TEMPERANÇA

A temperança, no seguimento das virtudes cardeais, a saber, prudência, justiça e fortaleza, é uma virtude natural, que tem função de moderação de um apetite.

Um texto de São Paulo, pode ajudar a compreender melhor o sentido da temperança: «Não sabeis que os que correm no estádio correm todos, mas só um ganha o prémio? Correi, pois, assim, para o alcançardes. Os atletas impõem a si mesmos toda a espécie de privações: eles, para ganhar uma coroa corruptível; nós porém, para ganhar uma coroa incorruptível» (1 Cor 9,24-25).

Como um carro precisa de travões, também a nossa vida tem limites e há necessidade de dizer não em tantas situações e a tantas coisas. Toda a pessoa necessita de dizer não. Quem o não fizer corre sérios riscos.

A palavra temperança provém da família semântica de tempo, temperança, temperamento. Em todas estas palavras indicam mistura. Na antiguidade o vinho era servido com uma dose justa de água. Ainda hoje, na Eucaristia permanece esse costume, ao qual se dá um sentido simbólico da união da divindade e a humanidade, mas a origem é de temperar o vinho com a água.

A temperança é, com efeito, a qualidade da moderação dos apetites e das paixões.

Quem aceita os próprios limites é uma pessoa de boa têmpera, ou seja, de boa consistência.

O Catecismo da Igreja Católica apresenta assim a temperança: « é a virtude moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos nos limites da honestidade. A pessoa temperante orienta para o bem os apetites sensíveis, guarda uma sã discrição e não se deixa arrastar pelas paixões do coração. A temperança é muitas vezes louvada no Antigo Testamento: “Não te deixes levar pelas tuas más inclinações e refreia os teus apetites” (Sir 18,30). No Novo Testamento, é chamada “moderação”, ou “sobriedade”. Devemos “viver com moderação, justiça e piedade no mundo presente” (Tt 2,12)» (n. 1809).

Como síntese e conclusão da reflexão acerca das 4 virtudes cardeais, tomamos as palavras do Catecismo da Igreja Católica: «Viver bem é amar a Deus de todo o coração, com toda a alma e com todo o proceder […], de tal modo que se lhe dedica um amor incorrupto e íntegro (pela temperança), que mal algum poderá abalar (fortaleza), que a ninguém mais serve (justiça), que cuida de discernir todas as coisas para não se deixar surpreender pela astúcia e pela mentira (prudência)» (nº1809).

Autor

  1. José Cordeiro

Bispo de Bragança – Miranda

Fonte: Semanário Ecclesia nº 1490

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