SER CRISTÃO, SER SOLIDÁRIO

Jesus Cristo incita à solidariedade a todos quantos por Ele se sentem atraídos. Este princípio de vida é sugerido, para uma aplicação concreta a todo o ser humano, independentemente da sua raça, credo, cor ou estatuto social. Apenas uma condicionante é imposta: que ela seja expressa àqueles que, por força da vida, se posicionam próximos de cada um. Sobre isto a Bíblia nos esclarece com a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,30-37). Na verdade, parece-me acertado que individualmente a ajuda e solidariedade para com os outros seja um imperativo de consciência dos cristãos, para todos aqueles que se encontram à sua volta, não se tendo a pretensão de abarcar o mundo inteiro com isso, o que seria uma utopia. À quele que precisa e está ao meu lado, posso eu valer, mas a todos os necessitados do mundo, não seguramente. Todavia, ser solidário para com os outros povos e nações, através de organizações católicas a isso dedicadas, é com certeza meritório, e as migalhas a isso dirigidas, farão com certeza fundo de projetos de ajuda, imprescindíveis para outros povos extremamente carenciados. Mas, olhar para longe em solidariedade, e ser míope para os que estão próximos de nós, é no mínimo inconcebível para aqueles que querem ser solidários e… cristãos. E porque não deixar a palavra da moda e usar a que melhor se aplica à virtude teologal, a caridade, ou seja, o amor ao próximo, por amor de Deus? Este mandato de Deus, que representa a essência do vínculo voluntário de todo o ser humano a Jesus Cristo, tem o seu expoente máximo naqueles, que são os mais próximos dos próximos: os irmãos na fé. Se os cristãos entre si não forem solidários, não se ampararem e se ajudarem e se não amarem (se assim me é permitido dizer), quem acreditará no seu Deus que professam? Essa seria a melhor maneira de negarem a existência desse mesmo Deus. Na verdade, todos os grupos, organizações ou associações existem e não precisam de Deus para justificarem a sua existência. Mas aquela que existe justificada pelo seu Criador, é obrigada a ser coerente com as ideias desse mesmo Criador. Assim, se os cristãos não se amarem entre si, não podem ser discípulos de Cristo e, portanto, cristãos. Diz Jesus Cristo, que todos reconhecerão os seus discípulos pela observação do amor que têm uns pelos outros (Jo 13,35). O respeito pela observação dos dez mandamentos dos cristãos, para com todo o mundo e de uma forma mais incisiva, para com os seus irmãos na fé, é por isso tão importante. Esse exemplo, que os leigos cristãos deram ao mundo, será o magnetismo que atrairá os sem fé. Por diversos motivos, ser cristão nos nossos tempos, é tarefa difícil. Em certa medida penso que, nos primeiros tempos, essa opção de vida, deve ter representado uma tarefa mais fácil. Uma das razões, depreendo do facto de que, pertencer a um pequeno grupo de pessoas é bem diferente do que estar disseminado na população de um país inteiro. Cristãos são todos aqueles que são batizados, mas todos nós bem sabemos, que apesar de ser o nosso país maioritariamente católico, muitos dos seus valores não são aplicados, nem legislados. Assim me parece que, a união dos cristãos entre si, nas suas paróquias, com os seus párocos ou em movimentos, será uma forma de demonstrar ao mundo, que “consideram” o seu Deus, e representará a identidade verdadeira do “ser” cristão na nossa sociedade. Será também essa a forma de todos reconhecerem com admiração aquele Deus que suscita tais discípulos.

 

 

Fonte: Revista Rosário | Ano 78| número 826| julho de 2022

Autor: João Maria Neves Pinto

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