Mensagem à Diocese na Solenidade de Pentecostes e Dia da Igreja diocesana – 31.05.2020
Saúdo-vos a todos, meus caros irmãos e irmãs, com o coração cheio de alegria, por nos ser possível encontrar-nos novamente reunidos em Eucaristia, neste dia, vós com os vossos Párocos e eu, em comunhão com toda a Diocese, na celebração da missa estacional na nossa Catedral de Faro.
Estou certo de que o fazemos com alguma emoção pelas saudades que já sentíamos, devido ao longo tempo em que ficámos impedidos de nos encontrarmos, inclusive da celebração da Semana Santa, da Vigília Pascal e da Páscoa da Ressurreição, com tudo o que estas celebrações significam na vivência da nossa fé e no nosso testemunho de Cristo Ressuscitado.
Se é certo que, pela fé e pelo amor que nos unem em Cristo, sempre estivemos em comunhão uns com os outros, todos reconhecemos o contributo insubstituível da participação na Eucaristia para nos fortalecer nesta comunhão.
Deste modo, passados onze domingos, eis-nos de novo reunidos, para celebrarmos o Dia do Senhor, o dia da Palavra proclamada e acolhida em comunidade, o dia da Eucaristia, Pão de vida eterna, que, após este tempo de privação, vem fortalecer os laços fraternos que nos unem nesta grande família que constituímos, a Igreja católica no Algarve.
Encontramo-nos num dia muito especial para nós Igreja no Algarve: celebramos o Dia de Pentecostes e o Dia da nossa Igreja diocesana.
O Dia de Pentecostes transporta-nos para o cenáculo, onde os apóstolos e a Virgem Maria, reunidos em oração, recebem o “Espírito Santo”, o dom de Cristo ressuscitado: receberam o Espírito Santo e começaram a falar outras línguas conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. É graças à ação do Espírito que nasce a Igreja, uma Igreja missionária, aberta a todos os que acolhem a Boa nova de Cristo e se decidem a identificar-se com Ele; uma comunidade viva, nascida do dom do Espírito.
O Dia da nossa Igreja diocesana é sempre um dia especial para nós por tudo o que partilhamos, celebramos e convivemos, provenientes das nossas diferentes comunidades paroquiais, como expressão de tudo o que o Espírito Santo realiza, hoje, em nós e através de nós, neste espaço geográfico diocesano. Se bem que impedidos de realizarmos o encontro diocesano previsto, vamos celebrar com este espírito este dia, não deixando que o medo nos afaste da Eucaristia dominical, mas observando com responsabilidade quanto nos é pedido, para contermos a propagação deste vírus.
Referi diversas vezes, aos vossos párocos, ao longo deste tempo de privação da Eucaristia dominical, o meu desejo de que a primeira Eucaristia convosco, fosse marcada pela esperança e nela incluíssemos diversas intenções comuns.
Esperança que brota da fé em Cristo ressuscitado, fortalecida pela ação do Espírito Santo na Igreja e em cada batizado; intenções que, estou certo, nos uniram na oração ao longo de todos estes meses:
– a nossa Igreja diocesana e cada uma das suas comunidades paroquiais, tendo presente, de modo particular todas as famílias, convidadas, ao longo deste triénio pastoral, a anunciar, celebrar e testemunhar o Evangelho da família;
– os que faleceram ao longo destes meses (vítimas ou não da COVID-19) e para os quais não foi possível realizar um funeral condigno;
– os que se encontram nos cuidados intensivos ou apenas hospitalizados;
– os que se encontram a recuperar nas suas casas;
– os que, na linha de frente, continuam a combater, de muitos modos, esta Pandemia.
Que o Senhor infunda sobre toda a nossa Igreja diocesana o Espírito Santo com os seus dons e abra os nossos corações para os acolher, certos de que acolher o Espírito é fazer a experiência de que Deus nos ama, que Cristo está connosco e que o seu amor é fiel e permanente.
Que o Espírito nos ajude a crescer sempre mais como Igreja missionária, misericordiosa e samaritana, que se detém junto de todos os corações feridos, para cuidar, consolar, curar e salvar.
+ Manuel Neto Quintas
Bispo de Faro (Algarve)