Diocese do Algarve tem um novo vicariato

Foi no último sábado constituída como vicariato – fase que precede a ereção de uma paróquia – a comunidade do Siroco, até agora pertencente à paróquia de Quelfes, apesar de integrar a malha urbana da cidade de Olhão.

A Diocese do Algarve passou agora compor-se por 77 paróquias, quatro vicariatos e uma capelania, tendo o novo vicariato como orago a Sagrada Família.

O decreto de constituição do vicariato olhanense, assinado pelo bispo do Algarve no passado dia 31 de maio, explica que a decisão da diocese algarvia de o erigir teve em conta o “crescimento, a maturidade da fé e vida da comunidade cristã do Siroco”, “a qual congregou esforços e meios para se dotar das infraestruturas pastorais necessárias às diversas atividades, atendendo ao crescimento humano daquela zona e ao que se prevê no futuro” e o pedido da comunidade cristã para que fosse ereta em vicariato, pedido que foi acolhido pelo Conselho Pastoral da paróquia de Quelfes e também pelo Conselho Prebiteral da diocese algarvia.

A eucaristia, presidida no passado sábado pelo bispo do Algarve na igreja do vicariato paroquial, teve início com uma intervenção que fez memória da história daquela comunidade, seguindo-se o rito de tomada de posse do padre Armando Amâncio como pároco do novo vicariato, serviço que passou a acumular com a paróquia de Olhão de que é também prior desde novembro do ano passado.

Após a leitura da provisão da nomeação do pároco, a sua profissão de fé e juramento de fidelidade  ao colégio presbiteral, ao bispo, ao papa e a toda a Igreja, a entrega das chaves da capela e a leitura do auto de posse, o bispo do Algarve agradeceu ao padre Rui Barros Guerreiro, pároco cessante, a “doação, generosidade e espírito de serviço”. D. Manuel Quintas manifestou ainda o seu apoio ao novo prior, bem como o dos membros daquela comunidade que agora lhe foi confiada. “Que a Sagrada Família seja não apenas modelo de doação, de entrega e de amor, mas seja também aquela a quem recorreis para obter a sua bênção, a sua proteção e, sobretudo, cultivar o amor de Maria, o silêncio fecundo e o trabalho de São José e também a presença de Jesus”, acrescentou na homilia.

A eucaristia teve continuidade com a renovação das promessas sacerdotais do padre Armando Amâncio, que já tinha servido aquela comunidade aquando da sua estadia em Olhão e Quelfes nos seus primeiros três anos de sacerdócio, de 1997 a 2000, juntamente com o padre Luís Gonzaga. “Espero estar à altura deste serviço que me foi pedido e que aceitei para o bem de toda a Igreja e, sobretudo, da nossa Igreja diocesana”, afirmou o sacerdote no final da eucaristia.

A capela do Siroco, dedicada à Sagrada Família, foi oficialmente criada há 47 anos, no dia 12 de janeiro de 1969, fazendo parte da paróquia de Quelfes, cujas primeiras referências datam do século XV. “O Siroco era um complexo turístico muito grande, criado por altas patentes da Marinha. Consistia em blocos de apartamentos com nomes ligados ao mar – Caravela, Galeão e Nau – com espaços comuns, mais afetos ao bloco Galeão. A capela ocupava um espaço cedido neste bloco Galeão, situando-se nesta mesma rua e sendo hoje mais usada como capela mortuária. A capela servia o complexo turístico e os habitantes deste bairro, o bairro dos pescadores. Há entre nós pessoas que frequentam a capela desde essa altura, algumas das quais muitíssimo entrosadas na comunidade em vários serviços. Contudo, a maioria já não é dessa época”, explicou no sábado Filomena Calão, membro daquela comunidade.

O complexo turístico não teve tempo de se instalar em pleno, pois com o 25 de Abril, os blocos passaram a ser habitados. À medida que o tempo foi passando, muitos apartamentos foram comprados por várias pessoas, entre as quais muitas vindas das ex-colónias. “A situação de refugiado, mesmo que espacial por ser do mesmo país, fragiliza sempre muito. Nesse tempo de maior sofrimento a capela do Siroco era aquele baluarte de fé, esperança e apoio que muitos descobriram”, destacou Filomena Calão.

No início dos anos 80 do século passado, a capela sofreu uma grande remodelação interior que a dotou de acesso pela rua principal, novo altar, novo ambão e novo pavimento e vitrais, tendo sido também alvo de melhoria do painel de azulejos com a Sagrada Família. “Estas melhorias foram, numa percentagem muito grande – quer em materiais, quer em mão de obra –, oferecidas por paroquianos que ainda hoje frequentam a comunidade”, contou Filomena Calão.

Entretanto a comunidade foi crescendo e o espaço da capela começou a ser notoriamente pequeno, não apenas para a celebração da eucaristia, mas para todos os serviços próprios de uma comunidade. “Porém, e nomeadamente este bloco Galeão, talvez por ser o que herdou espaços comuns ao complexo turístico, principal finalidade para que havia sido construído, ainda hoje se encontra naquele que podíamos chamar um imbróglio administrativo-jurídico. Assim a maneira mais expedita de resolver o problema foi criar uma sociedade por quotas, a assim chamada Fração 100, em que a possibilidade de utilização de espaços ditos comuns foi consignada em quotas adquiridas pelos interessados”, adiantou Filomena Calão, acrescentando que, “em janeiro de 2007, com uma quota de 20%, a capela passou a poder utilizar um espaço bem maior”.

Passou então para o atual espaço, que estava inicialmente destinado a uma discoteca, ocupando também o salão adjacente e salas para a catequese. “Foi também incluída na mesma quota a primeira capela cujo espaço havia sido doado, segundo o testemunho dos que estavam aqui no início, mas, ao que parece, sem prova em papel”, prosseguiu Filomena Calão, lembrando os “muitos os párocos que passaram por Quelfes e, por isso, pelo Siroco” ao longo dos últimos 47 anos. “A solicitude para com as comunidades a que presidem é tal que pode ser chamada a manter-se ativa, mesmo quando deixam de presidir a essa comunidade. É o que está a acontecer de alguma forma com o padre Jorge [Carvalho], dado que continua a ser ele que nos representa na tal sociedade da Fração 100, tentando resolver os problemas que a este nível vão surgindo e assim ajuda nisto também o novo pároco”, explicou.

Fonte: www.folhadodomingo.pt

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