5 de novembro de 2023 – 31º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Quem se exalta será humilhado…

Jesus no Evangelho chama a atenção dos escribas e fariseus que eram orgulhosos e se preocupavam somente com as honras humanas. Isso levava-os a contentar-se com parecerem boas pessoas e a serem fingidos e hipócritas.

Jesus termina dizendo: “quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”.

Todos corremos o perigo do orgulho, que é o primeiro dos vícios capitais. E temos de estar atentos às manifestações de soberba e exercitar-nos continuamente na humildade.

Santa Teresa de Ávila dizia que a humildade é a verdade. Leva-nos a reconhecer a nossa pequenez, a arrepender-nos dos nossos pecados, a agradecer ao Senhor as coisas boas que temos, porque vêm de Deus.

Abre-nos ao amor dos outros, a servi-los com generosidade. Aí encontramos o segredo da verdadeira grandeza. Aquele que for o maior entre vós será vosso servo.

Os santos dizem que a humildade é o alicerce da vida espiritual. Para sermos santos temos de escavar um bom alicerce, em que se apoie o edifício da nossa santidade. E esse alicerce é a humildade.

A fé exige humildade para aceitar as verdades reveladas por Deus. Acreditamos porque Deus o diz e não porque nós compreendemos. E vivemos a nossa fé cumprindo fielmente o que Deus manda. Só com humildade se é capaz de obedecer.

Muitos hoje não acreditam por causa do seu orgulho. E outros por causa dele não cumprem o que Deus manda.

O cúmulo da cegueira e do orgulho é o ateísmo e o agnosticismo, tão frequentes em nosso tempo. Muitos dos nossos contemporâneos acabam tentando ocupar o lugar de Deus. E encontram-se vazios e com uma vida sem sentido. Quem se exalta será humilhado.

Um só é o vosso pai, o Pai celeste

Jesus lembra-nos a verdadeira grandeza: sermos filhos de Deus. Um só é o vosso pai, o Pai celeste. Pelo baptismo Jesus tornou-nos de verdade filhos de Deus. «Vede que admirável amor o Pai nos consagrou – diz-nos S.João numa das suas cartas – em que nos chamemos filhos de Deus e somo-lo de verdade» (1 Jo 3, 1).

 Conta-se duma princesa de França, filha de Luís XIV, que um dia foi repreendida pela sua criada. A miúda não gostou e disse-lhe: – tu não sabes que sou filha do rei. E a criada respondeu: -e a menina não sabe que sou filha de Deus?

Mais tarde, já carmelita, agradecia a coragem da sua aia com a bela lição que lhe dera.

Temos de lembrar-nos muitas vezes que somos filhos de Deus e sentir um santo orgulho por isso. Em Caminho S.Josemaria conta: «’Padre’ – dizia-me aquele rapaz (que será feito dele?), bom estudante da Central’ , pensava no que me disse… que sou filho de Deus! E surpreendi-me, pela rua, de corpo ‘emproado’ e soberbo por dentro… filho de Deus!»

Aconselhei-o, com segura consciência, a fomentar a «soberba» (274).

Enxertados em Cristo pelo baptismo ficámos a ser com Ele um só corpo e nEle somos de verdade filhos de Deus. Filhos que Ele ama com amor maior que todos os pais da terra. E podemos chamar-Lhe: Abbá, papá como os pequenitos a seu pai (Cfr Rom 8, 15). Temos de aprender a viver como filhos pequenos diante de Deus.

Jesus ensinou: «se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças não entrareis no Reino de Deus» (Mt 18, 3). Temos de aprender das crianças a consciência da nossa pequenez e, ao mesmo tempo, a confiança e a simplicidade diante de Deus que nos ama.

«Diante de Deus, que é Eterno, tu és uma criança mais pequena do que, diante de ti, um miúdo de dois anos. E, além de criança, és filho de Deus. – Não o esqueças.» – diz o autor de Caminho (860).

Aquele que for o maior

 Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Jesus ensina-nos a verdadeira grandeza diante dos homens: servir os outros.

S.Paulo, na segunda leitura, mostrava-nos isso mesmo: «Como a mãe que acalenta os seus filhos que anda a criar, assim nós também, pela viva afeição que vos dedicamos, desejaríamos partilhar convosco não só o Evangelho de Deus mas ainda a própria vida… Foi a trabalhar noite e dia…que vos pregámos o Evangelho de Deus “.

O Apóstolo soube entregar-se generosamente ao serviço de Cristo e das almas sem regatear sacrifícios. Essa é a verdadeira grandeza diante de Deus.

Hoje muitos confundem ser grandes com ter muito dinheiro, muitos poderes, ou andar na televisão. A vaidade tola está metida na cabeça de muita gente. E tudo isso não passa de bolas de sabão, que rapidamente se desfazem.

Tantos não sabem fazer o bem sem dar nas vistas, procurando agradar a Deus, que dará um dia a recompensa.

Temos de procurar fazer as coisas para Deus sem procurar as glórias humanas como os fariseus. Sem ter medo que não nos compreendam e nos persigam e caluniem. Cumprindo o nosso dever com fidelidade no lugar onde estamos.

O papa João Paulo I contava a história de João o cozinheiro, que matou um cordeiro e atirou o bandulho aos cães, que, no pátio, comentavam contentes: – que bem cozinha o João!

No dia seguinte a comida era outra e atirou para o pátio as cascas das batatas e das cebolas. Os cães cheiraram e não gostaram e comentavam agora: – o nosso João perdeu o juízo.

E o cozinheiro pensava: – o que me interessa é que o patrão fique contente e não os cachorros.

Nossa Senhora é para nós exemplo de humildade e de serviço sacrificado a Deus e aos outros. Aprendamos com Ela.

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