15 de setembro de 2015 – Nossa Senhora das Dores

Ao viver no meio dos homens, Jesus aponta-nos o Caminho por onde devemos seguir. Ele é o único que nos conduz à Salvação. Caminho longo, difícil que vai até à Cruz.

Conhecendo as dificuldades que experimentaríamos ao percorrê-lo, o Senhor quis ficar no Sacramento da Eucaristia. Nele encontramos a força para retomar e arrancar por este caminho em cada momento.

Até à última reforma litúrgica, comemorava duas vezes a Igreja as dores de Nossa Senhora: na sexta-feira anterior ao Domingo de Ramos, fixava-se sobretudo no sofrimento de Maria como Mãe de Cristo Vítima; no dia 15 de setembro comemorava Maria como Mãe da Igreja sofredora, Corpo Místico do Senhor. Atualmente apenas se pode solenizar com duas missas e somente, nos templos onde se fizer alguma solenização, apropriada, a primeira destas duas comemorações. É tempo da Quaresma e a Igreja desvia tudo quanto possa retirar o nosso olhar da Paixão de Cristo.

Celebrada com grande solenidade pelos Servitas desde o século XVII, a segunda festa de Nossa Senhora das Dores foi estendida a todo o mundo em 1817, pelo Papa Pio VII, para recordar os sofrimentos que a Igreja estava atravessar na pessoa do seu Chefe, exilado e cativo do Imperador Napoleão e que por fim foi libertado devido à proteção da Santíssima Virgem. São Pio X, em 1908 elevou a categoria litúrgica desta comemoração e em 1912 fixou a 15 de setembro a sua celebração, como oitava da Natividade de Maria.

QUANTO SOFRES

Sete são as dores de Maria veneradas pela piedade cristã: profecia do santo velho Simeão; fuga para o Egipto; perda de Jesus no Templo; encontro no caminho do Calvário; contemplação de Jesus agonizante; lança que Lhe rasgou o peito; sepultura. A principal dor que a todas as outras sobreleva é a participação de Maria na Paixão e Morte de seu Filho.

A intensidade da dor mede-se pela intensidade do amor. Sente-se muito mais a morte dos pais ou a perda dos filhos do que dos parentes longínquos ou dos estranhos, aos quais não nos ligam especiais laços de amizade. Ora nunca mãe alguma amou tanto o seu filho – o melhor de todos os filhos – como Maria amou Jesus. Era seu filho único, e, após a morte de São José, o seu maior amor neste mundo, a razão do seu existir e o centro da sua vida. Aumentou muito o sofrimento de Maria a atrocidade com que trataram Jesus.

Se nunca houve quem tanto sofresse no corpo como Cristo, também nunca ninguém sofreu tanto na alma como Maria. É a Rainha dos Mártires e a Igreja aplica-lhe as palavras do Profeta Jeremias: «Ó vós todos que passais, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor».

COMO SOFRE

Como sofre Nossa Senhora tantas e tão grandes dores? Com perfeita resignação em plena conformidade de vontade com os desígnios adoráveis de Deus, sem proferir uma palavra de queixa. Com uma generosidade de sentimentos que parecia impossível num coração de mãe: no seu coração prevalece o zelo da glória de Deus e da salvação do mundo ao desejo de conservar a vida de seu Filho. Com uma constância heroica conserva-se de pé junto à cruz até que seu Filho dê o último suspiro. Com uma invencível mansidão e caridade incomparável, une-se a Jesus na súplica que Ele faz pelos seus próprios algozes.

PARA QUE SOFRE

Para que suportaria tão grandes dores? Para que acompanha seu Filho e assiste à sua morte no Calvário? Para cooperar com Jesus na salvação da humanidade. Não fomos remidos apenas pela paixão e morte de Cristo, senão também pela compaixão de Maria. Jesus, Redentor e Mediador, num desígnio de amor, quis associar sua Mãe à obra divina da salvação do mundo. Maria nossa Mãe na ordem espiritual, porque nos ajudou a salvar e nos gerou para a vida eterna. Foi aí precisamente que o Salvador no-l’A deu como Mãe na pessoa do discípulo amado, São João.

Quis também Maria acompanhar seu Filho, confortá-lo com seu carinho e com o seu olhar entristecido de Mãe amorosa.

Não é certamente alheio à sua dor o desejo de nos ensinar a sofrer como Ela por amor de Cristo e salvação do mundo, pela conversão dos pecadores e para a edificação da santa Igreja, Corpo Místico de Jesus Cristo.

 

Para a nossa contemplação e meditação neste dia, nada podemos escolher de melhor do que ler a sequência.

 

Estava a Mãe dolorosa,

Junto da cruz lacrimosa,

Enquanto Jesus sofria.

 

Uma longa e fria espada,

Nessa hora atribulada,

O seu coração feria.

 

Oh quão triste e tão aflita

Padecia a Mãe bendita,

Entre blasfémias e pragas,

 

Ao olhar o Filho amado,

De pés e braços pregado,

Sangrando das Cinco Chagas!

 

Quem é que não choraria,

Ao ver a Virgem Maria,

Rasgada em seu coração,

 

Sem poder em tal momento,

Conter as fúrias do vento

E os ódios da multidão!

 

Firme e heróica no seu posto,

Viu Jesus pendendo o rosto,

Soltar o alento final.

 

Ó Cristo, por vossa Mãe,

Que é nossa Mãe também,

Dai-nos a palma imortal.

 

* Maria, fonte de amor,

Fazei que na vossa dor

Convosco eu chore também.

 

Fazei que o meu coração

Seja todo gratidão

A Cristo de quem sois Mãe.

 

Do vosso olhar vem a luz

Que me leva a ver Jesus

Na sua imensa agonia.

 

Convosco, ó Virgem, partilho

Das penas do vosso Filho,

Em quem minha alma confia.

 

Mãos postas, à vossa beira,

Saiba eu, a vida inteira,

Guiar por Vós os meus passos.

 

E quando a noite vier,

Eu me sinta adormecer

No calor dos vossos braços.

 

Virgem das Virgens, Rainha,

Mãe de Deus, Senhora minha,

Chorar convosco é rezar.

 

Cada lágrima chorada

Lembra uma estrela tombada

Do fundo do vosso olhar.

 

No Calvário, entre martírios,

Fostes o Lírio dos lírios,

Todo orvalhado de pranto.

 

Sobre o ódio que O matava,

Fostes o amor que adorava

O Filho três vezes santo.

 

A cruz do Senhor me guarde,

De manhã até à tarde,

A minha alma contrita.

 

E quando a morte chegar,

Que eu possa ir repousar

À sua sombra bendita.

Check Also

1 de maio de 2024- São José Operário

1.      A importância e o valor do Trabalho. Deus, Criador de tudo quanto existe, podia dar-nos …

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.