PARTILHAR A VIDA SOCIAL

É frequente dizer-se que os filhos não são dos pais, nem para os pais. Efetivamente cada pessoa deverá definir-se e ser por si, para partilhar a vida social, assumindo as respetivas tarefas; as sociedades terão a qualidade e dinâmica que as famílias lhe proporcionarem pelos filhos sados com critérios assimilados (cf. F.C42).

Na vida familiar equilibrada, os filhos aprendem a saber vivenciar os respetivos papéis diferenciados de filhos, irmãos, netos, sobrinhos e primos. Esta experiência múltipla prepara para o relacionamento social diferenciado, como escola insubstituível de sociabilidade, em que as relações serão estruturadas na base da verdade, da justiça, do trabalho solidário, utilizando o diálogo, a disponibilidade e a solidariedade complementar (F.C.43). A verdadeira partilha social inclui:

• A procura participativa do bem comum, definindo os objetivos e encontrando os métodos apropriados, em vista dos fins últimos e intermédios;
• A definição de critérios e valores da comunidade, a serem por todos assumidos, sujeitando-se ao jogo democrático de participar na dinâmica e definição dos poderes: legislativo, executivo e judicial, defensor da legalidade na base da justiça equitativa e atempada;
• A busca e afinação permanente dos processos educativos, para que as pessoas sejam cada vez mais responsáveis e solidárias, humanizando o relacionamento social com especial atenção aos marginais e pobres;
• A preparação e desenvolvimento da intervenção política, insistindo nos valores “desta nobre arte”, que deve estar sempre sujeita e orientada pelos valores éticos duma partilha social democrática, em que as complementares “famílias políticas” deverão primar pela verdade e transparência na busca da justiça social, todos orientados para o bem comum, exigindo de cada cidadão aquilo de que ele é razoavelmente capaz e proporcionando a todos o que é sensatamente necessário para uma vivência solidária e de boa qualidade (F.C.44).

 

Autor

Fr. Bernardo Domingues, op