PRUDÊNCIA (virtudes cardeais)

As virtudes cardeais são quatro: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

Porque é que se chamam assim? Virtudes, porque são forças. Cardeais, porque desempenham um papel charneira, são como que as dobradiças que fazem girar uma porta. As virtudes cardeais são aqueles que constituem a base de todas as virtudes e que circulam e fazem gravitar bem a nossa vida. As virtudes cardeais são com efeito, dotações naturais que temos de exercitar.

A Bíblia convida à virtude, que permite à pessoa de dar o melhor de si mesma: «tudo o que é verdadeiro, nobre e justo, tudo o que é puro, amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor, isto deveis ter no pensamento»  (Fil 4,8).

Na continuidade bíblica e da Tradição, o Catecismo da Igreja Católica apresenta, de modo feliz, a virtude da prudência nestes termos: «A prudência é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir. “O homem prudente vigia os seus passos” (Pr 14,15). “Sede ponderados e comedidos, para poderdes orar” (1 Pe 4,7). A prudência é a «reta norma da ação», escreve São Tomás seguindo Aristóteles. Não se confunde, nem com a timidez ou o medo, nem com a duplicidade ou dissimulação. É chamada “auriga virtutum- condutor das virtudes”, porque guia as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida.

É a prudência que guia imediatamente o juízo da consciência. O homem prudente decide e ordena a sua conduta segundo este juízo.

Graças a esta virtude, aplicamos sem erro os princípios morais aos casos particulares e ultrapassamos as dúvidas sobre o bem a fazer e o mal a evitar» (nº 1806).

A prudência, a primeira e a guia das virtudes humanas, é aquela que orienta a inteligência na escolha do que é honesto e melhor serve o bem social. Na continuidade de São Tomás de Aquino, podemos até afirmar: sem a prudência, as outras virtudes nem sequer existem. Às vezes, a prudência é apresentada como cautela, diplomacia ou timidez. Todavia, a prudência é a arte de saber escolher o que mais vale na vida em ordem a um fim maior. A prudência é a capacidade de discernir o bem.

Prudente e providente formam uma só coisa, ou seja, é aquele que vê primeiro e fixa os olhos no êxito das boas ações. A prudência torna-nos realistas e a evitar os idealismos. O contrário da prudência é a negligência e a astúcia. Refletir, perseverar nas coisas boas, preferir a simplicidade que a complexidade são linhas indicadoras do bem viver a relação humana. A prudência também ensina que o melhor itinerário é mesmo o de viver dia por dia. Há que ter muita atenção com o cristalizar da vida. Igualmente há que cuidar e vigiar as distrações. O prudente constrói um caminho onde Deus vem ao seu encontro.

Hoje, as palavras de Jesus Cristo continuam a ecoar no caminho da vida: «sede pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (Mt10,16).

D. José Cordeiro

Bispo de Bragança- Miranda

Fonte: Semanário Ecclesia  nº 1476

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