8 de dezembro de 2018 – Solenidade da Imaculada Conceição

Bendita seja a santa e Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, canta a Igreja hoje. Ela será por excelência o tabernáculo de Deus entre os homens (Apoc. 21, 3). E ao Espírito Santo é apropriada a preparação deste santuário vivo.

Ela te esmagará a cabeça
A serpente infernal conseguira, com a sua mordedura, envenenar o sangue dos nossos pais. Esse sangue envenenado ia contagiar toda a sua descendência. Houve uma excepção: não morrerás, porque a minha ordem é para o comum do povo, não para ti (Est. 15, 13). Estas palavras de Assuero dissiparam os fundados receios de Ester, figura de Maria. A lei de transmissão do pecado original ia ter, na nova Ester, a sua única excepção.
Deus vai criar a nova Eva, como estirpe de nova geração, que vingará a derrota da Eva pecadora e regenerará a sua descendência. Cria essa mulher, a obra-prima das suas mãos; retrata-se nela com infinita complacência. Já não vê apenas que ela é boa como disse da obra dos sete dias. Agora proclama: és toda bela – tota pulcra, – e em ti não há a mais leve mancha – mácula originalis non est in te.
Antes que o dragão conseguisse atingir-lhe o calcanhar já ela lhe havia conseguido esmagar a cabeça. Antes que o sangue redentor de Cristo fosse derramado, já Ele por sua virtude rectroactiva, havia redimido sua Mãe. E deste modo, o Pai preparou para o seu Filho uma digna morada. Deste modo, foi habilitada a conceber a própria divindade aquela que foi concebida sem a mancha do pecado original. Ela é a digna morada de Jesus, a porta pela qual o Filho de Deus se introduz na História.
Avé, ó cheia de graça
Puríssima devia ser Aquela que deu à luz o Salvador que tira o pecado do mundo (Prefácio). A Virgem Maria nasceu já Imaculada, Imaculada viveu e Imaculada morreu. A sua alma nunca foi contaminada sequer por algum pecado pessoal ao longo da vida. A Tradição exegética sempre entendeu que as palavras do Anjo: Avé, ó cheia de graça falam da Imaculada Conceição, a nova Eva pela qual recuperamos a vida que nos traz Jesus.
Maria é puríssima e é mãe. Mãe de inviolável pureza. Deu-lhe a graça, como fruto, o Filho, sem tirar à mãe a graça da flor. Na árvore, quando assuma o fruto, cai a flor. A flor é a virgindade; o fruto, a maternidade. Tal é a lei comum. Só Maria é a excepção a essa lei, pois conserva a flor da virgindade com o fruto da maternidade.
Maria está no início e no coração do acontecimento salvífico. O seu sim a Deus põe em marcha a grande obra da Redenção, operada por Cristo. O texto diz: a serva do Senhor. Também se pode dizer escrava, criada: uma pessoa que se entrega ao serviço de outrem sem reservas nem quaisquer condições. costumava repisar S. Escrivá.
Nossa Senhora ensina-nos que dizer sim a Deus é alinhar com os grandes projectos que Ele tem sobre a humanidade. (Caminho, n.º 755).
A Imaculada, esperança da humanidade
Exulto de alegria no Senhor, e a minha alma rejubila no meu Deus: pois com a veste de salvação me revestiu, e com o manto da justiça me envolveu, qual esposa adornada de suas jóias (Is. 61, 10).
A Igreja põe nos lábios da Virgem Santíssima, prestes a ser Mãe de Deus, estas palavras de júbilo. Júbilo porque n’Ela quis Deus realizar a promessa de um redentor, feita a Adão e Eva depois do pecado.
Não permitiu o Criador que cometido o pecado original, a humanidade ficasse sem esperança. Para anunciar a graça – o Salvador – Deus prometeu a chegada da mulher: de Maria. E para nos dar a certeza da vitória, da luta contra o pecado, fê-la Imaculada, isenta do pecado original.
Não podemos viver sem esperança. Ela é a vida. A esperança e a vida a renascer. Por isso se diz que o verde é a sua cor. A esperança é como uma injecção de ânimo para tornar possível algo que afincadamente se deseja.
Qual será a esperança das crianças? Que o seu futuro seja risonho e belo como elas o sonham.
Qual será a esperança de um doente com sida? Que alguém detenha o vírus assassino que habita no seu sangue e que lhe preste assistência na fase mais aguda. Qual será a esperança do peixe? Que não lhe envenenem o mar que é o seu habitat.
Deus Pai é quem mais possui a esperança. O seu sonho para todos é que vivamos com justiça e amor. Ele espera que, apesar dos erros, dos males, dos pecados, o homem ainda pode ser homem, ainda pode ser humano. Deus continua a ter esperança em nós, a apostar na vida. Deu-nos em Maria um exemplo, um caminho, uma ajuda de esperança. Ela é Mãe da nossa esperança. A Mãe de Jesus brilha como sinal de esperança e de consolação para o Povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor (L.G. 68).
Ela é Mestra de esperança e convida-nos a fazer esta passagem para o novo milénio sem temor, com jubilosa esperança.

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