29 de março de 2015 – Domingo de Ramos na Paixão do Senhor -Ano B

A vida é para servir

A narração aos sofrimentos de Cristo também serve para nos lembrar que a vida é para servir. Também aqui se aplicam as palavras do Messias: «Deixei-vos o exemplo…». Se lhe perguntássemos, para quê tanto sofrimento, Senhor? Responder-nos-ia: o que importa é que o homem seja feliz, pelo meu sofrimento.

Serviu na solidão e no abandono. Serviu no horto quando ficou só a rezar e os apóstolos dormiam. Serviu quando Pedro O negou. Serviu quando O insultavam, ensinando os homens a chamar pelo Pai: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?».

Jesus chorou, passou pela angústia e teve medo. Não quis ser um herói, como tantos que sorriam perante a morte que se avizinhava. Preferiu ser igual ao comum dos mortais.

O silêncio também é eloquente

Acusaram Jesus injustamente, desafiaram-n’O já elevado na cruz, desdenharam d’Ele os soldados: «Salvou os outros e não se salva a Si mesmo…se és Filho de Deus, desce da cruz…» E Jesus mais digno não respondendo. Quando há má vontade, Jesus não responde. Também aqui nos convida a imitá-l’O, a não usar de violência. A verdade nos libertará. Morre Jesus e a terra treme. E, ao ver o sucedido, o centurião exclamou que realmente Ele era o Filho de Deus. Foi uma bela profissão de fé saída da boca de um pagão.

Ao entrar em Jerusalém, gritaram: hossana ao Filho de David. Da Sua obediência ao Pai, lhe veio a soberania. Foi reconhecido por Senhor e Rei, porque se fez servo.

Inicia o seu triunfo em Belém, escapando ao extermínio decretado por Herodes e termina com a maior vitória que foi a ressurreição em Jerusalém.

Por isso Deus O exaltou

Foi recebido triunfalmente em Jerusalém e ressuscitou ao terceiro dia. Mas entre o domingo de Ramos e o domingo de Páscoa ergue-se a cruz como razão e fundamento da vitória. Para triunfar teve de passar pela dor. E connosco acontece o mesmo. A vida bela é assim: morrer e ressuscitar com Cristo. Do presépio ao Calvário, prova Cristo o amor ao Pai e aos homens aceitando a humilhação. O mistério de Cristo é um mistério de obediência. O que liberta o homem, não é o sofrimento mas a aceitação da vontade de Deus que muitas vezes implica sofrimento. Sobretudo nas horas difíceis Cristo ensinou-nos a rezar como Ele: «Eis que venho ó Pai para fazer a vossa vontade…».

Antes de expirar, Jesus, muito satisfeito com tudo que disse e fez, exclamou: «Tudo está consumado». Tinha dado muitas provas de amor, mas faltava esta: morrer pelos homens.

Completo em Mim…

Temos de completar em nós, na expressão de São Paulo, o que falta à paixão de Cristo. Um bocadinho da Sua cruz, ficou para nós. Resta aceitá-la, oferecendo com Ele ao Pai os sofrimentos da vida. Todas as dores têm um nome, por vezes encoberto: chamam-se cruz de Cristo. Depois da morte de Jesus, a dor tem um grande valor, se for vista com os olhos da fé e da esperança. Ao sofrimento ninguém pode fugir. Então que fazer? Para lhe dar valor redentor, devo oferecê-lo ao Pai, como Cristo na cruz. Aprendeu a viver quem aprendeu a sofrer. As dores alheias também são minhas, são por mim, entram no depósito da redenção.

Aceitar a vida como Deus a oferece, com alegrias e tristezas, no fiel cumprimento dos deveres, é a ciência mais importante. Para a redenção dos homens falta acabar a Paixão do Senhor com os meus sofrimentos unidos aos de Cristo.

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