5 de abril de 2020 – Domingo de Ramos na Paixão do Senhor

1. A obediência, caminho do nosso resgate

A profecia de Isaías, proclamada como 1ª leitura, coloca-nos perante um texto escrito seis séculos antes da vinda de Cristo, que anuncia com impressionante realismo a Paixão de Jesus.

Deus capacita o Seu Servo para cumprir a sua missão como consolador dos abatidos pelo sofrimento. O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos.

Atenção à vontade de Deus. Ele está permanentemente à escuta do que Deus lhe manda, disposto a executar fielmente a Sua vontade, mesmo que isto lhe acarrete dores e ultrajes. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar como escutam os discípulos.

Pode ensinar-nos e animar-nos a levar a Cruz da vida, porque vai á nossa frente com uma que é imensamente mais pesada.

Aceita a cruz com generosidade, sem lhe fazer descontos: eu não resisti nem recuei um passo.

Enfrenta-a com coragem: Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba.

O primeiro pecado — como todos os que se cometem no mundo — foi de desobediência à vontade de Deus.

Cristo Jesus redime-nos da escravidão do pecado por uma docilidade generosa à vontade do Pai.

O Senhor nunca nos desampara. No entanto, a Liturgia coloca em nossos lábios o salmo 21, oração de um pobre abandonado e triste, o mesmo que Jesus Cristo rezou na Cruz, na tarde de Sexta-Feira Santa.

Esta oração exprime, sem dúvida, sentimentos de aflição e dor, mas também a nossa confiança ilimitada no Senhor. É a voz dum filho que desabafa com o Pai, com a esperança de receber consolação.

É uma oração para rezarmos especialmente naqueles momentos em que a cruz se torna mais pesada, quer em si mesma, quer pela incompreensão dos que mais nos deviam ajudar: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?

 

2. O preço da nossa Redenção

S. Paulo, na carta aos Filipenses, transmite-nos um hino da Igreja dos primeiros tempos.

O Filho de Deus reduz-Se à condição de servo. Nele se canta o mistério da Encarnação, recordando algumas verdades fundamentais: a existência divina de Cristo; o ocultamento da Sua glória na fraqueza da condição humana; a Sua humilhação suprema — descendo quase abaixo da nossa dignidade — para nos servir, terminando na morte da Cruz. Mas o Pai acaba por glorificá-l’O com a Ressurreição gloriosa.

Por isso, todas as gerações aclamaram e hão-de aclamar Jesus Cristo torna-se o único Salvador do mundo, ontem, hoje e sempre.

As nossas perguntas sobre a Paixão de Jesus. S. Marcos, ao descrever-nos a Paixão de Jesus, procura responder a uma pergunta que, possivelmente, teremos feito ao Senhor, no silêncio da nossa alma: Por que motivo a nossa salvação teve de se realizar por este caminho de sofrimento?

A desobediência foi apagada pela obediência. Recebemos apenas uma resposta que exige de nós um generoso acto de fé: porque era esta a vontade do Pai. A Paixão apresenta-se como o cumprimento das Escrituras e, portanto, como um supremo acto de obediência.

 A pedagogia de Deus na Paixão de Jesus. No entanto, somos capazes de vislumbrar algumas razões para este drama da Paixão: era a única linguagem que seríamos capazes de entender, para gravar na inteligência e no coração algumas verdades: a loucura do Amor de Deus por nós; a tremenda fealdade do pecado; e o valor infinito de cada pessoa humana, por mais degrada que se encontre.

Os apelos de cada Eucaristia dominical. Em cada Celebração da Eucaristia, com a renovação da Paixão e Morte do Senhor, sentimos diversos apelos: ao nosso Amor a Deus, sem limites de qualquer espécie; à disposição interior para evitar o pecado, mesmo ao preço do sacrifício da vida; à generosidade no dar a mão a cada pessoa, ajudando-a a crescer até à dimensão de Jesus Cristo, a começar especialmente pelas pessoas mais necessitadas.

De tudo isto nos fala o silêncio de Maria, com a alma trespassada de dor, enquanto Jesus agoniza no Calvário.

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