16 de outubro de 2022 – 29º Domingo do Tempo Comum – Ano C

“Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”.

Com este título envia o santo Padre a mensagem para o dia mundial das missões. A consciência de que o nosso ser e missão, batizado no mistério de Deus, na sua comunhão trinitária, está vinculado à “fisionomia” de Cristo Jesus, o Verbo feito Carne, feito Homem. E assim, perceber mais facilmente até onde chega esse dinamismo que marca a nossa personalidade e a nossa missão. Um vínculo profundo com Deus e com os irmãos.

Ser batizado leva em si a exigência de responder com a vida toda e toda a vida à pergunta essencial que o batismo exige: queres ser santo? Santidade que corresponde ao dinamismo da misericórdia e da graça que brota generosa e indiscutivelmente para todos, mas que supõe a docilidade preciosa e bela da nossa liberdade, na adesão, na aceitação e no caminho constante para se adquirir aquela maturidade humana e cristã que este desafio supõe. Uma maturidade que nos leva a amar e servir todas as pessoas para além das simpatias, dos nossos gostos e interesses pessoais, para além dos caminhos árduos, dos obstáculos e das lutas. Uma santidade que respira vida em oração constante e permanente. Uma santidade contagiante!

Aos seus discípulos, a todos nós, confiou Cristo esta missão: ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho. Ide por todo o mundo e levai o olhar, o sentir e o amar de Deus. Ide e levai o Evangelho que supõe ser vivido na conversão e dinamismo de uma transformação radical, na vida pessoal e comunitária. Tornai visíveis os sinais que a presença de Cristo revela: acolhimento do evangelho, conversão, santidade, justiça, dignidade humana. A vossa vida seja anúncio da Palavra de Deus e do Seu Evangelho, sempre útil para ensinar, persuadir e corrigir. Vida doada no quotidiano discreto e cheio de maturidade, ou doada na sua forma mais eloquente: evangelho escrito nas lágrimas, no suor e no sangue.

 

Urgente: Permanecer Firme e Dinâmico.

É sempre urgente o ser e a missão do Cristão. Cada vez mais importante descobrir a nossa essência de cristãos, o dinamismo existencial de cada pessoa que se ilumina de forma tão rica, coerente e bela, numa antropologia iluminada pelo projeto da Criação, e sobretudo pela Encarnação de Deus. A nossa missão não resultará se o nosso ser cristão não estiver bem iluminado por esta profundidade antropológica. E hoje diante de tantas ideologias, sem verdadeira fundamentação científica, com veladas traições ao ser humano e a um humanismo autêntico e integral! Porque atraiçoar esta coerência antropológica significa atraiçoar o belíssimo projeto da criação, significa atraiçoar o ser humano, a natureza, a criação. Significa poluir, gerar caos e destruir.

O discípulo de Cristo percebe que é enviado, convidado a sair para “lutar”. Temos sobretudo de nos saber defender e defender a riqueza da revelação e da autêntica tradição cristã. A liturgia da Palavra deste domingo faz-nos apelo a uma oração e a um combate persistentes. Significativo da 1-ª Leitura: Sair e combater. O Processo das mãos e da oração: Mãos levantadas, mãos caídas, mãos pesadas, mãos seguradas e mãos firmes. Uma oração exigida numa realidade concreta. Levantadas e avanço; caídas e retrocesso. Mãos apoiadas e seguradas, mãos que se unem, o pessoal e o comunitário. Mãos firmes, na unidade, trazem vitória. A frescura da parábola de Jesus, na persistência de uma pobre viúva, aparentemente ineficaz e indefesa, diante de um juiz de coração sem Deus e sem humanidade, mas que cede depois de tanta insistência, persistência e paciência. Ou a 2-ª Leitura: permanecer firme na fidelidade, no conhecimento e conteúdo da fé, na revelação e na autêntica tradição, beber e saciar-se da Palavra de Deus, e daí perceber que “é útil para ensinar, corrigir, persuadir, formar segundo a justiça”, de forma constante e permanente:” insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça, e exorta, com toda a paciência e doutrina”.

 

A necessidade de orar sempre sem desanimar.

Diz-nos o Papa Bento XVI: “A oração atravessa toda a vida de Jesus (…) e hoje gostaria de começar a olhar para Jesus, para a sua oração, que atravessa toda a sua vida, como um canal secreto que irriga a existência, as relações e os gestos, e que O guia, com firmeza progressiva, rumo ao dom total de Si mesmo, segundo o desígnio de amor de Deus Pai” (Bento XVI, audiência de 30/11/2011).

Oração centrada na Palavra de Deus, na leitura orante da sagrada Escritura. Ela é um dom a ser acolhido com compromisso, constância, persistência e permanência contínua. “Hoje, os cristãos são chamados a tornar-se testemunhas de oração, precisamente porque o nosso mundo se encontra muitas vezes fechado ao horizonte divino e à esperança que contém o encontro com Deus. Na amizade profunda com Jesus e vivendo nele e com Ele a relação filial com o Pai, através da nossa oração fiel e constante, podemos abrir janelas para o Céu de Deus. Aliás, ao percorrer o caminho da oração, sem uma consideração humana, podemos ajudar outros a percorrê-lo: também para a oração cristã é verdade que, caminhando, se abrem veredas (…), eduquemo-nos para uma relação intensa com Deus, para uma prece que não seja esporádica, mas constante, cheia de confiança, capaz de iluminar a nossa vida, como nos ensina Jesus. E peçamos-lhe que possamos comunicar às pessoas que estão próximas de nós, àqueles que encontramos ao longo do nosso caminho, a alegria do encontro com o Senhor, Luz para a nossa existência” (Bento XVI, audiência de 30/11/2011).

Oração que nos leva à Fonte Trinitária do nosso batismo e que nos configura sempre a nossa identidade e missão. Oração que tem um itinerário eucarístico, que nos leva a percorrer todos os espaços da vida, a iluminar e curar todas as dimensões, que é geradora do testemunho de coerência e de amorosa convicção, que é anunciadora entusiasmante da presença viva do Ressuscitado.

Uma oração vivenciada nas dimensões da fé, da esperança e da caridade, elementos fundamentais da proposta cristã, apoiadas pelas virtudes humanas, diálogo promissor na relação com as pessoas e com as estruturas sociais e eclesiais. Oração que nos faz descobrir os nossos dons e talentos e as prioridades e oportunidades. Oração geradora de fortaleza na relação das nossas capacidades e engenhos com a ação da graça de Deus.

Maria, missionária de excelência, destinada por Seu Filho para ensinar no magistério da sua maternidade, tem um apelo constante ao segredo da missão: oração, conversão e santidade. Disse-nos que a oração e a nossa entrega pessoal tem a capacidade de transformar radicalmente o mundo.

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