O bispo do Algarve pede que no Domingo de Páscoa, às 12h00, se toquem “festivamente” os sinos em todas as igrejas da Diocese, “em sinal do anúncio da vitória de Cristo sobre a morte e de esperança para todos, particularmente os que vivem em tempo de grande sofrimento, bem como de comunhão entre todas as comunidades e pessoas da Diocese do Algarve”.

O pedido foi feito na mensagem pascal que dirigiu às comunidades católicas e na comunicação aos padres e diáconos, D. Manuel Quintas explica tratar-se de uma iniciativa em comunhão também com outras dioceses que tomaram igualmente esta mesma decisão.

O bispo diocesano dá algumas indicações de como viver a Semana Santa, de modo a “alimentar e fortalecer os laços de fraternidade e de comunhão eclesial que nos unem”, ainda que, salienta, o prelado algarvio, estejamos “privados de celebrarmos, como gostaríamos, estes dias”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Neto Quintas reforça que é obrigatório o seguimento das “normas da Congregação do Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, aprovadas por mandato de Sumo Pontífice, bem como da Conferência Episcopal, oportunamente divulgadas”, para além de tudo “quanto foi determinado pelas autoridades civis e de saúde”. “Os efeitos provocados pelo Covid-19, o «estado de emergência» em que nos encontramos e a consequente responsabilidade social e cívica de todos, obrigam-nos a celebrar o mistério pascal, núcleo essencial da nossa fé, de «modo diferente», como diferente tem sido já a vivência deste tempo de Quaresma”, esclarece.

Pede aos párocos “que informem os seus paroquianos sobre o horário das celebrações, de modo a que possam unir-se em oração nas suas próprias casas ou, onde for possível, participar em direto através das redes sociais”, tal como, afirma, “felizmente, já vem acontecendo entre nós, nestas últimas semanas”.

Nesta sua mensagem, intitulada “Não tenhais medo! Ressuscitou!”, D. Manuel Neto Quintas constata que as “opções pessoais” de cada um para a atual Quaresma não incluíam quanto se está viver, nomeadamente “amarga experiência pessoal ou familiar da infeção deste vírus, inclusive com o internamento e a morte de entes queridos, sofrimento agravado pela impossibilidade duma digna «última despedida»”, “o «jejum heróico» do relacionamento humano e social, mesmo familiar, que esta situação exige, obrigando-nos a permanecer «em casa»”, o “«jejum da comunidade eclesial», da Palavra partilhada em Assembleia dominical, da Eucaristia festiva e participada, das celebrações penitenciais, das procissões quaresmais, das celebrações da Semana Santa, do Tríduo pascal”, “o confronto com a fragilidade humana e a provisoriedade dos nossos projetos pessoais e familiares”, “o questionamento sobre os critérios e valores que norteiam e fundamentam a nossa vida, inspiram as nossas opções, determinam as nossas prioridades, em relação ao que somos, ao modo como vivemos e ao que fazemos”.

Sobre “isto, e tudo o mais”, D. Manuel Quinta convida a “lançar o «olhar da fé» e, à luz do discernimento do Espírito, a encontrar os imperativos” que esta situação sugere e incita os cristãos algarvios a viver a Páscoa, deixando-se “contagiar pela alegria que inundou o coração de quantos experimentaram e testemunharam a presença de Cristo ressuscitado” e a não ter medo, tal como foi dito aos apóstolos que correram ao sepulcro de Jesus. “Não tenhais medo, é saudação e proclamação de fé, que a celebração da Páscoa, em tempo de profunda perturbação, nos convida a professar e a partilhar” diz.

Recordando a mensagem do Papa Francisco, proferida no dia 27 de março, antes da bênção urbi et orbi (à cidade de Roma e ao mundo), salienta que “a imagem do Papa, sozinho, se bem que acompanhado por uma multidão incontável dispersa por todo o mundo, deu-nos a dimensão do «deserto» que a luta contra este vírus nos obriga a atravessar. Deserto que mais do que o vazio provocado pela ausência dos outros e da «agitação quotidiana», é presença de silêncio e de amor fecundo” e que neste tempo de adversidade sai mais forte a “abençoada pertença comum da qual não podemos fugir: somos irmãos, precisamos uns dos outros e seguimos juntos na mesma barca. É importante estar unidos e a remar na mesma direção”.

Fonte:https://folhadodomingo.pt