O delegado da Diocese do Algarve ao 52º Congresso Eucarístico Internacional iniciou no Folha do Domingo a publicação de um conjunto de notas preparatórias àquela iniciativa que está agendada de 13 a 20 de setembro deste ano em Budapeste, na Hungria.
“Não deixa de ser curioso que no ano em que toda a Igreja se prepara para celebrar mais um ‘Congresso Eucarístico Internacional’, se vejam as comunidades privadas da celebração da Eucaristia”, observa o padre Pedro Manuel.
O sacerdote constata que essa fome da eucaristia se sucede há 2000, com particular incidência em certos momentos da história ou determinados contextos do mundo e “também hoje em tempos de Pandemia”.
“Continuamos com uma necessidade forte de celebrar a Páscoa do Ressuscitado cheios de empenho, mesmo se as limitações nos impõem a separação”, refere, acrescentando que “nesta caminhada quaresmal, que se prolongará simbolicamente para além da Páscoa”, “é importante perceber que o Senhor continua a tornar-Se presente, mesmo que por hora, isso aconteça no silêncio de tantos altares solitários que na sua simplicidade continuam a alimentar o mundo”.
“Ao longo destes dias, semanas e meses, alimentemos a nossa Fé com a redescoberta da importância da liturgia familiar e preparemo-nos para a vivência deste congresso com a verdade da nossa Fé e da nossa preparação interior”, pede o sacerdote no texto intitulado “Eucaristia – fonte Vida, mesmo em tempo de Pandemia”.
Lembrando que o domingo “marca o ritmo” da vida, da fé e das comunidades dos cristãos, o sacerdote lembra que “o domingo não deixa de celebrar-se e a Igreja, que vive da Eucaristia, continua a alimentar-se do pão da palavra, e se por momentos se vê privada da celebração comunitária, o alimento do espírito que fortalece a Fé continua a distribuir-se e a fazer com que muitos comunguem espiritualmente, uma vez que não o podem fazer Realmente”.
“O Senhor não nos abandonou! Não tirou férias, nem nos disse que poderíamos descansar. Continua, pelo contrário, a dizer-nos que “vigiemos e oremos com Ele” (Mt 26, 38)… o Senhor continua presente em “todos os sacrários” da terra, onde genuflectimos agora com a memória e sobretudo com o coração”, sustenta.
“Subordinado ao tema: ‘todas as minhas fontes estão em Ti’ (sl 87, 7), este congresso quer ser, na esteira dos anteriores, um mergulho no dom admirável do Sacramento da Eucaristia, instituído em quinta-feira santa, e um desafio a redescobrirmos também nós a beleza do mistério admirável do corpo do Senhor que nos «enche a alma de graça e nos dá o penhor da futura glória» (S. Tomás de Aquino, 11/08/1264)”, complementa ainda o delegado diocesano.
“Eucaristia – fonte Vida, mesmo em tempo de Pandemia”
(Notas preparatórias do 52º Congresso Eucarístico Internacional – Budapeste 2020)
“Não podemos passar sem o Domingo”
Cedo, os primeiros cristãos entregaram a vida e deram razões da sua Fé diante de quem os perseguia cada vez que se reuniam para celebrar o dia do Senhor. Assim testemunham muitas actas de martírios dos primeiros séculos. Repetidas vezes os nossos irmãos mais velhos na Fé Cristã afirmam que “não podem passar sem o Domingo”, pois o “dia do Senhor” é realmente o “Senhor dos dias”. Eles afirmavam, e nós confirmamos. O domingo marca o ritmo da nossa vida, da nossa Fé e das nossas comunidades.
“Em 304, no Norte de África, quando Emérito foi preso por receber estranhos em sua casa para a celebração da Eucaristia, justificou-se dizendo: “Quoniam sine dominico non possumus” (“Sem o dia do Senhor, não podemos viver”). Em muitos países, os fiéis ainda têm de caminhar durante horas pela selva ou sob um calor intenso para assistir à Eucaristia, ou fazê-lo correndo o risco de detenção e de prisão – por exemplo, em certas partes da China. Tudo por uma pequena hóstia branca! Não se pode começar a entender o porquê enquanto se não descobrir dentro de si mesmo esse vazio de fome.” (Timothy Radcliffe na página 209 de “Ir à Igreja porquê?”)
Há 2000 anos que esta necessidade, esse vazio de fome, se sucede, também hoje em tempos de Pandemia. Continuamos com uma necessidade forte de celebrar a Páscoa do Ressuscitado cheios de empenho, mesmo se as limitações nos impõem a separação.
O domingo não deixa de celebrar-se e a Igreja, que vive da Eucaristia, continua a alimentar-se do pão da palavra, e se por momentos se vê privada da celebração comunitária, o alimento do espírito que fortalece a Fé continua a distribuir-se e a fazer com que muitos comunguem espiritualmente, uma vez que não o podem fazer Realmente.
O Senhor não nos abandonou! Não tirou férias, nem nos disse que poderíamos descansar. Continua, pelo contrário, a dizer-nos que “vigiemos e oremos com Ele” (Mt 26, 38)… o Senhor continua presente em “todos os sacrários” da terra, onde genuflectimos agora com a memória e sobretudo com o coração.
Não deixa de ser curioso que no ano em que toda a igreja se prepara para celebrar mais um “Congresso Eucarístico Internacional”, se vejam as comunidades privadas da celebração da Eucaristia. Subordinado ao tema: “todas as minhas fontes estão em Ti” (sl 87, 7), este congresso quer ser, na esteira dos anteriores, um mergulho no dom admirável do Sacramento da Eucaristia, instituído em quinta-feira santa, e um desafio a redescobrirmos também nós a beleza do mistério admirável do corpo do Senhor que nos “enche a alma de graça e nos dá o penhor da futura glória” (S. Tomás de Aquino, 11/08/1264).
Nesta caminhada quaresmal, que se prolongará simbolicamente para além da Páscoa, é importante perceber que o Senhor continua a tornar-Se presente, mesmo que por hora, isso aconteça no silêncio de tantos altares solitários que na sua simplicidade continuam a alimentar o mundo. Ao longo destes dias, semanas e meses, alimentemos a nossa Fé com a redescoberta da importância da liturgia familiar e preparemo-nos para a vivência deste congresso com a verdade da nossa Fé e da nossa preparação interior.
Padre Pedro Manuel
Delegado Diocesano ao 52º Congresso Eucarístico Internacional- Budapeste/Setembro/2020
Fonte: https://folhadodomingo.pt