfirmada depois da ressurreição. “Apascenta minhas ovelhas” (Jo 20,15s). Pedro não foi merecedor, sem dúvida, de tanta distinção. Para ele, tudo foi graça de Deus.

 

 

“Tu és Pedro…” (Mt 16,18a)

 

Até que ponto o nome de uma pessoa descreve a sua personalidade? Sem querer entrar no mérito da questão, uma série de associações interessantes pode ser feita com o nome de Pedro.

Pedro deriva de pedra. O apóstolo caracterizava-se pelo espírito de liderança, cujas respostas impulsivas vinham de pronto, como arremessos de pedras. E ainda que as mesmas, às vezes, o deixassem em maus lençóis, eram a expressão firme e sólida de suas convicções.

Um dos exemplos mais conhecidos é aquele em que o Senhor Jesus pergunta aos discípulos “Quem dizeis que eu sou?” Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

Quando os discípulos aqui são desafiados por Jesus sobre a sua fidelidade, mais uma vez Pedro assume seu papel de líder e responde pelos discípulos, dizendo: “Nós temos fé e sabemos que és o Santo de Deus”.

A resposta que Pedro deu, era a expressão das suas convicções e a dos seus companheiros. Os três anos de convivência, com seus altos e baixos, mais e mais confirmavam as suas convicções de que Jesus era de facto o que ele dizia ser: o Santo, o Prometido, o Messias.

 

 

“…e sobre esta pedra construirei minha Igreja” (Mt 16,18b)

 

Crer e conhecer a Jesus é aceitá-lo e confessá-lo como o Salvador enviado por Deus para redimir a humanidade da sua escravidão ao pecado e da descrença, colocando-a no caminho da vida verdadeira pela fé no perdão de Cristo. Pedro e seus companheiros tinham esta convicção e não se negavam a confessá-la.

O pecador acostumado às redes e resoluto nas palavras jamais imaginaria que seu Mestre lhe desse honra tão grande a ponto de ser chamado Pedro, isto é, pedra, algo duro, resistente. Acontece, porém, que ele teve a resposta certa na hora certa. Por isso, uma vez que a sua “revelação” foi feita e aceite, o antigo Simão torna-se Pedro, a pedra que se integra na pedra maior, que é o próprio Cristo (1 Cor 10,4), a pedra sobre a qual foi construída a Igreja.

 

 

Um monumento solitário?

 

Mas, será que esse Pedro tornou-se um monumento solitário, uma espécie de ilha cercado por um mar de descrença por todos os lados? De modo algum. Junto dele havia, pelo menos, mais dez pessoas com a mesma resistência de fé. E pouco tempo depois esse número teria aumentos sensacionais.

No entanto, nós, às vezes, sentimo-nos um tanto solitários. Vamos à igreja, é verdade. Dizemos a Jesus nos hinos, no Credo, nas orações, que Ele é Cristo. Vemos ao lado muita gente fazendo o mesmo. No dia seguinte, porém, a alegre exclamação já parece um tanto desbotada, e a Igreja dá-nos a nítida impressão de ter sido engolida pelas forças opostas.

De facto, este mundo social e cultural que habitamos não é o mundo da igreja. Há um conflito às vezes claramente aberto, às vezes apenas pressentindo, mas permanentemente. É então que ameaçamos desabar.

Muito bem. Qual a novidade? Pedro também não desabou quando, ao lhe parecer que o inferno havia dominado tudo, negou a Jesus? O importante no caso é não cair no desespero. É confiar naquele que enfrentou tudo e nos garante que as portas do inferno não levarão vantagem sobre a Sua Igreja. E não levarão mesmo.

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