REZAR, CHAMAR, E TESTEMUNHAR

São Paulo exortou a Timóteo a reavivar o dom recebido pela imposição das mãos e não ter medo ao testemunhar a Jesus Cristo: «Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor». Hoje é preciso voltar a recordar a cada cristão, a fim de ser um discípulo missionário sem medo.

Todavia, o testemunho é precedido da oração e do sentir-se chamado e chamar. Alguém motivado e feliz pode descobrir que a gramática da vocação à fé no seguimento de Cristo exige a conjugação de três verbos vitais: rezar, chamar e testemunhar.

REZAR

Antes de mais nada. «Porquê rezar? A resposta é simples: para viver. Sim: para viver verdadeiramente, é necessário rezar. Porque viver é amar: uma vida sem amor não é vida. É solidão vazia, é prisão e tristeza. Só quem ama vive verdadeiramente: e ama só quem se sente amado, alcançado e transformado pelo amor». (CEI, Carta aos que procuram Deus, 45). A oração é a alegria do coração e a vida da vocação à fé. O fundamento teológico da oração é a presença de Cristo em nós, Ele deixou-nos um mandamento «orar sem cessar» ( Lc 18,1) e «vigiai e orai» (Mt 26,41; Mc 14,38); um documento (Pai Nosso); e um exemplo (a sua vida). É insuficiente na oração a palavra, para o diálogo é absolutamente necessário a escuta. Deus disse uma Palavra eterna – Jesus Cristo – a escuta no silêncio habitado pela Palavra eterna feita pessoa alegra o coração de quem reza.

CHAMAR

O verbo vocare, em latim, significa na língua portuguesa CHAMAR e por isso, vocação, quer dizer chamamento. Quem chama? Deus chama e ama. Na fé da Igreja sabemos que é Deus que chama pela mediação da Igreja. Quando alguém chama tem de haver quem responda. Deus é tudo e só amor que chama, ama, transforma, capacita, envia e acompanha até ao fim do fim. Por isso uma vocação é uma vida humana na qual se pode ler o absoluto do Evangelho do amor. Os que, na Igreja, são chamados a exercer um ministério hão-de deixar mover, não por interesse, mas por amor. Chamados para chamar. Que posso eu fazer para entusiasmar os jovens para o serviço sacerdotal e outras vocações na Igreja? Cada um dará uma resposta diferente. No entanto, é necessário falar da própria vocação e testemunhar a alegria da fé no seguimento de Cristo, Cabeça. Pastor, Servo e Esposo da Igreja.

TESTEMUNHAR

A vida em Cristo não se ensina, aprende-se e experimenta-se. À pergunta dos discípulos «onde moras?» Jesus responde «vinde e vede» (Jo 1, 38,39). Esta resposta do Mestre continua a ser um convite permanente para a comunicação plena e o seguimento definitivo de Cristo. Efetivamente, no quarto evangelho, a última palavra de Jesus é o imperativo: «segue-Me!» (Jo 21,19). Não tenhamos medo de ser discípulos missionários. Às vezes perdemos o entusiasmo, mas é sempre tempo de recomeçar. O Papa Francisco constatou-o na mensagem para o dia mundial das missões: «frequentemente, a obra da evangelização encontra dificuldades não só no exterior, mas também no interior da própria comunidade eclesial. Às vezes, são fracos o fervor, a alegria, a coragem, a esperança no anunciar a todos a mensagem de Cristo e em ajudar os homens do nosso tempo a encontra-Lo». Experimentemos na oração. No chamamento, no testemunho e no seguimento de Cristo «a doce e confortante alegria de evangelizar» (Papa Paulo VI).

 

Autor

D. José Cordeiro

Bispo de Bragança – Miranda

Fonte: Semanário Ecclesia

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