24 de abril de 2022 – 2º Domingo da Páscoa – Domingo da Divina Misericórdia

A liturgia dos Domingos do Tempo Pascal faz-nos contemplar Cristo Ressuscitado e, a partir d’Ele, leva-nos a olhar para a Comunidade Cristã como um lugar privilegiado de encontro com Jesus vivo e Ressuscitado. A comunidade nascente congrega-se à volta daqueles que foram testemunhas da vida, morte e ressurreição de Jesus.

O exemplo dos primeiros cristãos deve produzir frutos no meio das nossas comunidades.

 

O Domingo, dia do “encontro” com Jesus Ressuscitado

O evangelho narra-nos duas manifestações de Jesus: uma na tarde do próprio domingo da Ressurreição, a outra, oito dias depois. Nas duas ocasiões Jesus apresenta-Se com as mesmas palavras: «A paz esteja convosco!». Em ambos os encontros Jesus mostra os sinais da sua paixão.  O evangelista relata estas duas manifestações como tendo acontecido ao domingo.  Não é para admirar que o primeiro dia da semana se torne para os cristãos o dia do Senhor (= domingo).

Os que fazem a experiência do Ressuscitado são os mesmos, menos Tomé. Inicialmente exige provas, só acredita vendo. Não valoriza o testemunho da Comunidade. Não percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Fora da comunidade, não encontra o Cristo ressuscitado. Depois, voltando à comunidade, no “dia do Senhor” (Domingo), encontra-O e faz uma linda profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”. Quem não encontrou o Ressuscitado na Comunidade precisa de “provas” para acreditar.

Geralmente todos nós somos atraídos pelo «caso» S. Tomé. S. João escreve este texto por volta do ano 95 d.C. e escolhe este apóstolo como símbolo da dificuldade que todos os discípulos tiveram para chegar à fé. Com este episódio, o evangelista procura responder às dificuldades e obstáculos que os cristãos das suas comunidades fazem ouvir cada vez mais insistentemente.  

São cristãos de uma geração que não vira o Senhor Jesus e talvez a maioria deles nem sequer tenha contactado com algum dos apóstolos. Têm muitas dúvidas em acreditar que Jesus tenha mesmo ressuscitado. Gostariam de ver, tocar, conseguir verificar. João quer dizer aos cristãos destas comunidades (e também a nós) que o Ressuscitado possui uma vida que não consegue ser detectada pelos nossos sentidos, uma vida que não se pode tocar com as mãos, nem se pode ver com os olhos. Só pode ser detectada pela fé, pois quem tem a certeza do que é evidente, tem a prova irrefutável dum facto, mas não a fé. Não é possível ter provas científicas da ressurreição. Se alguém quer ver, comprovar, tocar, deve desistir de ter fé.

Enquanto nós geralmente dizemos «felizes os que viram», Jesus afirma, felizes os que não viram, pois a sua fé é mais autêntica e mais pura.

 

A comunidade cristã, presença de Cristo Ressuscitado

No Evangelho faz-se ouvir a voz de Cristo, a sua pessoa que transparece com mais intensidade na comunidade, que se reúne para celebrar a Eucaristia, o domingo, dia do Senhor.

Cada um de nós é convidado a dar a sua adesão, mas também pode recusar, pois não há provas para além da própria Palavra. Quem, como Tomé, não está presente nesses encontros da comunidade, não pode fazer a experiência do Ressuscitado. Não basta rezar em casa, assistir à missa pela TV, quando se tem possibilidade de reunir com a comunidade. Em casa podemos fazer a experiência de Deus, mas não a do Ressuscitado, porque Ele se faz presente onde a Comunidade está reunida. Quem não encontra o Ressuscitado tem necessidade de provas para acreditar, provas que não poderá obter.

A comunidade cristã deve ser voz e sinal visível da presença de Cristo ressuscitado.

 

O testemunho, hoje, das comunidades cristãs

Os cristãos das primitivas comunidades constituíam uma família, eram solidários uns com os outros e sentiam-se responsáveis por tudo o que acontecia aos seus irmãos.

Hoje, somos chamados de novo a apresentar ao mundo as mesmas obras, testemunhando que Jesus está vivo. Não basta rezar muito e meditar na Palavra, se as nossa obras não são coerentes com a fé que dizemos professar. Só vendo as nossas obras e verificando a veracidade dos nossos gestos as pessoas poderão acreditar.

Mas, será que a vida nas nossas comunidades é conforme ao que celebramos? Fora da igreja comportamo-nos realmente como irmãos, ajudando-nos, sentindo os seus problemas como nossos? Partilhamos os bens com os mais necessitados ou, egoisticamente só pensamos nos nossos interesses e na própria família?

 

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