16 de julho de 2023 – 15º Domingo do Tempo Comum – Ano A

A ideia mestra deste Evangelho assenta na Palavra de Deus, que deve ser para cada um de nós, tal como a Eucaristia, verdadeiro alimento. Afirmam os teólogos que assim «como seria terrível sacrilégio profanar a Eucaristia, seria também sacrilégio atentar contra a integridade e a pureza da Palavra de Deus». A Bíblia é, pois, considerada sagrada e a ela não se pode «tirar nem acrescentar nada». É transmitida fielmente através dos tempos e a Igreja baseia o seu ensinamento à luz da sua inspiração.

Todas as verdades dogmáticas e todas as grandes medidas disciplinares são afirmadas e divulgadas só depois de apreciadas e iluminadas pelos esplendores divinos da Palavra de Deus, imutável, sempre viva e atual. Mais ainda: a Palavra de Deus, além de alimentar e iluminar, é dinâmica, porque realiza o que proclama, é criadora e eficaz porque dá a vida e estimula o aperfeiçoamento de cada um de nós.

Ouvir, meditar, refletir sobre os ensinamentos de Deus, transmite-nos, direta e indiretamente, através da Sagrada Escritura é prática indispensável ao cristão que queira ser fiel ao seu baptismo e abeirar-se da Eucaristia e dos outros sacramentos. O esforço no sentido do conhecimento da Palavra (ou o Verbo divino) é condição básica para quem queira ser cristão convicto que deseje aumentar a sua fé e a ponha em prática na sua vida. «A fé sem obras é morta», sabemo-lo bem.

O trecho de hoje, sobre a parábola do semeador é dos que melhor se prestam para uma meditação pessoal, pois nos leva a refletir se somos ou não campo aberto e profundo à Palavra de Deus. O desejo de justiça, de paz e de amor fraterno são os frutos da Palavra que, semeada, faz desabrochar e faz nascer uma humanidade nova em cada pessoa.

Reparemos na beleza maravilhosa do salmo desta celebração em que é cantada a alegria e a bênção de toda a Criação sempre que acolhe a visita do Senhor, pois os Seus «caminhos ressumam abundância». Concretamente nós, cada um de nós, deve cuidar e cultivar o seu coração, para que, preparado como boa terra, possa receber a mensagem de Deus, através do Seu Filho, o Verbo Divino feito Homem. Sejamos, pois, sinceros para connosco mesmo no exame de consciência que fizermos…

Numa simbologia que posteriormente explica com clareza aos ouvintes que O interpelam porque querem entender, Jesus utiliza a linguagem figurada das parábolas, usando o costume muito antigo de narrar histórias que contenham veladamente realidades e princípios gerais. Usando este método a Verdade só é revelada àqueles que A procuram. É respeitada, assim, a liberdade que dignifica o homem ao dar-lhe a possibilidade de escolher o seu destino: de querer, ou não querer, aceitar a mensagem da Palavra.

Jesus usa, portanto, como meio pedagógico da sua catequese a parábola. Não faz, porém, nunca uso da fábula que difere daquela. A parábola é uma narração alegórica que numa «comparação prolongada» encerra verdades ou preceitos de moral importantes, enquanto que a fábula é uma narrativa de acontecimentos inventados imaginativos em que aparecem animais a falar como pessoas. Portanto, se a parábola é verosímil, a fábula não é crível na sua formulação. Daqui se conclui que a fala de Jesus era singela, nas imagens naturais, que ia buscar, ao dia a dia, e cheias de convicção. São, por isso, ainda hoje, e sê-lo-ão sempre até ao fim dos tempos, acessórios a todos os que querem de facto, mesmo do fundo do seu íntimo, ouvir e ver.

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