23 de junho de 2022 – Solenidade de São João Batista

Como a Virgem Maria, São João Baptista é o único Santo de quem a liturgia celebra o nascimento terreno.

Ele é a «voz» e «testemunha» de Jesus, indicando-O como Filho de Deus, quando viu o Espírito Santo repousar sobre Ele, no momento em que Jesus emergia da água do baptismo.

Celebremos a solenidade do seu nascimento pedindo a coragem de também sermos capazes de testemunhar, como São João Baptista, o amor e a verdade de Cristo a todos os homens.

De coração contrito e com propósito firme de emenda, peçamos perdão ao Senhor de todas as nossas infidelidades a esse testemunho.

 

Deus escolhe Israel para ser a luz e salvação das nações

A primeira leitura do dia de hoje recorda-nos o desterro do povo israelita na Babilónia, cinco séculos antes da vinda de Cristo. A lembrança daqueles anos distantes suscita mágoa e tristeza por estar reduzido a um pequeno grupo de exilados dos quais apenas se pode ter compaixão. Todavia, mesmo nesta situação calamitosa, Israel é escolhido “para ser a luz das nações e levar a salvação até aos confins da terra”.

As escolhas de Deus, tendo como única explicação o seu amor gratuito, são sempre dirigidas ao cumprimento de uma missão e  nunca estão ligadas a virtudes ou à qualidade do homem.

Como o servo de que fala a leitura, também São João foi escolhido desde o seio materno e repleto da força de Deus em vista à execução das promessas do Senhor: preparar o caminho a Cristo, luz das gentes.

 

A passagem das promessas do Senhor à sua execução

Quando Israel estava perseguido, decepcionado, desanimado, infeliz, surgiu sempre alguém que, em nome de Deus, pronunciou palavras de consolo e de esperança, profetizou uma próxima libertação, assegurou uma nova era.

O Evangelho de hoje apresenta a ocorrência que determinou a alvorada desse novo dia, a passagem das promessas do Senhor à sua execução.

O nascimento de João Baptista é visto como um acto de «compaixão» do Senhor em relação a Isabel. O seu ventre interpreta a humanidade: sem actividade, sem esperança, sem futuro. Deus intervém do alto para lhe restituir a vida, movido apenas pelo seu amor. E nesta ocasião expande-se a alegria que abrange pais, familiares e vizinhos. Sucede sempre assim quando Deus entra na história dos homens.

Relata o texto que ao oitavo dia levaram o menino a ser circuncidado, a tornar-se um israelita como o seu pai. É nesta altura que ganha importância o nome que recebe, o qual indica a sua condição, as suas qualidades, o seu destino. Já não se pode chamar Zacarias como o sacerdote, seu pai, pois o anjo que lhe aparecera no templo já indicara o nome querido por Deus: «João», que significa «o Senhor operou a graça, mostrou a sua bondade».

No templo, Zacarias ficara mudo, agora abrem-se-lhe os lábios e as palavras que profere não dizem respeito ao menino, mas ao Senhor. São palavras de bênção e canta as maravilhas que o Senhor vinha fazer, como tinha prometido por intermédio dos profetas.

João passa a adolescência e a juventude no deserto, onde prepara a sua missão. Agora está pronto a desenvolvê-la e anunciará ao povo Aquele que o há-de guiar para a liberdade: Jesus de Nazaré. Proclama uma mudança radical de mentalidade para O acolher, como início e cumprimento das promessas.

 

Início e o cumprimento das promessas

Por isso S. Paulo, como nos relata a segunda leitura, introduz a figura de João como o último dos profetas, encontra-se no final de uma época de espera e marca o início do cumprimento das promessas. Recorda da sua obra de precursor: a pregação de um baptismo de conversão através da mudança de mentalidade, para tomar parte na obra de salvação do Messias que está para chegar; recusa-se em ser considerado esse Messias e o seu testemunho indica que o Messias é maior do que ele.

João não quer que os olhos sejam apontados para ele, mas para um outro, Aquele ao qual «não será digno de desatar as correias das sandálias». É para Jesus que é preciso olhar.

O caminho de conversão que João nos convida a experimentar é extenso, sério, misterioso e, às vezes, intolerável para a nossa maneira de pensar. Também ele o percorreu. Esta «vocação» reaparece também para cada um de nós, pois somos chamados a cumprir a missão de levar a luz de Cristo aos homens do nosso tempo. Só quem tem a audácia de se deixar embarcar nesta mudança verá aquilo que o Baptista viu «quando terminou a sua missão».

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