15 de março de 2020 – 3º Domingo da Quaresma -Ano A

A vida é o maior bem terreno e, por tendência natural, todos desejamos a vida, todos temos sede de viver. Ora, sem água não é possível a vida. Esta é uma verdade científica comprovada, que a tradição popular de todos os tempos sempre manifestou nos seus costumes e práticas tanto religiosas como culturais. Portanto, já na antiguidade, o elemento natural – água – era considerado símbolo da vida. Jesus aproveitou esta convicção, melhor, esta verdade objetiva no campo material e transpô-la para o campo espiritual. O belíssimo texto que o Evangelista São João nos deixou. Ao ver a aberta adesão da Samaritana à Sua palavra, Jesus fala-lhe na água viva de que figuradamente é detentor para a salvação do mundo. Usando nós uma linguagem de comparação podemos identificar Jesus Cristo com a água que nos pode dessedentar, pois que a Vida eterna só se pode alcançar com a graça santificante de que Ele é o portador. Esta água viva é a vida sobrenatural, é a graça, é a certeza da salvação para todos aqueles que acreditarem na mensagem de Deus, trazida e vivida por Cristo, e se esforçarem por a pôr em prática. O esforço do nosso peregrinar na terra é muitas vezes doloroso e somos apanhados pelo cansaço, pelo calor, pela sede, pelo desânimo… e só Cristo nos pode então valer como fonte de água que não só mata a nossa sede de infinito, de absoluto como também, tal como a água, nos limpa e nos purifica da sujidade do pecado. Através dos sacramentos que institui para apoio na nossa caminhada para a felicidade eterna, comunica-nos a Sua própria vida. Pelos sacramentos é-nos dado o dom de Deus e a graça de estado que nos ajuda (com a ação do Espírito Santo) a cumprirmos o nosso dever e a dar público testemunho da nossa fé, se tal for necessário. Os sacramentos são veículos de água viva e aqueles que a beberem nunca mais terão sede, pois brota do próprio Jesus Princípio e Fim de toda a vida – que nos prometeu a imortalidade.
Nos encontros com Cristo, que os sacramentos nos proporcionam, salientamos a ação dinâmica do Batismo e da Eucaristia, aquele como introdutório indispensável à nossa vida divina, em que a matéria necessária para a sua efetivação é, como símbolo, a água. Na Eucaristia a matéria é o pão e o vinho (onde está, embora implicitamente, também a água) que deixam de ser símbolos para se tornarem, de facto e de modo real, no Corpo e no Sangue do Filho de Deus vivo e verdadeiro.
Um outro ponto que nos parece importante neste Evangelho é o ecumenismo de Jesus que, desprezando as barreiras sociais, vai ao encontro da Samaritana, com grande espanto até desta própria. Com tal atitude o Senhor mostra-nos claramente que o problema da salvação é universal, sem exclusão de ninguém. Ao pedir água a um mulher de Samaria, terra repudiada pelos judeus, Ele, depois, por lá fica, em Sicar, durante dois dias para anunciar a Boa Nova, alargando-a deste modo, também a não judeus. Os samaritanos eram considerados cismáticos e separatistas e não tinham a mínima aceitação e prestígio entre os judeus. Jesus deseja a unidade entre todos os homens, especialmente entre aqueles que adoram o mesmo Deus. Reprova, por isso, a separação, a não-comunicação, a intolerância e manda-nos ir ao encontro dos nossos inimigos, comunicar com eles e amá-los.

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