15 de agosto de 2015 – Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

Jesus, presente na Eucaristia, é o fruto do ventre sagrado da Virgem Santa Maria. Com Ele vamos hoje louvar a Sua Mãe, a mais bela das obras de Deus, que Ele preservou da corrupção da morte.

Alegremo-nos celebrando a Assunção de nossa Senhora.

Bendita és Tu

Maria é a mais bela das criaturas de Deus. O Senhor escolheu-A para Sua mãe. No Seu seio puríssimo viveu como num sacrário durante nove meses. O Seu Corpo, agora presente na Eucaristia, é o mesmo que dEla nasceu. É o mesmo que ressuscitou, vencendo a morte e subindo ao Céu.

O Senhor quis glorificar Aquela que não tinha sido manchada pelo pecado, causador da morte e da corrupção, levando-A em corpo e alma para o Céu. Hoje glorificamos a Mãe de Deus e glorificamos a vitória do Seu Filho sobre a morte e o pecado.

É para nós ocasião de aprofundarmos a nossa fé nestas verdades que a Igreja, guiada pelos ensinamentos de Deus, proclama desde os primeiros séculos.

É para nós também ocasião de avivarmos a nossa esperança. A ressurreição de Jesus e a assunção da Virgem ao Céu são como que as primícias da sorte maravilhosa que nos espera. Também nós estaremos com Ela no Céu e também o nosso corpo será restituído à vida e glorificado um dia. No funeral da irmã Lúcia cantou-se, no fim da missa, o cântico No Céu A irei ver. Nossa Senhora tinha-lhe prometido levá-la para o céu e a pena da pastorinha era ter de viver ainda muito tempo na terra. O seu coração ansiava poder contemplar para sempre aquela Senhora mais brilhante que o sol.

Enchamo-nos de alegria ao celebrar esta festa tão bonita e tão antiga de Nossa Senhora. A Igreja celebra-a pelo menos desde o século VI. A maior parte das catedrais da Idade Média foram dedicadas à Assunção de Maria. Sinal da fé e do amor do povo cristão.

Pio XII, antes de proclamar como dogma esta verdade, comprovou a fé de todo o povo cristão, consultando os bispos de todo o mundo. As cartas recebidas foram quase unânimes na manifestação da crença do povo de Deus nesta verdade que o papa proclamou em 1 de Novembro de 1950: «Pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Bem aventurados Apóstolos Pedro e Paulo e também pela nossa proclamamos, declaramos e definimos ter sido divinamente revelado o dogma de que Imaculada sempre Virgem Maria Mãe de Deus, terminado o curso da Sua vida na terra, foi elevada em corpo e alma à glória do Céu» (Const. Apost. Munificentissimus Deus, em AAS 43(1951)638 ).

No mesma documento Pio XII lembra os textos dos Santos Padres que testemunham a Tradição da Igreja, que afirmam esta verdade revelada, terminando: «Desde o século II a Virgem Maria é apresentada pelos Santos Padres como a nova Eva, estreitamente unida ao novo Adão, embora a Ele sujeita. Mãe e Filho aparecem intimamente unidos na luta contra o inimigo infernal, luta essa que, como foi preanunciado no Proto-evangelho, havia de terminar na vitória completa sobre o pecado e a morte» (Ibid )

  1. João Damasceno, no sec.VII, é testemunha exímia desta fé da Igreja – diz o Papa. Ele refere uma antiquíssima e piedosa tradição: «os santos Apóstolos que pregavam o Evangelho por várias partes, por ocasião da gloriosa dormição de Maria, juntaram-se milagrosamente em Jerusalém. Estando ali, apareceram-lhes os anjos e escutaram divina melodia dos coros celestes e, assim, no meio da glória celestial entregou Ela a Deus, de modo inefável, a Sua alma santa. O Seu corpo, que acolhera a Deus, foi, no meio dos cânticos dos Anjos e dos Apóstolos, piedosamente colocado num túmulo que está no Getsémani. Ali os anjos se manifestaram com cânticos durante três dias. Passados estes, veio Tomé, que estivera ausente e queria venerar o corpo daquela que acolhera Deus em Seu Seio. Abriram o túmulo e não encontraram o Seu corpo santíssimo, mas só os panos que o tinham envolvido e que exalavam um perfume maravilhoso. Fecharam o sepulcro e, cheios de admiração pelo mistério, só podiam concluir que aprouve Àquele que incarnara em Seu seio e dEla nascera como homem, o Verbo de Deus e Senhor da Glória, que depois do parto conservara a Sua virgindade, levar para o Céu incorrupto o Seu corpo imaculado, quando deixou este mundo, honrando-o antes da ressurreição universal» (S.JOÃO DAMASCENO, Hom. In dormit. B. V. Mariae, MG 96,748)

Fez em Mim maravilhas

O Evangelho apresenta-nos a cena tão bela da visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel. A mãe do precursor, cheia do Espírito Santo dirige a Maria os mais belos elogios. Guiada também pelo Espírito de Deus, a Santa Igreja continuou ao longo dos séculos a louvar a Mãe do Senhor.

Ao ouvir aqueles elogios Maria não nega que sejam verdade. Diz mesmo que todas as gerações A chamarão bem aventurada. Mas encaminha para Deus todos os louvores: «A Minha alma glorifica o Senhor e o Meu espírito se alegra em Deus Meu Salvador… O Todo poderoso fez em Mim maravilhas: santo é o Seu nome»

A Virgem é para nós modelo da verdadeira humildade. Esta não consiste em negar as coisas boas que recebemos, mas em encaminhar para Deus, que no-las deu, os louvores recebidos. Escolhida para Mãe de Deus, foi pôr-se ao serviço da prima durante três meses, como simples criada, para a ajudar.

Contemplemos uma vez e outra o exemplo da nossa Mãe. Está tão perto de Deus. É a criatura mais perfeita, revestida da dignidade maior concedida a uma criatura. Ao mesmo tempo é a mais humilde, mais perto de cada um de nós: pelo Seu trabalho, que foi igual ao de tantas mulheres, pela Sua simplicidade, pelo Seu amor a cada a homem, que o Senhor Lhe entregou como Seus filhos.

Muitas vezes Lhe poderemos dirigir o elogio de tantas gerações: Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa… Depois deste desterro nos mostrai Jesus, bendito fruto do Vosso ventre.

Como João Paulo II procuremos ser todos de Maria e seremos todos de Jesus. Ela sempre nos leva a Seu Filho. É o caminho mais fácil e mais seguro para ir até Ele. Charles Péguy, célebre convertido francês, escrevia em 1909: «Nossa Senhora salvou-me do desespero. Imagina. Durante dezoito meses não pude rezar o Pai-Nosso… Não podia dizer: Faça-se a Vossa vontade: não podia dizê-lo… Não podia rezar a Deus porque não podia aceitar a Sua vontade. É horrível… Então rezei a Maria. As orações dirigidas a Maria são as orações de reserva. Não há nenhuma em toda a Liturgia, nem uma – entendes? – que o mais miserável pecador não possa dizer verdadeiramente. No mecanismo da salvação a Ave Maria é o último socorrro.Com ele não se pode estar perdido». (em A.OROZCO, A Virgem Imaculada)

Um grande sinal

Satanás faz guerra aos amigos de Deus, faz guerra à Igreja. Não podemos iludir-nos a nós mesmos, imaginando que tudo é fantasia para assustar as crianças.

A visão do Apocalipse apresenta-o com grande poder e manifestações de arrogância. É um sinal, um aviso para todos nós. Quer perder-nos, levar-nos a ofender a Deus e a separar-nos dEle para sempre. Parece muitas vezes, ao longo da História, que vence os amigos de Deus. Parece que a Igreja vai ser derrotada por ele. Mas não. O Senhor deixou-nos um sinal de esperança. É Maria, a mulher dada como sinal aos nossos primeiros pais, que a serpente não poderia vencer.

Ela é a mulher vestida de sol, adornada da graça e da beleza de Deus e revestida do Seu poder. Por isso Satanás não levará a melhor contra Ela e contra aqueles que se acolhem sob a Sua protecção.

Em 1984 parecia que o comunismo ia conquistar o mundo. Dentro da própria Igreja alguns se tinham rendido às suas ideias. João Paulo II consagrou o mundo e a Rússia ao Coração Imaculado de Maria, como a Virgem tinha pedido aos pastorinhos, em Fátima, em 1917. Cinco anos depois caía o muro de Berlim e os países de Leste abriam-se à liberdade. O mundo ficou surpreendido como o comunismo tinha caído, inesperadamente, como um baralho de cartas. E muitos não cristãos começaram a interessar-se pela mensagem de Fátima.

«A Rússia espalhará os seus erros pelo mundo – tinha anunciado a Virgem – o Santo Padre consagrar-me-á a Rússia e o Meu Imaculado Coração triunfará». A profecia tinha-se cumprido e o comunismo ateu, que tantos milhões de mortos causara, ao serviço de Satanás, tinha sido derrotado pela Mulher vestida de sol.

Que Maria seja para nós, sempre, o sinal de Deus, que nos convida a lutar pelo bem e pela verdade, ao serviço de Jesus, sem ter medo da guerra que o demónio nos faz. Que A amemos de verdade, fazendo o que nos pede, rezando-Lhe muitas vezes.

Em 1830 a Virgem aparecia em Paris na capela das freiras de S. Vicente de Paulo, na Rua du Bac, a Santa Catarina Labouré. Pedia-lhe para espalhar pelo mundo uma medalha com a imagem de Nossa Senhora com as mãos abertas, derramando feixes de graças sobre o mundo e com umas palavras em volta: «Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós».

Ficou conhecida com o nome de medalha milagrosa. Um dos milagres mais famosos é o da conversão de Afonso de Ratisbona. Era judeu e tinha ido a Roma visitar um amigo, que era católico. Este ofereceu-lhe a pequena medalha, pedindo-lhe para a usar. Ao visitar a igreja de S. André, viu junto do altar uma grande luz e no meio dela a bela Senhora representada na medalha. Afonso intuiu imediatamente a divindade da fé cristã e ficou a entender muitas das verdades da fé.

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