Diocese do Algarve vai apoiar vítimas do incêndio de Monchique

O peditório das missas do fim-de-semana de 18 e 19 de agosto na Diocese do Algarve vai reverter para “os mais carenciados” que foram vítimas do incêndio que na última semana assolou os concelhos de Monchique, Silves e Portimão.

A decisão foi tomada ontem ao final da tarde numa reunião que decorreu no quartel dos bombeiros de Monchique com o bispo do Algarve, o presidente da Cáritas algarvia, o novo pároco e o diácono da paróquia de Monchique, o presidente e a vice-presidente da Junta de Freguesia local.

Os párocos de todas as paróquias do Algarve já foram informados da decisão da diocese que será anunciada nas comunidades já este fim-de-semana.

A Cáritas Diocesana do Algarve será a entidade que irá receber e gerir o valor angariado do peditório, ao qual se juntará a verba disponibilizada pela Cáritas Portuguesa e por outras Cáritas Diocesanas – bem como outros donativos que poderão ser feitos através do IBAN PT50 0010 0000 2271 5720 1085 0 – e que servirá para fins que os programas do Estado e outros oficiais não contemplem, tendo como destinatários os mais necessitados.

Neste sentido, o presidente da Cáritas assegurou que o Programa ‘Porta de Entrada’, criado pelo Estado depois do incêndio de Pedrógão, “não prevê, por exemplo, o equipamento das casas” destruídas pelos fogos e adiantou ser nesse âmbito que poderá ter cabimento o apoio diocesano.

Carlos Oliveira disse ter comunicado já à Câmara Municipal a disponibilidade da Cáritas para “atuar imediatamente” sem “formalismos e burocracia”, colaborando uma vez mais com a autarquia. Lembrando a reconstrução pela Cáritas de 12 casas no concelho de Monchique e uma no de Portimão, destruídas no incêndio de 2003, aquele responsável explicou que o apoio da instituição da Igreja Católica irá agora apenas complementar o que os apoios oficiais, entretanto criados, não abrangerem em relação às situações de maior carência.

Para além das mobílias e electrodomésticos, Carlos Oliveira deu como exemplo equipamentos de rega, alfaias agrícolas e colmeias e acrescentou que, tal como em 2003, poderão ser adquiridos a empresas da zona “para dinamizar também o comércio local” ou a outras que possam oferecê-los ou aplicar uma redução de custos por via do compromisso social que tenham.

Os representantes da Junta de Freguesia, que consideraram ainda “muito cedo” para fazer o levantamento dos bens destruídos, adiantaram que esse trabalho será feito a partir de segunda-feira de manhã e garantiram que entre as maiores necessidades estão a aquisição de tubagens, bombas e depósitos para água que arderam.

José Gonçalo da Silva e Arminda Andrez, que admitiram também a possibilidade de terem voltado a arder habitações que já tinham ardido em 2003, explicaram que muitas das casas não incendiadas não têm contudo condições de segurança para voltarem a ser habitadas.

Na reunião de ontem, que o bispo do Algarve disse ter servido para mostrar a “proximidade e solidariedade” com as populações afetadas, D. Manuel Quintas, que começou tomar contacto com o trabalho que está a ser realizado na Escola EB 2/3 com a colaboração de muitos escuteiros, assegurou ter acompanhado “tanto quanto possível de perto” a situação vivida através de contactos diários com os responsáveis da paróquia. O prelado sublinhou “a força e o caráter da população” já demonstrados ao “renascer das cinzas mais do que uma vez”. “É fácil contabilizar quantos feridos houve. Difícil é contabilizar quantas feridas estão abertas em tanta gente e essas são mais difíceis de curar, algumas já abertas sobre cicatrizes de vezes anteriores”, observou.

Na quinta-feira à tarde, o bispo do Algarve deslocou-se ao Portimão Arena para contactar com a presidente da Câmara Municipal e visitar os desalojados pelo incêndio de Monchique e que para ali foram evacuados. “Estive a manifestar também o meu reconhecimento a todos os voluntários e instituições que colaboraram. De facto, foi impressionante o apoio que receberam de tantas entidades, nomeadamente dos hotéis no que diz respeito a roupas de cama, toalhas, produtos de higiene e, particularmente, refeições. Os hotéis disponibilizaram-se e colaboraram de uma maneira surpreendente em relação a essa necessidade”, contou D. Manuel Quintas, acrescentando que “felizmente” já só lá permaneciam “pouco mais de três dezenas” de pessoas. “Criou-se um bom ambiente atendendo a especificidades como famílias com filhos, criando também programas para as crianças para as libertar de qualquer trauma. Esteve lá o ator Fernando Mendes e foi um contributo muito bom para obviar o sofrimento causado pela situação que estavam a viver”, acrescentou.

 

 

Fonte:https://folhadodomingo.pt

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