DIALOGAR COM O PAI

DEUS É PAI

A grande certeza que o Evangelho nos dá é o sentido da nossa filiação. A grande revelação do Novo Testamento é a Paternidade Divina. Jesus dá-nos Seu Pai para nosso Pai. Com a morte da Cruz e a Ressurreição do domingo de Páscoa merece-nos o bem de sermos seus irmãos, filhos de Seu Pai.

Jesus, nosso modelo em tudo, é o Filho por excelência. E sempre que reza, reza ao Pai. Todas as orações que nos ficaram de Jesus, são diálogos com o Pai. Este é o tudo do Seu ser, o centro do Seu Coração, o interlocutor amigo das Suas orações. Sempre o Pai com quem reza, a quem fala, com quem desabafa, a quem loua, a quem pede.

E quando nos ensina a rezar, começa exatamente por dizer: «Pai-Nosso». E ao longo do Evangelho procura inculcar-nos a confiança no Pai, no Seu Amor, na Sua Providencia. Chega mesmo a afirmar que já não pede por nós ao Pai, pois Este ama-nos e isso basta para cuidar de nós. E no último versículo da maravilhosa oração Sacerdotal «atreve-se» a pedir ao Pai que o amor infinito e eterno que Este tem a Seu Filho, esteja em nós: «para que o amor com que Me amaste esteja neles e Eu esteja neles também»  (Jo 17, 26).

SENTIR-SE FILHO

É urgente não ter ídolos acerca de Deus. É preciso sentir-se filho, atuar como filho, rezar como filho. Deus não é juiz, carrasco, polícia. Deus não é um ser longínquo, distante, abstrato. Não é alguém que governa e comanda tudo na sua auto-sufiência divina. Deus é Pai, é Pessoa, é Alguém que está próximo, que nos ama, nos quer bem, pensa em nós, cuida de nós.

É importante descobrir-se o rosto misericordioso de Deus Pai. Sentir-se filho, aceitar-se filho, pensar e repensar em oração o valor e o sentido profundo da nossa filiação e da paternidade divina. Relacionar-se com o Pai em diálogo pessoal, íntimo, evangélico. Pensar e refletir profundamente nas diversas dimensões da Sua Paternidade.

São Paulo não cessa de nos levar a crescer na fé nesta paternidade. Na carta aos Efésios, por exemplo, louva e bendiz Deus nosso Pai, porque «nos abençoou com toda a espécie de bênçãos, nos escolheu antes da constituição do mundo, nos predestinou para sermos Seus Filhos» (Ef 1,3-6). São João faz-nos eco desta mesma verdade quando afirma com veemente convicção: «Vede com que amor nos amou o Pai, ao querer que fossemos chamados filhos de Deus. E, de facto somo-lo!» (1Jo 3,1).

Crescer nesta certeza, alimentar pela reflexão e oração o sentido da nossa filiação é algo extremamente importante. Ser filho de Deus é a nossa grande dignidade. Somos todos pessoas importantes, da estirpe divina, filhos e filhas do Rei e Senhor de todas as coisas. Pensar e redescobrir sem cessar as dimensões dessa verdade e das suas consequências na vida quotidiana.

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