23 de outubro de 2022 – 30º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Os textos bíblicos de hoje falam-nos da oração. Na parábola evangélica, tanto o fariseu como o publicano, rezam no templo, mas só este último agradou a Deus.

 

Oração humilde e confiante.

O tema principal deste Domingo é a oração. Iniciamos a Eucaristia rezando assim: “Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade.” Sem fé não podemos agradar a Deus, pois quem d’Ele se aproxima precisa de acreditar que Ele existe e recompensa os que o procuram.[1] A oração agradável ao Altíssimo é a que brota do coração do homem crente, humilde e confiante. O autor sagrado sabe que Deus atende “os gemidos dos pobres, dos órfãos e das viúvas.”[2]

Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano de uma forma tão realista, que nunca mais nos vamos esquecer. “Dois homens subiram ao Templo para rezar. Um era fariseu e o outro publicano.” O fariseu corresponde a uma classe de pessoas irrepreensíveis no cumprimento dos seus deveres: “Meu Deus! Eu vos dou graças, porque não sou adúltero, ladrão, injusto como os outros.” Trata-se de um homem fiel e muito generoso. A Lei pedia um dia de jejum, ele jejuava duas vezes por semana. Então o que estava mal? Jesus responde: “Todo aquele que se exalta será humilhado.” O publicano corresponde à imagem do homem pecador, encarregado de receber os impostos, era o símbolo da decadência moral para os judeus. Então porque alcançou a benevolência divina? Quem são os destinatários deste ensinamento? Jesus dirige-se a todos aqueles que estão convencidos de que são justos, mas desprezam os outros. Ser justo é um ideal muito positivo. No sentido bíblico, ser justo equivale a ser santo, equivale a ser perfeito. Justo é aquele que conforma a sua vida com a vontade de Deus. Mas como é possível ser justo e desprezar os demais? Desprezar o próximo é o oposto do mandamento divino, que nos exorta: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”[3] Será que também sentimos a forte censura de Jesus? Não é verdade que às vezes nos orgulhamos e consideramos superiores aos outros? Na vida espiritual não podemos agradar a Deus e desprezar os irmãos. São pobres? Prestemos-lhe auxílio. São pecadores?

São Lucas apresenta-nos muitas vezes Jesus cheio de compaixão, ternura e misericórdia para com os abatidos, os humildes. Jesus é a imagem do Pai celeste de quem o salmo de hoje (Salmo 33), diz que “Deus está próximo dos corações atribulados, pronto para salvar os abatidos!” O Publicano, na sua humildade, bate no peito, acha-se indigno de entrar no santuário e fica ao fundo. Não julga ninguém, mas olha para si mesmo e pede perdão: “Senhor, tem compaixão de mim, que sou pecador!” Jesus diz que este homem pecador desceu justificado para sua casa, porque “quem se humilha será exaltado.” (Lucas 18,14) Sejamos agradecidos: “Senhor, Vós dais a maior prova do Vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis. Humildemente Vos pedimos: derramai sobre nós a abundância Vossa divina misericórdia.” (Cf Oração Coleta do XXVI Domingo)

A primeira leitura ajuda-nos a compreender melhor a parábola contada por Jesus no Evangelho. Ficamos a saber que Deus atende a prece que brota de um coração humilde, contrito, abatido. Deus é amor misericordioso e está sempre pronto a perdoar aos que têm um coração humilhado e contrito, mas resiste aos soberbos de coração, aos que pensam que a salvação se deve às suas obras: Ora a salvação é dom de Deus. Ninguém se pode gloriar. “É pela graça que fostes salvos, por meio da fé. A salvação não vem de nós, é dom de Deus. Não se deve às obras, ninguém se pode gloriar.”[4]

Irmãos, a exemplo de S. Paulo, na segunda leitura, sejamos bons trabalhadores, construindo o Reino e tenhamos uma confiança total em Deus que “nos dará a coroa de glória!” Por agora, esforcemo-nos humildemente por “combater o bom combate da fé.” Como o publicano queremos ser justificados por Deus! Não nos orgulhamos das nossas boas obras, mas pedimos perdão dos nossos pecados. “Meu Deus, imenso é o teu Amor, Tu olhas para mim. Eu sou um pobre pecador, acolhe-me assim. É grande a paz no meu olhar, olhando para Ti. Quisera eu saber-Te amar, Senhor estou aqui.” (P Henrique Faria)

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