Portas abertas

A Igreja Católica é chamada a estar na linha da frente quando se trata de defender os mais desprotegidos da sociedade, o que tem procurado cumprir, apesar das limitações humanas que muitas vezes a impedem de levar por diante esse propósito.

A situação das pessoas com deficiência é particularmente relevante. As comunidades católicas têm a responsabilidade de ser um exemplo para a sociedade, que tantas vezes ignora e maltrata a diferença. O trabalho que tem vindo a ser levado a cabo em Portugal, ainda que em fase embrionária, tem como pano de fundo uma dimensão fundamental, com que todos podemos aprender e que o Papa Francisco veio repetir em Fátima: as pessoas com deficiência não são apenas destinatários desta ação pastoral, são chamados a ser protagonistas, com as suas limitações e os seus talentos.

“Olhar de lado” é apenas um dos sintomas mais imediatamente identificáveis e de que muitos de nós temos de nos penitenciar. O caminho a percorrer é imenso, desde as acessibilidades à criação de materiais próprias de catequese e liturgia. Ir até aos confins da terra, em Missão, é mesmo levar a Palavra de Deus a todos, sem fechar as portas a quem está mais perto mas precisa de respostas específicas.

Há uma temática de fundo profundamente associada a este campo: a defesa da vida. O reconhecimento da dignidade de cada ser humano, concreto, e não da humanidade em abstrato (como se alguns fossem descartáveis sem que isso afete a sociedade no seu todo), exige a atenção constante de todos os que professam esta fé. Não há vidas mais ou menos dignas de serem vividas, todas têm algo a ensinar e todas têm de ser valorizadas. Não toleradas ou protegidas como uma “espécie em risco”, mas verdadeiramente integradas, com as condições necessárias para que possam exprimir o seu potencial. Não basta ter as portas abertas, é preciso que todos possam entrar e tenham espaço para ficar.

 

Octávio Carmo, Agência ECCLESIA

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