OS MAIS POBRES SÃO A RIQUEZA DA IGREJA

Depois de Jesus Cristo, os cristãos dão testemunho d’Ele por palavras e obras. A sua fé e a força do Espírito Santo faz com que a primeira comunidade se fundamente na Palavra de Deus e na fracção do Pão, nas orações e na solidariedade. Basta lembrar duas passagens dos Actos dos Apóstolos que nos dão notícia da força da fé (Pedro e João sobem ao templo e curam o coxo aleijado (3,1-11), e também da comunidade que se torna modelo pela prática da caridade (4, 32-35). Este há-de ser o distintivo dos cristãos: um amor que serve. Tertuliano, no século II, numa das suas obras (Apologia, 39), conta que muitos se convertiam pela prática da caridade dos cristãos: “vede como eles se amam!”. Ao longo de dois mil anos de cristianismo não nos faltam exemplos eloquentes de homens e mulheres, mais ou menos conhecidos, que foram “outros Cristos” no seu tempo e nos seus mundos: São Lourenço, que quando os pagãos lhe pedem que reúna a riqueza da Igreja, enche de pobres uma igreja de Roma e, abrindo as portas diz aos que as vinham buscar: “os pobres, eis a riqueza da Igreja!; no século IV São Martinho que, cortando a sua capa em duas, oferece metade a um pobre sem-abrigo e, durante a noite, em sonhos, aparece-lhe “Cristo-mendigo” louvando a sua ação generosa para com Ele; na Idade Média, São Francisco e São Domingos, que fizeram uma opção radical pela pobreza e pelos pobres. Diz uma tradição de Florença que os dois assistiam os doentes no hospício perto de Santa Maria Novella, acudindo os que mais sofriam e os mais abandonados; como não pensar num São João de Deus, que entregou a sua vida ao cuidado dos doentes abandonados ou ainda de São Filipe de Neri que, no século XVI, abre uma casa de acolhimento para crianças órfãs que andavam pelas ruas e para elas pede esmola pelas casas; mais perto de nós os exemplos do Padre Cruz junto dos presos e dos dois mais pobres; do Padre Américo com a Obra da Rua (Casa do Gaiato); da Madre Teresa de Calcutá que, numa opção admirável vai pelas ruas de Calcutá à procura dos mais pobres dos pobres, para lhes dar dignidade, mesmo que fosse nos últimos momentos das suas vidas; da Irmã Maria Gonçalves Martins, fundadora da Comunidade Vida e Paz, que tem vindo a ser um grande suporte junto dos sem-abrigo… Estas vidas mais conhecidas e outras menos, que fizeram tanto ou mais, todas tiveram a mesma opção: levar Cristo, ser Cristo junto dos mais fracos, débeis, sós, abandonados, doentes… Gestos de acolhimento, serviço e presença. Tudo em nome de Cristo e do Amor que Ele nos mandou praticar: ”Amai-vos uns aos outros como eu vos amai” (Jo 13,34).

 

Fonte: Revista Rosário de Maria

Autor: Frei José Filipe da Costa Rodrigues, op

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